Xadrez | Da redação | 04/04/2016 14h16

Aulas de xadrez estimulam intelecto e disciplina de custodiadas no presídio feminino de Corumbá

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Uma oficina de xadrez está mudando a rotina de internas do Estabelecimento Penal Feminino Carlos Alberto Jonas Giordano (EPFCAJG), em Corumbá. A iniciativa tem por objetivo melhorar não só o raciocínio lógico, a memória e a concentração das custodiadas, como também estimular a disciplina, a autoestima e o respeito às regras para solução de problemas e elaboração de projetos de vida.

As aulas tiveram início este mês, e ocorrem nas manhãs de quarta-feira, com acompanhamento do setor psicossocial do presídio. No total, 24 internas participam da oficina.

A ideia surgiu através do juiz da Vara de Execução Penal de Corumbá, André Luiz Monteiro, que convidou professor Augusto César Samaniego, presidente do Clube de Xadrez Pantanal, para ensinar à detentas o “esporte da mente”. Com isso, o trabalho passou a integrar as ações de reinserção social desenvolvidas pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciária (Agepen).

Fernanda Franco da Fonseca, 29 anos, é uma das enxadristas e afirma que já está percebendo os benefícios da prática. “É um jogo de estratégia, temos que pensar muito, e isso acaba desenvolvendo o nosso raciocínio”, comenta. Outro ponto positivo, aponta a interna, é o prazer proporcionado pelo jogo. “Aprendemos e nos divertimos, pois aqui é um lugar em que vivemos muito estressadas por conta do confinamento e, com o xadrez, também nos distraímos, e saímos um pouco desse mundo”, complementa.

O professor de xadrez conta que, a exemplo de Fernanda, as internas têm demonstrado muito interesse no jogo. “A gente começa ensinando o movimento de cada peça, depois o modo como essa peça captura outra, a importância dela no tabuleiro, a relação que há entre uma peça e outra e como combinar a força entre elas”, explica Samaniego, destacando que é um dos jogos mais populares do mundo.

Para o juiz André Monteiro, idealizador do projeto, o xadrez é importante na vida do ser humano porque é um jogo que envolve lógica, raciocínio e estratégia. “A pessoa que joga xadrez adquire um senso muito prático de organização e concentração, além de desenvolver a sua memória, inteligência e imaginação”, ressalta.

Já a diretora do EPFCAJG, Anelize Lázaro de Lima, garante que a iniciativa ajuda a preencher a ociosidade. “Ameniza e motiva uma melhor resolução de conflitos e interação entre os pares, preparando, assim, as pessoas para lidar com as mais variadas situações em suas vidas”, diz.

Segundo Anelize, apesar de a oficina de xadrez ainda estar no início, já está sendo verificada a possibilidade de realização de um torneio no presídio, sem data ainda prevista.

Para o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, a concretização de mais esse projeto demonstra o entrosamento entre a direção do presídio, a Vara de Execução Penal e o Conselho da Comunidade local. “Essa parceria tem sido muito importante para que o presídio feminino de Corumbá evolua cada vez mais, com resultados concretos não só nessa, como em outras ações envolvendo pessoas da comunidade com a questão das mulheres privadas de liberdade, o que sempre contribui para a reinserção social”, finaliza.

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