Antoine Jaoude representará o Brasil em Olimpíada

Antoine Jaoude representará o Brasil em Olimpíada

O lutador brasileiro Antoine Jaoude não terá vida fácil nas Olimpíadas de Atenas do próximo mês, mas depois de encarar uma guerra na infância e a necessidade de se expor aos riscos do vale-tudo para sobreviver, ele garante que está pronto para o que der e vier. Nascido no Rio de Janeiro, Jaoude foi com apenas seis meses de vida visitar seus avós no Líbano quando estourou a Guerra Civil entre cristãos e muçulmanos. Por conta disso, ficou quase impossível entrar ou sair do País, e ele só voltou ao Brasil 14 anos depois, em 1990. Lá o brasileiro foi apresentado à luta olímpica quando tinha 11 anos e agora, aos 27, será o único representante do Brasil da modalidade em Atenas. "No Líbano eu conheci a luta aos poucos. Passei por várias modalidades, mas a luta olímpica e a grego-romana são muito praticadas em todo o Oriente Médio", afirmou o lutador. Apesar de se dedicar quase que integralmente à luta desde 1999 e já ter conquistado a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo no ano passado, Jaoude não sobrevive apenas do esporte. O brasileiro precisa, algumas vezes por ano, abrir mão de seu treinamento olímpico para participar de competições de vale-tudo, onde já ganhou até 40 mil reais por uma luta. Jaoude já disputou seis lutas de vale-tudo, mas afirmou que só o fez por não ter como sobreviver com a ajuda de 800 reais que recebe do Comitê Olímpico Brasileiro. "Gostaria de me dedicar somente à luta olímpica, mas precisei do vale-tudo para conseguir dinheiro e garantir o futuro a curto prazo. Por enquanto, estou focado nas Olimpíadas, mas depois pode ser que eu precise do vale-tudo de novo", disse o lutador. Jaoude conseguiu sua vaga para os Jogos de Atenas através de uma indicação da Federação Internacional de Luta Livre depois de ficar perto da vaga no Mundial de Nova York, no ano passado, quando ficou em 12º lugar. Apenas os dez primeiros se classificavam. Ele ainda somou pontos importantes no ranking da Federação com o 16º lugar na seletiva olímpica da Eslováquia e com o 20º lugar na seletiva disputada na Bulgária. Na Grécia, serão 21 lutadores na categoria até 96 kg, a mesma de Jaoude. "Para ganhar o ouro vou precisar fazer cinco lutas, mas minha expectativa é ganhar o meu grupo, que são duas lutas, e assim ficar entre os oito melhores", disse Jaoude, que é treinado pelo último lutador brasileiro a disputar as Olimpíadas, Roberto Leitão, que esteve em Barcelona, em 1992. Jaoude está de passagem rápida pelo Brasil depois de uma sessão de treinamentos no Canadá. Após dez dias no Rio de Janeiro, o lutador embarca já na quarta-feira para uma preparação na Rússia e depois faz escala na Bulgária antes de chegar em Atenas.