A trajetória da campo-grandense Milena Ajiki Lopes, nascida em 7 de fevereiro de 1998, dentro do flag football começou de forma despretensiosa. Em 2020, no período em que ainda praticava basquete, uma amiga a convidou para conhecer a modalidade. O esporte, que estava retomando as atividades após a pandemia, rapidamente a conquistou.
“Conheci o flag em 2020 através de uma amiga. Na época, estávamos jogando basquete juntas e um dia ela me convidou para ir conhecer e participar de um treino de flag, que estava voltando aos poucos por conta da pandemia”, relembra.
A identificação foi imediata. “O flag é muito dinâmico, divertido, gostoso de jogar e com muitas possibilidades que você vai descobrindo conforme vai praticando. O time também sempre foi muito receptivo e animado. Fazer parte de um time é algo que eu pude entender nesse processo também: competir juntas, ter desafios, momentos bons e ruins. É bom poder compartilhar isso dentro do esporte coletivo.”
Seu primeiro contato com o esporte aconteceu já no Cobrarés, equipe de Campo Grande que representa no cenário nacional. A vivência no clube foi essencial para que se firmasse na modalidade. “Sempre gostei de estar envolvida com esportes em geral, e como eu gostei de cara do flag, estive sempre presente nos treinos. Competir também é uma parte que ajuda muito a evoluir dentro do esporte, acredito que é o momento em que você de fato começa a entender o jogo, observar onde precisa melhorar, ter referências, jogar com outras atletas. Tudo isso conta muito.”
O envolvimento com o flag football rendeu à atleta uma convocação para a Seleção Brasileira Feminina, conquista que ela define como um divisor de águas. “Vestir a camisa da seleção é realizar um sonho. É uma honra e uma responsabilidade representar seu país”, afirma.
O caminho até lá exigiu superação pessoal. “Tem um nervosismo e uma confiança que foram um desafio pessoal. Acho que a disciplina para conciliar tudo seja um grande desafio também. Além das demandas do trabalho e da vida pessoal, tem a questão de cuidar dos treinos na academia e no campo, alimentação, mental, sono, reuniões, estudo. Então é importante essa disciplina para ter um bom desempenho, se preparar da forma correta, porque são detalhes que vão fazendo a diferença. É ter o foco no dia a dia, sabendo dos objetivos.”
A rotina de Milena reflete essa dedicação. “Atualmente tem sido trabalho durante a semana e seis dias de treino, entre campo e academia, cuidando também do descanso, lazer e tempo de qualidade.”
O flag football vive um momento de ascensão, especialmente após o anúncio de que será modalidade olímpica a partir de 2028, em Los Angeles. Para Milena, isso é visível no cenário brasileiro. “Desde que o flag se tornou olímpico ele tem crescido muito mais, tendo mais investimento também. Então tem sido muito positivo ver isso aos poucos, ver times e campeonatos da base, mais pessoas interessadas e mais divulgação do esporte. As expectativas para os próximos anos são boas.”
A atleta coleciona momentos marcantes desde a chegada ao esporte. Um deles foi com o Cobrarés. “Talvez eu fique empolgada ou emocionada com muitas coisas, mas acho que com o Cobrarés foi termos sido campeãs nacionais no ano passado. O time já tinha sido campeão em outros anos, mas foi meu primeiro título com elas, foi um momento muito feliz.”
Pela seleção, a lembrança é recente. “Com a seleção eu diria que foi a recente classificação para o Mundial do ano que vem, através do Continental das Américas que jogamos agora em setembro. Foi uma classificação importante considerando o ciclo olímpico, e foi incrível poder fazer parte desse momento.”
Além de se dedicar ao próprio crescimento, Milena também procura incentivar outras mulheres a conhecerem e se envolverem com o flag football. “Diria para aproveitarem, se dedicarem, terem paciência também e se divertirem no processo. O flag tem crescido muito e dá para sonhar alto, cheio de oportunidades para competir e conhecer novas pessoas. Jogar flag é bom demais.”
Sobre o futuro, a atleta é objetiva. “Meu objetivo é continuar evoluindo dentro do esporte, taticamente e fisicamente. No Cobrarés, ser campeã nacional de novo. E com a Seleção, buscar a classificação para as Olimpíadas. Esses são os objetivos mais próximos.”