“Acreditem no próprio potencial, treinem com disciplina e cuidem tanto do corpo quanto da mente. O esporte é feito de vitórias e derrotas, mas o mais importante é nunca perder a paixão pelo que se faz.” É assim que Maria Eduarda Félix Garcia, de apenas 16 anos, resume a forma como encara a vida e o esporte. Conhecida como Duda, a ciclista de Campo Grande já soma 16 títulos estaduais e é uma das principais promessas do ciclismo de Mato Grosso do Sul.
A trajetória da jovem atleta começou em 2021, logo após a pandemia de Covid-19, quando tinha 11 anos. Naquele período, ela enfrentava problemas com obesidade e recebeu dos pais um incentivo que mudaria o rumo de sua história. “Meus pais, preocupados com minha condição, incentivaram-me a pedalar, e foi nesse momento que descobri uma verdadeira paixão pelo esporte”, recorda.
O ciclismo entrou primeiro como uma alternativa para a saúde, mas rapidamente se transformou em rotina de treinos, competições e conquistas. Em poucos anos, Duda deixou de ser apenas uma iniciante e passou a colecionar títulos estaduais, consolidando-se como um dos principais nomes da modalidade no estado.
Entre vitórias e medalhas, um dos episódios que mais marcaram sua trajetória foi um revés. Em agosto de 2024, durante a seletiva estadual para os Jogos Escolares Nacionais, ela enfrentou um dos maiores desafios de sua carreira. “Após um ano inteiro de preparação, os resultados não saíram como esperado, o que me abalou profundamente e quase me fez desistir”, lembra.
A frustração poderia ter colocado fim à caminhada que estava apenas começando. Mas, em vez disso, transformou-se em combustível. “Essa experiência se tornou um aprendizado importante para minha carreira”, completa. O episódio a ensinou que a trajetória esportiva vai além de resultados imediatos, envolvendo superação e amadurecimento.
Com uma média de seis treinos de bicicleta e duas sessões de musculação por semana, a rotina da ciclista é marcada pela disciplina. O planejamento inclui não apenas esforço físico, mas também o apoio emocional da família. “Sempre com o apoio essencial dos meus pais, que me ajudam também na preparação mental”, destaca.
Essa dedicação foi recompensada em 2024, no Campeonato Estadual de Contra-Relógio Individual (CRI). O título veio em um momento em que a atleta se sentia em dúvida sobre o próprio potencial. “Esse resultado foi decisivo para renovar minha confiança no ciclismo”, afirma.
Aos 16 anos, Duda também lida com situações que vão além das pistas. A jovem relata que as críticas relacionadas à sua idade são um dos maiores obstáculos. “Um dos maiores desafios que enfrento são as críticas, muitas vezes direcionadas à minha idade, exigindo que eu aprenda desde cedo a lidar com comentários negativos”, conta.
Mesmo com esse cenário, a ciclista afirma que sua fé em Deus e o suporte da família são fundamentais para seguir em frente. Essa rede de apoio é o que sustenta sua permanência em um esporte exigente, em que a pressão e a cobrança surgem muito cedo.
Duda tem como referência o ciclista Henrique Avancini, campeão mundial de mountain bike e um dos grandes nomes do ciclismo brasileiro. A inspiração vai além das conquistas: é um modelo de dedicação e longevidade esportiva.
Os planos para o futuro são claros. “Meus objetivos são continuar evoluindo como atleta e, futuramente, tornar-me uma grande ciclista, levando adiante a paixão que nasceu em mim ainda tão jovem”, projeta.
A jovem atleta sabe que a caminhada envolve altos e baixos, mas acredita que o caminho trilhado até aqui mostra que a perseverança pode transformar dificuldades em conquistas. Para quem deseja seguir o mesmo rumo, o recado é direto. “Acreditem no próprio potencial, treinem com disciplina e cuidem tanto do corpo quanto da mente”, aconselha.