Personalidade | Lucas Castro | 09/05/2019 16h37

‘Papa-títulos’ do futsal de MS, Binho quase teve carreira interrompida por infecção

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Atleta detentor de títulos de Copa Morena, Metropolitano e Taça SBT, quase pôs fim à carreira por infecção na perna, mas superou.

Milagre. Palavra carregada de sentidos e emoções, mas que, ao mesmo tempo, significa algo impossível de explicar e imaginar. Está relacionado às próprias leis da natureza ou intervenção divina? Difícil saber. Rodrigo Charles Martins, 33 anos, mais conhecido como Binho, passou por um episódio no qual se pode apontar como acontecimento milagroso.

A paixão incontestável de Binho é o futebol de salão. O campo-grandense começou a praticar o esporte por volta de 2000, aos 15 anos, na Escola Estadual Professor Silvio Oliveira dos Santos, no Aero Rancho, um dos maiores e mais tradicionais bairros da capital sul-mato-grossense, onde estudava. No contraturno das aulas, a professora de educação física Kátia Silene Carminati era quem comandava os treinamentos.

Lá, Binho começou atuando pelos Jogos Escolares de Campo Grande. “Nessa escola, conseguimos patrocínio para entrar nos Jogos Estaduais. Depois deste campeonato, as portas começaram a se abrir para outros times”, revela Binho.

A partir daí, a carreira deslanchou de modo repentino e os inúmeros títulos começaram a aparecer. Depois da escola estadual, o atleta atuou pela extinta Sociedade de Ensino Afonso Linares Prado (Sealp) uma das equipes mais atuantes no futsal regional, local onde se encontra hoje o Colégio Status. Sendo a primeira instituição “séria” da carreira de jogador, Binho tratou logo de levantar algumas taças, o que se tornou corriqueiro em sua trajetória.

Depois, um passo maior na carreira: a Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp). “Era o time do momento, todo mundo queria jogar lá. Enquanto estive lá, ganhei o Estadual e vários outros campeonatos como Metropolitano e Copa Morena. Ali, fui crescendo. Foi o que alavancou minha carreira”, destaca.

Ala é conhecido pela técnica apurada com a bola nos pés (Foto: Hélio Lima/A Bola Rolou)

Em 2006, vestindo as cores do Dom Bosco/Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), Binho ajudou a representar Mato Grosso do Sul na Taça Brasil de Clubes, disputada em Erechim, no Rio Grande do Sul. Para o ala campo-grandense, foi a chance de mostrar suas habilidades para possíveis olheiros no Sul do país. E deu certo.

A equipe sul-mato-grossense não faturou o título, porém Binho foi convidado para atuar no Clube Esportivo e Recreativo Atlântico, agremiação anfitriã da competição. “Fiquei mais ou menos um mês. Vim embora. Não me adaptei. Era guri novo, longe de casa, sabe como é, ?”, confessa o ala.

Nada que o abalasse ou desmotivasse. Quatro anos depois, Binho fez parte do plantel do Colégio ABC que competiu na 37ª Taça Brasil de Clubes Masculino Adulto, da 2ª Divisão, campeonato organizado pela Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS). O jogador foi peça importante na equipe, que trouxe para Campo Grande o título inédito da competição e, de quebra, o acesso à divisão principal.

Na época, inclusive, o treinador Carlos Kléber, em entrevista, enalteceu o papel de Binho no elenco. “Nosso time tinha como referência o Binho, que é um jogador que roda muito a bola e põe todo mundo para correr. Ele foi muito importante para essa conquista".

Na final, disputada no dia 29 de novembro de 2010, contra o Piranhas Futsal, de Alagoas, Binho anotou três gols na vitória elástica de 7 a 2. Ao lado do pivô Camaroni, Binho dividiu a artilharia, com seis gols cada.

Medo do fim

No ano passado, após conquistar o título da 40ª Copa Morena por Coxim, Binho contraiu uma infecção na perna e ficou parado por cerca de quatro meses. O atleta revela que, por um momento, pensou que poderia ficar sem jogar para o resto da vida. “Foi complicado, não conseguia nem andar e tive que ter o auxílio da muleta. Foi tenso demais. A dor era insuportável, 24 horas por dia”.

“O médico falou que eu tive sorte, porque era para eu estar a 10 palmos abaixo da terra. Ele chegou a cogitar amputar minha perna, para salvar minha vida. Mas, graças a Deus, deu tudo certo. Foi Deus quem estava no controle de tudo e me salvou”, desabafa o atleta.

Binho não é mais um garoto, isso é fato. No entanto, sua técnica chama a atenção. Demasiadamente habilidoso, o ala gosta de optar por jogadas que fogem ao “feijão com arroz”, dotadas de criatividade e imprevisibilidade.

Binho pelo Perfil Ferros (Foto: Hélio Lima/A Bola Rolou)

Com classe e esbanjando categoria, seus passes armam significativos lances de gol, proporcionados aos seus companheiros e que, no decorrer das jogadas, criam oportunidades a si próprio. Além disso, o atleta destaca-se por marcar gols decisivos em momentos de pressão e que exigem maior seriedade, como em jogos de mata-mata.

Atualmente, Binho defende o Perfil Ferros, de Campo Grande, e é o atual bicampeão (2017-2018) da Taça SBT, além de erguer a taça do Campeonato Metropolitano. No ano passado, o ala comandou a equipe de Coxim rumo ao segundo título da história da Copa Morena. Na final, envergando a camisa 17, Binho causou transtorno à defesa do Juventude Altomare & Gonçalves (AG), de Dourados, com passes de “rasgar”, infiltrações e deslocamentos. Não à toa, o campo-grandense foi eleito o melhor jogador da decisão.

Coxim campeão da Copa Morena 2018 (Foto: Mateus Alfredo/Divulgação)

Em 2019, Binho segue pela equipe coxinense em busca do bicampeonato e do terceiro título na competição mais importante do futsal sul-mato-grossense.

“Foi emocionante [o título por Coxim]. Conseguimos trazer todas as fases para a cidade de Coxim, inclusive a final inédita. Às 7 horas da manhã, ginásio lotado, não cabia mais ninguém de tanta gente. Conseguimos dar o título a essa torcida maravilhosa, que cantou e incentivou o time em todos os jogos. Não consigo resumir em palavras o que aconteceu”, discorre o jogador.

"A cidade acolheu nosso time e nós retribuímos com a taça de campeão. Este ano, tive várias propostas, mas vou defender a cidade de Coxim novamente, porque, além de mim, acolheu muito bem minha família. Vamos em busca do bi”, finalizou.

Binho vai em busca do tricampeonato por Coxim (Foto: Mateus Alfredo/Divulgação)

Sobre o sonho de, quem sabe um dia, disputar a Liga Nacional de Futsal, Binho abriu o jogo. “Com certeza é o sonho de todo atleta de futsal, mas enquanto ele não chega, jogo os principais campeonatos daqui. Sou muito feliz aqui, porque faço o que mais mais gosto, que é jogar futsal”.

Atleta foi eleito melhor jogador da final da 40ª Copa Morena (Foto: Divulgação/Veja Aqui MS)

“Papa-títulos” dos principais campeonatos de Mato Grosso do Sul, Binho tem muita história para contar à futura geração da família, seus filhos, netos e aos jovens que almejam jogar futebol de salão na vida.

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