O campo-grandense Leandro Alves Dias, de 20 anos, encontrou no vôlei um caminho de oportunidades, mesmo sem ter sonhado com isso desde o início. “Nunca fui apaixonado por vôlei, até que em 2016, quando anunciaram que teríamos treinamento de vôlei em nossa escola municipal. Desde quando entrei, não saí mais”, afirma. O primeiro contato com o esporte, ainda no ensino fundamental, foi o ponto de partida de uma jornada que já o levou a disputar torneios em diferentes estados do país, incluindo o Campeonato Brasileiro Interclubes (CBI) e os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).
Nascido em Campo Grande, Leandro começou a jogar vôlei em campeonatos escolares e competições locais como os Jogos Escolares, Copa Pantanal e torneios estaduais. A virada na sua trajetória veio em 2021, logo após a pandemia da Covid-19. Ele foi indicado para jogar por um clube de Santa Catarina, em Santo Amaro da Imperatriz. “Na época tinha apenas 17 anos”, lembra. A partir daí, começou sua vivência no voleibol profissional.
Depois de uma passagem pelo time ABC, de Balneário Camboriú, em 2022, Leandro decidiu retornar para Mato Grosso do Sul. Em 2023, ingressou no curso de Educação Física e passou a integrar a equipe universitária da Unigran Capital. Atualmente, ele disputa campeonatos adultos representando a instituição de ensino.
Em 2024, o atleta esteve presente em todos os campeonatos disputados pela faculdade, onde quase sempre conquistou o segundo lugar. “Entre os principais, destaco a Liga Sevilha e a Seletiva do JUBs”, afirma. Neste mesmo período, Leandro também viajou com a equipe AVQ (Amigos do Vôlei de Quadra), de Campo Grande, para um torneio em Curitiba (PR). Na competição, com mais de 24 equipes participantes de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina, o time sul-mato-grossense terminou em oitavo lugar. “Éramos a única equipe do MS na competição.”
Já em 2025, Leandro teve duas estreias importantes: seu primeiro Campeonato Brasileiro Interclubes (CBI), onde atuou como ponteiro, e os JUBs Atléticas, competição universitária em que garantiu a medalha de prata. “Foi uma sensação incrível representar minha capital e a cidade onde eu nasci e cresci”, diz, sobre a experiência de defender Campo Grande.
No seu dia a dia, Leandro divide o tempo entre os estudos e os treinos. Estudante do período noturno, ele mantém uma rotina de treinos duas vezes por semana, atuando como ponteiro e, eventualmente, como líbero. “Quando há necessidade, troco de posição”, explica. Mesmo com a rotina ajustada, ele aponta que uma das maiores dificuldades enfrentadas por atletas como ele é a falta de estrutura e oportunidade. “Temos excelentes treinadores no Estado, porém, só tem eles. Podemos aumentar esse número, muitos merecem oportunidade. Imaginem como seria o nível das competições havendo mais técnicos. Consequentemente, mais atletas terão oportunidade de mostrar seu trabalho.”
A limitação de investimentos no esporte de base também é apontada por ele como um fator que impacta diretamente o rendimento das equipes locais. “Quando vamos jogar algum campeonato grande, mesmo com tão pouco, conseguimos entregar um trabalho aceitável. Imagino que, se tivéssemos mais treinos e investimento, teríamos resultados melhores.”
Ainda assim, Leandro mantém os pés no chão e traça metas realistas. “Com toda certeza, continuar jogando os Jogos Universitários e ir me preparando para, talvez, até participar de uma Superliga C aqui no estado.” O envolvimento com o esporte vai além das quadras e se reflete também na escolha do curso superior. A licenciatura em Educação Física pode, no futuro, abrir caminhos para que ele também atue como técnico ou preparador.
Durante a trajetória, o jovem atleta colecionou inspirações. “Me inspiro em muitos, mas os principais seriam Douglas Souza, Camila Brait e Vitor Yudi. São atletas de alto nível, que já jogaram campeonatos nacionais e mundiais.” Em nível estadual, ele cita nomes como Sávio Lima, Sérgio e Paullo Camargo, além de Kelson Bandinelli. “Me sinto lisonjeado de já ter treinado junto com eles. São grandes referências aqui do estado.”
Sobre os momentos mais marcantes da carreira até agora, Leandro destaca dois episódios. “O primeiro foi quando fui indicado para jogar em Santa Catarina, onde conheci muitas pessoas que me ajudaram muito na transição de atleta escolar para profissional. Já o segundo foi quando joguei o meu primeiro JUBs Atléticas e já consegui uma medalha de segundo lugar.”
Para os jovens que desejam seguir no esporte, ele deixa uma mensagem direta: “Não tenham medo. As oportunidades vêm e vão, basta somente a nós mesmos aproveitá-las.” E completa: “Não se comparem com os outros, apenas se inspirem, pois cada um tem seu caminho no vôlei. Acredite no seu.”