Paradesporto | Com Fundesporte/Lucas Castro | 27/11/2019 11h02

Bocha paralímpica prova que o esporte é mais do que resultados

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A bocha paralímpica é sem dúvidas um dos esportes que mais emocionam e demonstram o quanto o ser humano é capaz de se superar. Mato Grosso do Sul terminou as Paralimpíadas Escolares 2019, em São Paulo-SP, no segundo lugar por Pontuação Geral Escolar, com 37 pontos, entre os 26 Estados participantes, mais o Distrito Federal. A equipe sul-mato-grossense foi apoiada pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte).

A segunda colocação é consequência das três medalhas (1 de ouro, 1 de prata e 1 de bronze) asseguradas pelos paratletas sul-mato-grossenses. As partidas aconteceram de 19 a 22 de novembro, no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, o maior complexo paradesportivo da América Latina. No total, sete participantes levaram o nome de Mato Grosso do Sul à capital paulista.

Quem alcançou o lugar mais alto do pódio foi Pedro Henrique Ximenis, na classe BC4. Na final, venceu Deivis Rufino dos Santos, da Paraíba, por 8 a 0. Segundo a técnica Andrea Luiz Cavalcante, Pedro estava afastado há dois anos da modalidade e voltou apenas para disputas as Paralimpíadas.

Ela afirma que já esperava a segunda colocação geral, devido ao trabalho no Estado feito desde a primeira edição da maior competição paradesportiva escolar do planeta. “Na base é que surgem os talentos para migrar ao alto rendimento. Visitei as escolas, apresentamos o projeto e detectei crianças que tinham possibilidade de ingressar à delegação. Daqui pra frente, o objetivo é fazer com que estes atletas tenham oportunidade de receberem bolsa-atleta e serem convidados para períodos de treinamento com a seleção”.

Reginaldo Costa Júnior, de 14 anos, ficou em segundo lugar na categoria BC3. O sul-mato-grossense classificou-se à finalíssima após triunfo sobre o pernambucano Geandson Torres, pelo placar apertado de 3 a 2. Mais do que a vaga na decisão, a vitória na semi emocionou o técnico, os membros do estafe de Mato Grosso do Sul e os demais à volta, em razão do choro de felicidade do jovem paratleta ao encerrar da partida.

Choro este que significou também superação, evidenciando que qualquer ser humano é capaz de ultrapassar seus limites, com o mais simples movimento de um membro superior. Na final, o campo-grandense acabou derrotado para Andrei de Almeida, do Pernambuco, por 7 a 2. Nada que apagasse a brilhante caminhada de Reginaldo no torneio e na vida de paradesportista.

“Reginaldo foi a São Paulo com tudo improvisado, calha e adaptação no braço (uma prótese parecida com uma antena) para arremessar. Ele foi a surpresa de Campo Grande, porém tem muito potencial e por isso investimos nele, emprestamos equipamentos. Foi a primeira vez do professor Thiago Dornelles, seu calheiro, e para ele também foi um grande aprendizado”, revela Andrea Cavalcante.

Especificamente na bocha paralímpica, é permitido o acompanhamento de cuidadores (estafes) aos paratletas, que os alimentam, dão banho e guiam pelos locais de disputas. Na maioria das vezes esse/a cuidador/a é a mãe, o pai ou algum familiar próximo. O pequeno Reginaldo (ou “Reginho”, para os mais íntimos), no entanto, foi a São Paulo sem acompanhante da família. “Ele foi sem a mãe, foi na cara e na coragem, venceu todos os obstáculos para estar aqui e conseguir a medalha de prata”, diz Andrea.

Pódio de primeira viagem

As Paralimpíadas também possibilitaram a participação de mãe e filho, juntos em uma competição pela primeira vez. Este é o caso de Kawandry José dos Reis e sua mãe Gessica Patricia dos Reis. O atleta de 14 anos faturou a medalha bronzeada, na classe BC1. O último duelo foi contra Emanoel Carlos dos Santos, de Santa Catarina, e vitória sul-mato-grossense por 6 a 0.

Esta foi a primeira vez que Kawandry foi a um torneio de bocha fora do Estado. “Fiquei muito feliz. Se não levasse medalha, tudo bem, só de vir, sair de casa e ficar um pouco com ele, já seria incrível. Mas ele ficou bem feliz, até falou durante a semana: ‘mãe, preciso levar uma medalha para casa'. Falei para ele se divertir, fazer o melhor. Acabamos fazendo um monte de amigos, que levaremos para o resto da vida”, conta Gessica.

“Esses torneios são muito importantes, não para a gente, mas para o resto do mundo ver que não é porque eles têm limitações que não são capazes de fazer alguma coisa. O esporte é bom, mas a inclusão em sociedade é melhor ainda”, encerra a mãe.

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