O último sábado (21) foi marcado pela vistoria técnica da Pista Internacional de Atletismo do parque Ayrton Senna, em Campo Grande, realizada pelo presidente da Caixa Econômica Federal (Cef), Pedro Guimarães. Após diversas reuniões organizadas na sexta-feira (20), além da pista de atletismo, o dirigente do banco público firmou compromisso de viabilizar recursos para a construção de uma piscina olímpica no parque localizado no bairro Aero Rancho.

Guimarães esteve acompanhado por autoridades ligadas ao desporto em Campo Grande, entre eles o prefeito Marcos Marcello Trad (PSD), o diretor-presidente da Fundação Municipal de Esportes (Funesp), Rodrigo Terra, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, João Rocha (PSDB), o presidente da Federação de Atletismo de Mato Grosso do Sul (Fams), Marcelo Erick Moriyama, além de professores de projetos sociais de atletismo da capital. O Esporte Ágil também marcou presença no Ayrton Senna e entrevistou algumas personalidades políticas envolvidas no projeto.

A pista de atletismo tem 400 metrose e é composta por oito raias. O palco das competições recebe emborrachamento e, segundo a Funesp, é a primeira com esta característica em Mato Grosso do Sul. Conforme a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), foram aplicados 6,3 mil metros de lona emborrachada, importada da Alemanha, distribuídas em 126 rolos de 50 metros.

O vereador João Rocha (PSDB) afirma que receber o presidente da maior empresa financeira pública da América Latina é uma oportunidade para evidenciar o trabalho realizado na capital do estado em relação ao esporte. “Pensando no futuro, em investimentos, avanços, receber autoridades como o presidente da Caixa muito nos engrandece e é a oportunidade de mostrarmos nossos parques, aquilo que nós campo-grandenses e, particularmente, nós que participamos da política, estamos desenvolvendo em relação ao esporte e lazer da cidade”.

O prefeito da capital, Marcos Trad (PSD), destaca que a Caixa financia parte do investimento, estimado em R$ 8,5 milhões, por meio do programa Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). “Mato Grosso do Sul era o único estado da federação que não tinha uma pista de atletismo e conseguimos trazer aqui para Campo Grande. Desde 1994, com Pedro Pedrossian, esse modelo [da pista] já estava pronto, mas ninguém conseguia executar”.

“Nós vamos entregar com arquibancada, vestiários e com a pista que vai receber atletas internacionais. A expectativa é lançar o espaço até dezembro deste ano. A empresa nos garantiu a entrega até este ano”, prossegue Trad. A ideia é colocar o parque Ayrton Senna e Campo Grande entre as cidades-sede de circuitos nacionais da modalidade.

Trad adota o discurso de que o foco da administração, quando o assunto é esporte, é colocar em destaque as “modalidades sem bola”. No entanto, segundo ele, o futebol, paixão do brasileiro, não está fora dos planos. “Estamos dando importância a todas as modalidades, sem deixar de lado os esportes com a bola. O futebol é importante? É importante, mas estamos dando o mesmo valor do futebol à ginástica, ao atletismo, ao ballet, às aulas rítmicas”.

Encontro foi marcado por presença de alunos de projetos sociais de atletismo
(Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

“Então, o peso que o esporte com bolas tinha dentro de Campo Grande são mantidos, mas estamos elevando as modalidades que são praticadas sem a esfera. Evidenciamos também a importância do paradesporto. Em todos os nossos parques, a determinação é realizar competições e proporcionar aulas gratuitas aos paratletas”, acrescenta.

Ao Esporte Ágil, o diretor-presidente da Funesp, Rodrigo Terra, elencou os dois principais objetivos da pista de atletismo do Ayrton Senna: revelar atletas e receber eventos esportivos de porte nacional e internacional. Questionado a respeito do significativo entusiasmo demonstrado, ele afirma que “sem dúvidas nenhuma esta pista coloca a gente no cenário nacional e internacional no atletismo”.

Autoridades em vistoria à pista de atletismo (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

“Nós que já temos sem pista inúmeros campeões nos nossos projetos, inclusive campeões nacionais e internacionais, acho que a pista possibilita o treinamento e a formação de novos atletas para representar muito bem nossa cidade. Mas, muito mais do que isso, possibilita sediar grandes eventos esportivos”, pontua Terra. De caráter nacional, a proposta é trazer competições multiesportivas, como Jogos Escolares, Jogos Abertos Nacionais, Jogos Universitários e o Circuito Loterias Caixa.

Um dos problemas e questionamentos a respeito da inauguração de obras de “impacto” na capital sul-mato-grossense é a impossibilidade de participação popular, como forma de “blindar” – inclusive de modo excessivo – o espaço aos cidadãos. Este impedimento aconteceu em obras e reformas passadas de menor magnitude, proibindo e dificultando a população de utilizar, por exemplo, campos de futebol de parques da capital, como o da praça poliesportiva Elias Gadia, do Parque Ecológico do Sóter e da tradicional praça Belmar Fidalgo, na região central. Os espaços, em administrações anteriores, eram tidos, por meio de relatos de frequentadores, como inacessíveis, apenas contemplativos e até mesmo cunhados de “jardins da casa do prefeito”, onde ninguém podia tocar. Em dia chuvoso então, impossível.

