Da Redação
Carol Ladislau encontrou no jiu-jitsu um caminho que acompanha sua trajetória desde a adolescência. O primeiro contato ocorreu em 2013, quando ainda treinava judô. Segundo ela, seu sensei a levava para treinos de solo com outra equipe. “Eu já treinava judô, e meu sensei nos levava para treinar jiu-jitsu em outra academia, para melhorar nossa técnica de solo (ne-waza)”, lembra. A experiência inicial despertou o interesse por continuar evoluindo na modalidade.
O período que ela considera o mais marcante da carreira veio anos depois, em meio às incertezas da pandemia. Carol precisou retornar à sua cidade natal, mas decidiu não interromper os treinos. “Eu não quis abandonar o jiu-jitsu. E então conheci o mestre Paulinho, que abriu as portas de sua academia, me dando a oportunidade de fazer parte da equipe onde estou até hoje, a Rise Escola de Artes Marciais.”
Foi na nova casa que ela passou a ministrar aulas de judô e jiu-jitsu em projetos sociais, experiência que, afirma, marcou sua relação com o esporte e com a comunidade. “Sou muito grata ao meu mestre, por tudo até aqui.”
A presença de mulheres nas artes marciais ainda é um tema que exige reflexão. Carol reconhece o cenário, mas relata boas experiências. “Acredito que todas as mulheres enfrentam desafios como machismo e falta de valorização no esporte. Treinar em um ambiente onde a maioria é masculina pode ser intimidador, mas tive o privilégio de ser muito bem tratada e respeitada por todos os dojôs em que visitei.” Para ela, a postura dentro do tatame é determinante. “Sempre mantive a postura e demonstrei respeito. Isso é o que o jiu-jitsu nos ensina: respeito ao próximo.”
A rotina atual envolve treinos intensos. Ela pratica jiu-jitsu duas vezes ao dia e musculação uma vez por dia. Além disso, precisa pedalar cerca de 30 minutos para chegar aos treinos, já que mora em outra cidade. A divisão das atividades segue um método: “Os treinos são divididos em alongamentos, mobilidade, treinos físicos, drills, posições, específicos e rolas.”
A relação com seus treinadores é um dos pilares de sua permanência no esporte. “A minha maior inspiração no jiu-jitsu são os meus mestres. Eles buscam sempre nos motivar e incentivar a buscar o melhor para nós mesmos.” O aprendizado sobre disciplina e respeito também é constante. “Disciplina e respeito são a chave para ser um campeão de verdade. Não basta ser um atleta de alta performance. Sem esses dois pilares, seus títulos e conquistas não servem de nada.”
A evolução competitiva trouxe desafios físicos e emocionais. Na faixa azul, ela relata um ciclo de cobranças, lesões e autossabotagem. “Eu treinava muito, queria vencer, mas me lesionava muito e ficava doente por não querer descansar. Eu me cobrava demais e me sabotava com pensamentos de não merecimento.” O apoio recebido foi decisivo para mudar esse cenário. “Meus mestres sempre me aconselharam a não desistir. Foi quando comecei a acreditar novamente em mim.”
Hoje, como faixa marrom, Carol avalia com clareza a própria caminhada. “Tenho orgulho das minhas vitórias e das minhas derrotas. Aprendi que caminho nenhum é feito sozinho e que coragem é escolha.” Entre seus objetivos, um deles tem significado especial: formar uma equipe feminina voltada à defesa pessoal. “Toda mulher deve aprender a se defender.”
Para quem quer iniciar na modalidade, ela resume o que considera essencial: “Comece. Procure um dojô acolhedor, que preze por respeito, disciplina e humildade. Tenha paciência em aprender, porque cada um tem seu tempo.”
A trajetória de Carol se sustenta em decisões que, segundo ela, precisaram ser tomadas com coragem. A frase que norteia grande parte da matéria expressa sua percepção sobre o esporte e sobre a vida: “O jiu-jitsu nos ensina muita coisa, não só nos tatames, mas na vida também.”