A rotina de treinos, jogos e viagens fez com que os irmãos Thalles Shinji Sakamoto Costa, conhecido como Sakamoto, e Thiago Yuji Sakamoto Costa, o Thite, compartilhassem mais do que a paixão pelo futsal. Naturais de Campo Grande, eles são goleiros e têm acumulado experiências que vão desde títulos estaduais até competições nacionais e internacionais, como a Taça Brasil de Futsal e a Iber Cup.
O caminho, porém, começou de forma simples, ainda na infância. “Tudo começou quando meu pai me matriculou na Escolinha Pelezinho, aos 6 anos, e na academia de goleiros G77. Desde pequeno eu já demonstrava vontade de ser goleiro, então foi um caminho natural”, lembra Sakamoto, que hoje tem 14 anos. A partir dali, ele passou a levar os treinos mais a sério e, aos 11, já defendia a equipe principal da escolinha.
O gosto pela posição surgiu em casa, em meio a brincadeiras. “Meu pai tinha um videogame que captava os movimentos, e meu jogo preferido era justamente o de ser goleiro, tentando evitar que a bola entrasse. Logo comecei a pedir para o meu pai chutar bolas no quintal, e eu imitava as defesas do jogo. Essa brincadeira, que começou de forma simples entre pai e filho, acabou se transformando na minha paixão pela posição de goleiro”, contou.
As referências também ajudaram a moldar sua postura dentro e fora da quadra. “Sempre me inspirei em grandes atletas como o goleiro Neuer e o jogador Cristiano Ronaldo. Apesar de atuarem em posições diferentes, a dedicação, disciplina e esforço que demonstram em campo são exemplos que busco aplicar em minha própria jornada”, explica Sakamoto.
Entre os momentos mais marcantes, ele cita uma competição em Curitiba, em 2022, contra a base do Coritiba. “Fiz uma boa campanha, mas acabamos perdendo nos pênaltis e isso me abalou muito. A frustração de ter jogado bem e não conquistar o título foi difícil de aceitar. A partir daí, meu pai buscou apoio profissional e conheci o Método Atleta Campeão, com a Mayra Ramos. Esse trabalho me ajudou a entender melhor minhas emoções, controlar a ansiedade e transformar a pressão em motivação”, afirmou.
Com isso, passou a encarar cada campeonato de outra forma. “Desde então, passei a enxergar cada competição não pela sua importância no calendário, mas como uma chance de aplicar o que treino diariamente e aproveitar cada minuto dentro de quadra. Isso mudou completamente minha forma de jogar e trouxe reflexos positivos para todas as áreas da minha vida”, acrescenta.
Aos 13 anos, durante a Taça Brasil Sub-13 em Manaus, viveu outra experiência marcante. Após enfrentar o Fortaleza, recebeu convite para integrar a equipe cearense. Pouco depois, também passou por testes no Atlético Goianiense, onde treinou durante uma semana. “Foi uma vivência incrível. Fui aprovado, mas a decisão de deixar minha cidade e minha família não é simples. Seria maravilhoso se o nosso Estado tivesse mais estrutura e oportunidades para quem deseja seguir carreira profissional”, relata.
Apesar das possibilidades, o goleiro prefere manter o foco no presente. “Hoje optei por focar no futsal, que considero mais dinâmico e divertido. Encaro cada jogo como uma chance de aprender, evoluir e fazer o que mais amo, sem me preocupar tanto com o futuro. Os convites e oportunidades surgiram naturalmente, fruto do meu esforço e dedicação no dia a dia, e acredito que, se for para acontecer, será no tempo certo”, completa.
Além do futsal, Sakamoto já se prepara para novas experiências. Ele pretende iniciar no tiro esportivo, começando pela empresa Zarabatana no ZatClube, em Campo Grande, ao lado do pai e do instrutor Flávio Manvailer.
A trajetória de Thite
O caçula, Thiago Yuji, o Thite, de 11 anos, seguiu o mesmo caminho do irmão. “Eu e meu irmão sempre brincamos juntos. Como eu o via treinando no gol, comecei a brincar com ele no quintal, tentando defender também. Quando tinha 4 anos, entrei na Escolinha Pelezinho e, com 5, já viajei com a equipe sub-6 para Florianópolis. A gente foi campeão da Copa do Brasil e eu ainda ganhei o troféu de melhor goleiro”, recorda.
Assim como Sakamoto, ele também se acostumou cedo a lidar com compromissos. “Nem sempre os treinos são divertidos ou fáceis, e nem sempre estou animado, mas meu pai nunca me deixa faltar por isso. No começo do ano, ele sempre me pergunta sobre meu comprometimento e me lembra que preciso honrar minha palavra com o time”, explica. Apesar das exigências, também sobra espaço para a diversão. “A parte que eu mais gosto é o rachão, quando todo mundo entra para jogar no final do treino, e os pênaltis. É aí que me divirto de verdade, brincando com os colegas e tentando tirar a concentração deles.”
Questionado sobre rivalidade com o irmão, Thite é direto: “Dentro de quadra, nunca. Mas em casa, sempre tem uma rivalidade natural. Como jogamos em categorias diferentes, não dá para competir de verdade, então o que fazemos é torcer um pelo outro. A rivalidade mesmo aparece nos treinos: sempre treinamos juntos no G77 com o professor Harada e no campo com o professor Telo. Nesses momentos, a disputa é saudável, cada um tentando melhorar, mas sempre com o objetivo de aprender e evoluir junto.”
Sobre o futuro, prefere não fazer planos. “Meus pais sempre me falaram que os estudos vêm em primeiro lugar. Estou experimentando outros esportes também, como o tênis de mesa, e estou me divertindo muito. Tenho só 11 anos, então meu foco principal é me divertir e aproveitar cada momento jogando”, afirma.