Personalidade | Lucas Castro | 02/05/2019 16h18

Patrick Pisoni é convocado para Seleção Brasileira de Futebol de Amputados

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Além da paixão pelo futebol, Patrick descobriu a canoagem e já coleciona medalhas em campeonatos brasileiros e sul-americanos.

O campo-grandense Patrick Pisoni Loureiro, de 26 anos, foi convocado pela Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Físicos (ABDDF) para integrar à seleção brasileira de futebol de amputados. O plantel passará por uma fase de treinamentos em Mogi das Cruzes-SP nos dias 25 e 26 de maio, como preparação para a disputa da Copa América, que será realizada em novembro, na Costa Rica.

“Minha expectativa é ir para essa fase de treinamentos e me destacar para poder, realmente, ser convocado para a Copa América. A seleção está quase definida com esses jogadores, mas não é 100%. Quero estar dentro do grupo”, destacou Pisoni.

O atleta treina, atualmente, no Pantanal Esporte Clube, único time de futebol para amputados de Campo Grande, que disputou a série A da Copa do Brasil de Futebol neste ano. A equipe conquistou a vaga à elite da modalidade após boa campanha na série B do Campeonato Brasileiro 2018. Os campo-grandenses bateram 7 de 8 equipes na competição, chegaram à final e foram derrotados, garantindo a prata.

Pantanal EC representou MS no cenário nacional (Foto: Arquivo pessoal)

“É o sonho de qualquer criança [ser convocado]. Achei que nunca mais ia poder jogar bola, muito menos representar a seleção brasileira no futebol. Isso é mais que a realização de um sonho. Estou muito feliz e, realmente, não esperava. Joguei bem no Campeonato Brasileiro, mas estar entre os melhores do Brasil, com um ano de treino, é gratificante. Estou me sentindo confiante e vou para cima”, disse o atleta.

Remo e bola

Esta não é a primeira convocação de Patrick para a seleção. Mas o curioso é que não é no futebol. O sul-mato-grossense também é paracanoista desde 2015 e foi convocado em duas oportunidades pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa). Pisoni representou o Brasil no Campeonato Sul-Americano de Paracanoagem 2016, na Argentina. Além da primeira competição internacional na carreira, foi a primeira vez que viajou para fora do país.

O atleta também foi convocado no ano passado para outro Sul-Americano, desta vez organizado na província de Ensenada, a 61 quilômetros de Buenos Aires, na Argentina. “Ainda pratico a canoagem. A modalidade, agora, está devagar, treino menos do que antigamente, mas ainda pratico, porque ajuda no controle da minha diabete”, revelou.

Pisoni faturou duas medalhas de prata Campeonato Brasileiro de Canoagem Velocidade e Paracanoagem 2018, em Curitiba-PR. O atleta também foi vice-campeão na Copa Brasil de Canoagem em 2017.

Patrick divide paixão entre a bola e o remo (Foto: Divulgação)

Há cinco anos, Pisoni sofreu um acidente de trânsito quando voltava do trabalho e teve a perna direita amputada. “Cai da moto e um ônibus passou por cima de mim, amputando minha perna. Fiquei com diabético, tipo 1 e passei 41 dias internado. Tive de procurar um esporte para me ajudar a controlar a doença e a tomar menos insulina. Conheci a canoagem, comecei a remar e gostei. Ajudou a controlar a minha doença e me deu uma ajuda financeira”, relata Pisoni.

Antes de sofrer o acidente, Patrick treinava futsal na Fundação Lowtons de Educação e Cultura (Funlec) e recebia bolsa, que custeava a mensalidade de sua graduação em Educação Física, no Instituto de Ensino Superior da própria Funlec.

Atleta atualmente enverga a camisa 10 do Pantanal EC (Foto: Arquivo pessoal)

Ao Esporte Ágil, Patrick Pisoni confessou como foi a sensação de estar de volta aos gramados e às quadras. “Eu não podia nem entrar numa quadra ou campo para assistir futebol, porque chorava. Sentia-me muito ruim, muito mal naquele ambiente. Teve um amigo meu chamado Juninho, que teve a ideia de montar o Pantanal Esporte Clube e me convenceu a brincar com eles um dia. Eu fui, gostei, até demais. Faz um ano que jogo futebol e agora fui convocado”.

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