Motocross | Pedro Nogueira/Da Redação | 08/05/2012 10h34

Esporte Ágil entrevista Victória Lino, a guerreira das duas rodas

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Campo Grande (MS) - O Esporte Ágil entrevistou Victória Lino, piloto de motocross que corre entre os homens e tira de letra as dificuldades. Além disso, está sempre arranjando um lugarzinho no pódio, mesmo com a diferença física entre um homem e uma mulher.

Confira parte da entrevista:

Victória Lino tem apenas 20 anos e muita história para contar. Piloto de motocross, ela compete entre homens por não haver categoria feminina no Estado. É uma das poucas mulheres do motocross sul-mato-grossense.

Exemplo de raça e dedicação, Victória não se deixa abalar com as intimidações na pista e busca apoio para competir o Brasileiro, também entre homens.

Esporte Ágil - Como e quando surgiu seu interesse pelo motocross ?

Victória Lino - Meu pai era piloto e meus irmãos também então desde pequena fui influenciada por eles. Corro desde os seis anos (1998). Passei pela 80cc e pelo 450 cc, agora estou no MX3, que é para pilotos acima de 35 anos. Minha família sempre me apoiou e deu muita força para eu competir, pois meu pai acredita no meu potencial.

EA - Quais dificuldades você enfrenta por ser uma mulher correndo entre homens ?

VL - Na pista eles não respeitam, pois todos são iguais durante a corrida. Eu sofri muito no começo. Me fechavam, batiam na roda traseira da minha moto. Não há preconceito, fora da pista somos todos amigos, temos uma boa relação. 

EA - Dessas fechadas, batidas em você, a Federação de Motociclismo do Estado de Mato Grosso do Sul (FEMEMS) não tomou nenhuma atitude ?

VL - Uma vez um piloto foi punido, porque foi uma batida descarada. O cara bateu em mim na curva. Mas é muito subjetivo saber se houve intenção de machucar. Na maioria dos casos não. O motocross é um esporte perigoso por natureza. É difícil para a FEMEMS justificar uma punição, provar que foi de propósito.

EA - Você está tentando patrocínio para disputar o Brasileiro ? 

VL - Sim, a FEMEMS não tem condições de ajudar. Tenho uma motorhome para vender publicidade, mas preciso de mais. Se eu for para alguma etapa será com dinheiro do próprio bolso. Tenho que agradecer o pai que tenho, que deixa de fazer uma viagem de fim de ano para eu correr um campeonato. Se é difícil para mim, imagina para quem tem menos condições ainda. É sofrido amar o esporte e ficar na vontade, não poder competir.

EA - Um campeonato feminino tanto no Estado, quanto no Brasil, daria certo ? Por que não existe ?

VL - Muitas meninas sonham em competir mas o pai não deixa. É realmente muito perigoso. Se a Confederação Brasileira de Motocross ou a Federação investisse, fizesse um campeonato feminino, seria um incentivo para garotas começarem no esporte. Os pais ficariam mais seguros. Agora, hoje, não é interessante fazer um campeonato feminino, seriam poucas pilotos, a corrida ficaria choca, sem graça.

EA - O motociclismo no Estado evoluiu nos últimos anos ? Se você recebesse um convite para correr fora, por uma equipe de outro estado, você iria ?

VL - Evoluiu. Do ano passado para este mudou muito. Horário certo, maquinário, segurança, ambulância, estamos com um bom campeonato. Nova Alvorada do Sul sediando etapas nacionais, estamos crescendo. Ainda falta é claro, uma pista de motocross em Campo Grande, todos reclamam muito disso. Temos que viajar para treinar, é complicado.

Eu aceitaria o convite sim, seria uma grande oportunidade que não poderia deixar passar. Meu objetivo é continuar competindo, continuar no motocross, é o que eu gosto e o que sempre vou fazer.

EA - Quais são seus principais títulos e seu ponto forte na pista ?

VL - Fui bicampeã de minicross em 2001 e 2002 e vice-campeã na 80cc em 2004, além de terceiro lugar em 2005 e 2006. Fui terceiro lugar na MX3 em 2009. Sou muito raçuda, vou até o fim e com os tombos e machucados, aprendi a aproveitar cada milímetro da pista,  a me defender, cair, erguer a cabeça e levantar. Antes eu ficava nervosa, chorava muito. Hoje vou até meu limite para deixar meu pai feliz.

Victória procura patrocínios para competir o Brasileiro. Interessados mandem e-mail para victoriamotocross@hotmail.com.

Para ver a entrevista na íntegra clique aqui neste link.

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