Pista emborrachada recebeu tecnologia alemã (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

Rodrigo Terra foi indagado sobre este desejo de querer "proteger" em demasia os locais reformados e inaugurados, e garantiu a participação popular, apesar de restrições técnicas ao uso da pista. Ele afirma que já pensa em projetos para incluir o máximo possível de pessoas. “A pista tem características técnicas muito específicas e nós vamos com todo cuidado administrá-la. Essa pista é, importante dizer, da população, é do cidadão do Aero Rancho e de toda a capital, mas a gente precisa ter os cuidados necessários para que a utilização dela traga frutos e não tenha nenhum tipo de prejuízo para os cuidados, manutenção. Obviamente já estamos pensando nisso e estamos preparando um projeto que essa pista possa atender atletas, iniciantes, mas também atender à população como um todo”.

Em vídeo, Terra tratou ainda acerca de financiamentos futuros da Caixa em outros parques da capital. Confira:

Dentro d’água

Na visita, o presidente da Caixa indicou a possibilidade de financiamento para o projeto da piscina olímpica do Ayrton Senna. O vereador João Rocha (PSDB), todavia, mantém a cautela sobre o planejamento e não quis "dar pistas" sobre o que foi conversado na última sexta-feira (20). “Estamos em uma fase embrionária, um primeiro contato em que o presidente da Caixa ficou bastante motivado. Agora, entramos em um processo, não é rápido, é uma construção, apresentação e estudo de projeto. A perspectiva, no entanto, é extremamente positiva”.

Rodrigo Terra vê similaridade entre a piscina olímpica e a pista de atletismo. Para ele, a ideia é transformar o parque do Aero Rancho em uma espécie de centro olímpico de rendimento. “Foi por este motivo que pensamos em trazer a piscina para cá [parque Ayrton Senna]. Nós já temos uma pista praticamente pronta, um complexo com estrutura que pode facilitar o recebimento e formação de atletas, mais a piscina olímpica. Sem dúvidas colocamos o Ayrton Senna e o Aero Rancho como um espaço de excelência para a formação de atletas e para projetos esportivos sociais, que é um dos desejos do presidente da Caixa”.

Complexo aquático será restaurado (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

A restauração do complexo aquático do parque também já entrou no pacote de obras, que ainda possui a reforma da sede administrativa, troca de instalações elétricas, sanitárias, alojamentos e instauração projeto de prevenção de incêndios. O prefeito Marcos Trad (PSD) afirma que o complexo aquático será entregue dentro de seis meses. “A piscina estamos licitando para devolver à comunidade totalmente utilizável. Já fizemos a licitação, homologamos e a assinatura dos contratos deve ser feita dentro de 30 dias. Essas piscinas locais, que já existem, acredito que no prazo de seis meses vamos devolver à comunidade”. Em entrevista ao Esporte Ágil, o chefe do Executivo municipal ainda falou sobre a possibilidade de instalação da piscina olímpica, por meio de contato com a ministra Tereza Cristina.

Assista ao vídeo:

Investimentos futuros

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, revela que um dos principais pontos tratados nas reuniões com dirigentes e políticos locais é um planejamento sobre obras desportivas futuras, e não só a piscina olímpica. Denominando a Caixa como o “banco da matemática”, Guimarães ressalta que só precisa receber em mãos os projetos estruturados pela Prefeitura para dar início aos trâmites do financiamento.

“Esperamos da Prefeitura um plano, tenho certeza que vão fazer detalhado e nesse plano o que pudermos fazer do ponto de vista matemático faremos, porque está muito claro para mim que do ponto de vista social faz todo sentido. Esporte para pessoas carentes e pessoas com deficiência é exatamente o que a Caixa gosta de fazer”, salienta Guimarães.

O dirigente da instituição financeira pública, durante todo seu discurso na vistoria ao Ayrton Senna e em entrevista à reportagem, “bateu na tecla” do investimento em projetos esportivos de cunho social. Segundo ele, empresas privadas de grande porte, no desenvolvimento de projetos maiores, não necessitam do apoio do banco.

“Uma das primeiras questões que fiz foi encerrar o contrato com os 22 clubes de futebol. E o exemplo é esse, alguns clubes, por exemplo, em uma semana já acharam um novo patrocinador. Então, a Caixa é o banco da população brasileira mais carente, da padaria do Seu Joaquim e da iniciativa que a gente vê aqui em Campo Grande. Aqueles projetos maiores, de empresas maiores, não precisam da Caixa, aí é com a iniciativa privada”, finaliza.

 

Em sua gestão, Guimarães diz priorizar projetos sociais esportivos (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

Por Lucas Castro, da redação do Esporte Ágil.