Da Redação
Aos 7 anos, Sophia Sguissardi Macedo descobriu o futsal na quadra do prédio onde morava em São Paulo. O pai a levava para brincar, e foi ali que nasceu o interesse pelo esporte. Em 2012, ao mudar com a família para Bonito, em Mato Grosso do Sul, encontrou o ambiente que transformaria essa curiosidade em rotina. No novo colégio, o Honorato Jacques-Funlec, ouviu colegas falarem sobre treinos de vôlei, mas decidiu seguir outro caminho. “Eu e mais duas meninas tínhamos interesse em realmente jogar futsal e ali tudo começou”, conta.
A busca por um espaço para treinar levou ao contato com o professor Marcos Viana, figura central em sua formação. Ele conduziu os primeiros treinos e, segundo Sophia, ajudou a moldar sua visão sobre o esporte. “Com certeza é meu mestre no futsal e uma das minhas inspirações como atleta e profissional”, afirma. Ela lembra da exigência do treinador, que a colocou como titular tanto no time feminino quanto no masculino nos Jogos Escolares. “Ele exigia muito de mim”, diz.
O processo de adaptação, porém, trouxe obstáculos. Sophia recorda o receio de se machucar e o impacto de enfrentar meninos fisicamente mais fortes nas competições escolares. “Sempre fui baixa e magra, então apanhava bastante”, comenta. Mesmo assim, continuou, incentivada pela família e pelos treinadores.
A inspiração esportiva veio de diferentes fontes. Lionel Messi é referência no futebol, enquanto no futsal o vínculo é familiar. “Meu avô, Arnaldo Fernandes de Macedo Júnior, já atuou pela seleção brasileira e pelo Palmeiras na década de 70”, destaca. Entre as influências mais próximas, cita também Bruninha, capitã da UCDB, e novamente o professor Marcos Viana.
Formada em Educação Física, Sophia tenta equilibrar trabalho, estudos e treinos. Uma lesão no joelho reduziu a frequência das atividades, mas ela segue com fortalecimento para disputar campeonatos eventuais. Mesmo com a pausa parcial, viveu experiências marcantes, incluindo a passagem pelos Estados Unidos, em 2020. “Tive a oportunidade de jogar futebol de campo e ser campeã dos dois campeonatos que joguei”, lembra. Ela define o período como a realização de um objetivo antigo.
Entre os episódios que mais contribuíram para seu crescimento no esporte, Sophia cita um momento durante uma semifinal dos Jogos Escolares, quando sua equipe jogava pelo empate, mas perdia por 2 a 1. Após discutir com o técnico, foi tirada da partida. “Ele disse que eu não iria mais jogar”, relata. Faltando dois minutos, porém, o treinador a chamou de volta e deu uma meta direta: “Você tem dois minutos para entrar no jogo e fazer o gol para classificar”. Foi o que aconteceu. “Esse foi o dia em que entendi que precisava ter um psicológico bom se quisesse estar no esporte”, afirma.
Sophia também atuou no time de futsal da UCDB, onde pôde vivenciar, aprender e estar ao lado de grandes atletas, e com o treinador referência no estado, Nando. A partir dessa vivência, avalia que o futsal feminino sul-mato-grossense está em evolução. “Hoje podemos ver escolas de futsal que já têm treino para meninas ou incluem no meio dos meninos para dar oportunidades àquelas que despertam interesse desde novas”, diz. Ela também menciona o trabalho do DEC (Douradina Esporte Clube), que, segundo ela, vem ampliando o acesso à modalidade para meninas da capital e do interior, algo que ela admira muito.
Para o futuro, Sophia pretende permanecer nas quadras enquanto tiver condições físicas. “Espero ainda poder jogar, não por profissionalismo, mas por amor ao esporte”, afirma. Ao mesmo tempo, quer contribuir com novos talentos. “Quero incentivar e participar do desenvolvimento de crianças e jovens que amam o futsal.”
A família seguiu como base durante toda a trajetória, apoiando viagens, competições e treinos. “Sempre me incentivaram e proporcionaram tudo para que eu pudesse jogar tanto na cidade quanto fora dela”, diz. Ela reforça, ainda, a influência do professor Marcos. “Minha eterna gratidão ao professor Marcos Viana, que me modelou e me formou como atleta.”
No recado às meninas que sonham jogar futsal, Sophia destaca comprometimento e cuidado com o corpo. “Não desistam do sonho de vocês. Se dediquem aos treinos e jogos, demonstrem interesse e paixão por aquilo que fazem. Abracem as oportunidades e sejam perseverantes”, afirma. E complementa: “Cuidem bem do corpo, porque todo esporte de alto rendimento demanda um alto nível de condicionamento físico.”