Da Redação
A relação de Gabriel Ferreira de Araujo com o velocross começou cedo e dentro de casa. Nascido em 3 de julho de 2008, em Eldorado (MS), ele cresceu acompanhando o pai, que também foi piloto, e encontrou no esporte um caminho que se transformaria em parte central da sua vida. “O velocross entrou na minha vida através do meu pai, que também era piloto. Eu via ele andando de moto e sempre o via feliz, e isso despertou em mim a vontade de andar também”, relembra.
O primeiro contato direto com a modalidade aconteceu ainda na infância. Aos cinco anos, Gabriel ganhou a primeira mini moto, presente que marcou o início da trajetória nas pistas. “Comecei quando eu tinha cinco anos de idade, quando ganhei minha primeira mini moto do meu pai. Desde as primeiras voltas, já me apaixonei por esse esporte”, conta. A partir dali, a moto deixou de ser apenas uma brincadeira e passou a ocupar um espaço fixo na rotina.
Com o passar dos anos, a prática se transformou em compromisso. Gabriel afirma que, apesar dos riscos e das dificuldades, a motivação para seguir no esporte está ligada à forma como ele se sente ao pilotar. “Hoje, o que mais me motiva a seguir nesse esporte é ter a certeza de que a felicidade é garantida. Por mais que seja um esporte perigoso e tenha muitas dificuldades para praticar, é como um refúgio dos problemas do dia a dia”, explica. Segundo ele, a sensação de estar sobre a moto é o que sustenta a continuidade no velocross. “Sempre que estou em cima da moto, me sinto bem e quero cada vez mais ter essa sensação de alegria e liberdade.”
Além da experiência individual, o ambiente das competições também exerce papel importante. “Uma das coisas que mais me motiva é saber que, ao final de um campeonato ou de uma prova, meus amigos e apoiadores estarão vibrando pela minha vitória e torcendo por mim”, afirma.
O caminho até aqui, no entanto, não foi simples. Gabriel aponta que as principais dificuldades enfrentadas desde o início estão relacionadas aos custos e à falta de tempo para treinar com maior frequência. “Com certeza, a parte financeira é a maior dificuldade, assim como a falta de tempo para treinar mais vezes com a moto, pelo fato de ter que trabalhar”, relata. Ele destaca que o velocross exige investimentos constantes. “É um esporte caro, tanto na parte de equipamentos para o piloto quanto nas motos e na manutenção, que infelizmente não são baratas.”
Segundo o piloto, esse cenário afeta muitos atletas. “São coisas que desanimam bastante, não só a mim, mas vários outros pilotos, muitas vezes pela falta de reconhecimento, confiança e incentivo de empresas, comércios e principalmente dos órgãos públicos”, pontua.
Mesmo diante desses obstáculos, Gabriel mantém uma rotina de preparação adaptada à sua realidade. Atualmente, ele treina com a moto uma vez por semana e complementa a preparação com outras atividades físicas. “Durante a semana, faço ciclismo, que é outro esporte que me auxilia muito no velocross, pois melhora minha resistência, e também faço alguns exercícios funcionais que ajudam bastante na minha saúde”, explica.
Entre os resultados obtidos, um deles se destaca como marco na carreira. “A conquista mais marcante foi em 2023, quando fui vice-campeão da categoria Júnior, com a final em Itaquiraí, no Mato Grosso do Sul”, recorda. Para ele, o sentimento foi de satisfação por conseguir completar toda a temporada. “Fiquei muito feliz por ter conseguido participar de todas as etapas do campeonato naquele ano.”
Outra prova ficou marcada não pelo resultado em si, mas pela forma como ele foi conquistado. A corrida aconteceu em Toledo, no Paraná. “Foi uma corrida em que fiquei preso no gate de largada enquanto todos os meus adversários já estavam na pista”, relata. Mesmo em desvantagem, a desistência não foi uma opção. “Saí da última posição, fui recuperando volta a volta e finalizei na terceira colocação, bem próximo dos ponteiros.” Segundo Gabriel, essa experiência teve grande impacto em sua trajetória no esporte.
Representar Mato Grosso do Sul nas competições também tem um significado especial. “Tem uma importância muito grande para mim, pois estou representando a minha origem, o lugar de onde eu vim, cresci e aprendi o que sei”, afirma.
No esporte, ele se inspira em nomes consolidados. “Minhas principais referências no velocross são Carlos Eduardo 317, tricampeão brasileiro de motocross e velocross, com mais de dez títulos paraguaios e estaduais, e Heverton Silveira 117, que tem dois títulos no Brasileiro de Motocross”, cita.
O suporte fora das pistas é apontado como essencial para a continuidade da carreira. Gabriel destaca o papel do pai desde o início. “Tenho muita gratidão ao meu pai, que sempre me deu todo o suporte que pôde e fez o possível e o impossível para me ver feliz praticando esse esporte”, afirma. Ele também reconhece o apoio da equipe Bob’s e Brothers Racing Team, que fornece a moto utilizada atualmente na categoria VX2 Júnior, e da oficina Rally Motos. “Meus parceiros mecânicos, David e Flávio, sempre me ajudaram nas competições e nunca mediram esforços para resolver imprevistos e me manter dentro das provas”, diz. O apoio da família e dos amigos também é lembrado como parte fundamental do processo.
Olhando para o futuro, Gabriel estabelece metas claras. “Meu principal objetivo para o próximo ano é ser campeão da categoria que vou disputar, para que isso me motive ainda mais e abra oportunidades de subir para campeonatos de níveis superiores, como o Paranaense de Motocross e até mesmo o Brasileiro”, projeta. O sonho, segundo ele, é antigo. “Quero realizar o sonho de criança de me tornar um atleta profissional.”
Para quem está começando, a mensagem é direta. “Nunca desistam do sonho. De onde eu comecei até onde cheguei hoje era algo que eu sempre sonhei, mas nunca me imaginei chegando”, afirma. Gabriel finaliza destacando valores que carrega consigo. “Coloquem Deus à frente de tudo, tenham humildade, foco e determinação, e sejam persistentes, porque a persistência supera o talento.”