Diversos | (Com informações do CG Notícias) | 23/06/2005 16h07

Capoeira atende 140 portadores de necessidades especiais

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Movimentos mais lentos com a essência de verdadeiros capoeiristas, a música afro-brasileira todos sabem na ponta da língua "Paranauê... Paranauê... Paraná!", o gingado ainda é dançado de forma tímida, mas a felicidade e satisfação estão estampadas no rosto de todos. Para cada um dos 140 portadores de necessidades especiais da Associação Educacional de Atendimento ao Deficiente Mental, a aula de capoeira é mais do que uma inclusão na sociedade, é a oportunidade de interagir com o grupo. Há, ainda, outras vantagens para os deficientes mentais: fortalecimento muscular, desenvolvimento motor, maior flexibilidade, exigindo dedicação e esforço de memória e raciocínio.

Há um mês, os alunos têm aulas de capoeira e já é possível notar as mudanças. Francisco Antônio de Almeida, 62 anos, tem dificuldade de andar. Após as aulas de capoeira, Francisco deixou de usar bengala e caminha sem ajuda pela Associação. Segundo a diretora pedagógica da Asceadem, Elizabeth Azevedo Marques, a melhora é fruto da união das aulas de educação física em parceria com a capoeira. Os movimentos foram adaptados e proporcionam aos alunos alegria e prazer com a musicalidade no desenvolvimento da atividade esportiva. A idade mínima para iniciar é de 14 anos, não havendo limite para máxima.

O professor Josimar de Araújo, "Vermelho", se emociona ao falar dos alunos e conta que há muito tempo têm lutado para mostrar que o trabalho funciona. "Sem parceria não dá, precisamos de apoio e fonte de renda especifica para oportunizar a todos os deficientes", afirmou Vermelho. Os planos do professor de capoeira não param por aí. Durante a aula inaugural, na manhã dessa quarta-feira (22.06), o professor disse que tem projetos de incluir a capoeira em todas as instituições que necessitam e realizar, anualmente, um evento de capoeira com os portadores de necessidades especiais. Outro sonho, também, é levar os alunos para jogar capoeira nas praças e na rua.

Segundo Vermelho, as aulas de capoeira devem se tornar usual às famílias que têm filhos com necessidades, assim como a prática de fisioterapia e fonoaudiologia. Antes da aula, o professor prepara os alunos com aquecimento das cordas vocais. O canto proporciona raciocínio, memorização e dicção. Aquecimento corporal também é realizado e todos têm vez na roda de capoeira. Na demonstração, os alunos mostraram o "matulelê" junto com o professor, que explicou que a dança gera ritmo, movimento e alegria. Mas as aulas de capoeira não contribuem apenas para o desenvolvimento físico.

Rogério André Gomes Barbosa, 39 anos, deu literalmente uma aula de história. "A capoeira é arte e cultura. Veio com os africanos para o Brasil, com meu avô que veio da Bahia. O mestre Vermelho está de parabéns", ressaltouo aluno com necessidade especial (deficiência mental). Após a capoeira, o professor abre a roda e deixa os alunos soltarem a criatividade na dança. Os alunos demonstram que tem o gingado.

O projeto
As aulas de capoeira são promovidas pela Fundação Municipal de Cultura. "A Fundação olhou com bons olhos a Asceadem", afirmou o presidente da Associação, Expedito Henrique de Melo. Já para o presidente da Fundac, Américo Calheiros, as aulas levam a cultura e a arte da manifestação afro-brasileira a todos os cidadãos de campo Grande. "A capoeira oferece mais noção de disciplina do que em sala de aula", argumentou Américo, ressaltando os resultados positivos que o projeto tem alcançado.

A aula de capoeira faz parte do projeto "Arte sim, violência não", que engloba 32 oficinas de arte a várias comunidades e entidades da Capital. Ao oferecer uma oportunidade de desenvolvimento artístico, o projeto impede que crianças e jovens envolvem-se em atos violentos fazendo com que toda a comunidade atingida seja beneficiada, a partir da melhoria na qualidade de vida.

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