Pan-americano | Com GE.Net | 13/07/2007 17h25

Pan do Rio 2007 marca o início de projeto olímpico brasileiro

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Rio de Janeiro (RJ) - Mato Grosso do Sul participa com seis atletas na abertura dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro 2007, que acontece nesta tarde, às 17h (MS). A cerimônia de abertura no estádio do Maracanã é o começo de mais uma etapa em um projeto que só vai ser concluído de fato com a conquista brasileira do direito de realizar os Jogos Olímpicos de 2016.

Três atletas representam o País no beisebol: os douradenses Marcelo Kaneo Arai e Leandro Hasegawa, e Márcio Sakane, de Itaporã. No arremesso de peso, o três-lagoense Gustavo Mendonça, que mora e treina em Recife (PE) marca presença. No hipismo, o tacuruense Rogério da Silva Clementino será o primeiro negro a defender o Brasil na modalidade num Pan. Já o campo-grandense Roberto Abreu Filho será reserva de Antoine Jaude, na luta olímpica. Além deles, João Rocha será o chefe da delegação brasileira no judô.

Durante os 19 dias de competição - na prática o torneio teve início nesta quinta-feira com os primeiros jogos de futebol feminino - a capital fluminense vai receber cerca de 5.500 atletas, competindo em 34 modalidades. As novidades do programa no Brasil são o futsal, cuja campanha para se tornar esporte olímpico sofreu um baque com o anúncio que deixará o pan-americano na próxima edição, e ginástica de trampolim.

Das 42 nações representadas, obviamente o Brasil é a maior. País-sede, teve vaga assegurada em todas as modalidades e não quis desperdiçar nenhuma oportunidade. Sem tradição no Brasil e com poucos praticantes profissionais, patinação de velocidade e hóquei na grama driblaram obstáculos estruturais para se manter na disputa.

Contrastando com esta realidade, o Brasil aguarda grandes resultados de seus gigantes esportivos. Referência em nível internacional, modalidades como vôlei, judô, natação, atletismo e ginástica figuram entre as principais esperanças de ouro e contribuição para o sonhado resultado histórico.

Outros esportes têm chance olímpica no Rio. Handebol, nado sincronizado, saltos e CCE no hipismo, pentatlo, pólo aquático, tênis de mesa, triatlo, hóquei na grama e tiro esportivo distribuem vagas para os Jogos de Pequim-2008. Além disso, em natação e atletismo funcionará como competição para os atletas buscarem índice.

Com uma motivação imediata ou a longo prazo, todos têm papel fundamental na ambição do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de desbancar o Canadá da terceira colocação na classificação geral. Nem mesmo os esportes 'nanicos', aqueles que só ganham visibilidade na época de eventos como o Pan, escapam da expectativa.

Após um inédito ciclo de preparação com auxílio de recursos públicos regulares (oriundos da Lei Agnelo/Piva, que destina parte da renda das loterias para o esporte), o coordenador técnico do COB e chefe de missão no Pan, Marcus Vinícius Freire, aposta: "acho que vamos ter algumas surpresas agradáveis".

Nos Jogos de Santo Domingo-2003, o Brasil terminou na quarta colocação geral com 123 medalhas - 29 ouros, 40 pratas e 54 bronzes - contra 128 dos canadenses - 29 ouros, 57 pratas e 42 bronzes. Superar os canadenses vai requerer apenas um ouro a mais ou 17 vice-campeonatos extras.

Ambicioso nas competições, o projeto brasileiro do Pan também não poupou esforços, ou recursos, nas sedes. Cartão de visitas do país, as instalações esportivas receberam atenção extra nos Jogos. Quatro foram construídas especialmente para o evento: Arena Olímpica do Rio, Parque Aquático Maria Lenk, Velódromo e Estádio Olímpico João Havelange (este último, mais uma prova que a ambição esportiva dos dirigentes nacionais não esquece nem por um momento a candidatura da Copa).

A organização mantém em segredo o custo total do evento. Sempre que questionado sobre o assunto, o presidente do COB e do Comitê Organizador dos Jogos (CO-Rio), Carlos Arthur Nuzman, responde da mesma forma: cada esfera envolvida comunica seus gastos.

Mas nem entre eles há um consenso orçamentário. No início da semana, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, colocou a conta do Pan em quase R$ 3,5 bilhões, cálculo sempre rebatido pelas outras esferas do governo e também pelo CO-Rio.

O argumento é que a União mistura investimentos estruturais, como o empréstimo para a construção da Vila Pan-americana, elogiada como de nível olímpico, com gastos diretos no evento. Mas um cálculo rápido no que já foi divulgado até agora prova que muito dinheiro saiu de vários bolsos.

As reformas no Complexo do Maracanã, responsabilidade do Governo Estadual, estão estimadas em R$ 252 milhões, muito acima dos iniciais R$ 17,9 milhões programados em 2003. A Prefeitura, somente em novos equipamentos, injetou R$ 350 milhões no João Havelange, R$ 74.827,418,63 no Parque Aquático, R$ 119.137.426,53 na Arena Olímpica e pouco menos de R$ 10 milhões no velódromo.

À União coube, pelos cálculos do Ministério, R$ 1,83 bilhão, sendo R$ 698 milhões em estruturas e R$ 562 milhões em segurança. O Governo Federal contribuiu também com repasses orçamentários tanto para o Município quanto para o Estado do Rio de Janeiro.

Orlando Silva acha que a conta poderia ter ficado mais baixa. As outras partes não concordam. Os rumores de bastidores de várias comissões para investigar as despesas após a conclusão do evento indicam que o assunto ainda vai ter muitos desdobramentos após o dia 29, quando termina a "grande festa do esporte nacional".

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