O lutador de artes marciais mistas (MMA), Tagore Kallew dos Santos, o “Faísca”, manteve seu cinturão na segunda edição do Dragon Fight Champions. O evento foi realizado na noite do último sábado (6), no Ginásio de Esportes Municipal Newton Lemes Marcondes, o Louquinho, em Maracaju-MS, a 160 quilômetros da capital do estado.

O maranhense Faísca, que atualmente reside e treina em Campo Grande, enfrentou Herikis Alves, o “Shaolin”, de Rio Brilhante-MS, pela categoria peso-palha (até 52 quilos), em disputa que valia o cinturão. Kallew bateu o rio-brilhantense por volta dos dois minutos do segundo assalto, ao finalizar o adversário com um armlock (chave de braço, no jiu-jitsu brasileiro).

Ao Esporte Ágil, Faísca revela que havia estudado seu oponente, mas não esperava se deparar com um confronto tão complicado. “Ele é muito forte, bom de wrestling (luta olímpica), conseguiu defender bem as minhas quedas, sempre jogando por cima, conseguiu me raspar. Adversário muito duro, mas deu tudo certo, coloquei o jiu-jitsu para funcionar e o finalizei”. O seu quesito mais forte é o jiu-jitsu, modalidade na qual é faixa-marrom.

Kallew faz uso do seu jiu-jitsu para superar o rival (Foto: Divulgação)

“Ele vem de uma família de lutadores e treina em casa. Eu assisti aos vídeos dele e realmente achei que seria uma luta bem fácil, que acabaria no primeiro round. No entanto, ele me surpreendeu, talvez pela minha autoconfiança excessiva, de entrar com a guarda baixa, brincar um pouco. Ele veio mais focado e me surpreendeu, esgotei minhas energias. Fiquei bastante feliz, gosto de duelos com esta intensidade”, acrescenta.

Um dos pontos negativos da noite do último sábado (6), apontados por Kallew, foi o frio intenso. “Estava muito frio e isso, de certa forma, me prejudicou, porque não estou acostumado a lutar com 4º”.

O atleta de Estreito-MA detém o cinturão da categoria peso-palha desde a primeira edição do torneio, quando venceu o paraguaio Camilo Cardoso (“Camilito Cardozo”).

Olho no olho

Sem medo de errar, esta foi a luta mais esperada do segundo Dragon Fight Champions, devido à intensa provocação entre os lutadores. A troca de farpas arrastou-se por meses antes da competição, principalmente por meio das redes sociais.

Kallew confessa que, por um momento, acreditou que as afrontas haviam passado para o lado pessoal. “Começamos a nos provocar de brincadeira, demos entrevista juntos no mesmo local e ele foi um pouco mais incisivo. Quando chegou na luta, vi todos os atletas se cumprimentando e nós não fizemos isso. Em nenhum momento ele abaixou o olhar. Ele olhava no meu olho do mesmo jeito que eu olhava no dele, uma situação bem tensa. Não tocamos as luvas antes de começar a luta, só depois que começou”.

Faísca x Shaolin foi o confronto mais aguardado da noite (Foto: Divulgação)

No entanto, ele afirma que os “disparos de gentilezas” serviu para apimentar e promover a luta no octógono maracajuense. “Todo mundo queria ver. Adoro esse clima de guerra, sou guerreiro e isso me fez ir mais motivado à luta. Depois do embate, ele me abraçou, e me elogiou, salientou minhas qualidades. Disse o mesmo para ele e tudo ficou em paz”. Em caso de pedido de revanche, o maranhense revela estar preparado. “Não sei quais são os planos dele, se vai querer revanche ou não, mas estou pronto. Desejo sorte para ele, é um bom lutador”.

“Up” na academia

Atualmente, Kallew dos Santos treina e administra a academia Attack Team, localizada na região Sul da capital sul-mato-grossense. Ele ressalta que, com suas consecutivas vitórias nos tatames, há um aumento do movimento no centro de treinamento. “Toda vez que venço alguma luta, minha academia se movimenta, alguns alunos voltam, outros novos aparecem”.

“Sempre que tenho a oportunidade de mostrar meu trabalho em um veículo de comunicação importante como o Esporte Ágil, ajuda-me mais ainda. Por isso, sou grato ao trabalho de vocês, que fazem um trabalho importantíssimo não só para o MMA, mas para qualquer arte marcial, ao divulgar e mostrar nosso trabalho que, às vezes, fica oculto para algumas pessoas”, opina.

Encaradas e provocações permaneceram até o início do embate (Foto: Divulgação)

Voos mais altos

Kallew completou 13 lutas profissionais no card oficial de MMA. Com o triunfo em Maracaju, o lutador completou dez vitórias, duas derrotas e ainda há uma luta sem definição por golpe ilegal do adversário, que não conta para registro no histórico de lutas.

Hoje, Faísca é considerado o melhor peso-palha de Mato Grosso do Sul. O atleta já representou o Brasil em lutas internacionais em quatro oportunidades e venceu todas. Ele salienta que, ao final do evento de MMA maracajuense, recebeu o convite para lutar em território internacional. Sua última luta fora do Brasil foi em Assunção (Paraguai), na Copa Team Force (CTF), neste ano, quando finalizou, com uma chave de pé, o paraguaio Moisés Gimenez. A luta durou 56 segundos.

Faísca é o atleta a ser batido na categoria peso-palha do DFC 2 (Foto: Divulgação)

“Assim que sai do evento, recebi o convite para lutar fora do país novamente. Um pouco mais longe desta vez. Estou afinando as questões burocráticas para viajar e os valores da bolsa. Mas posso adiantar que já tem o evento maior interessado em contar comigo. O campeão deste evento, hoje luta no Ultimate Fighting Championship (UFC). Então, é uma grande oportunidade de mostrar meu trabalho”, destaca ao Esporte Ágil.

Ele evidencia que seu sonho é chegar UFC. “Quero o UFC, estar entre os melhores. Eu só vou sossegar quando estiver entre estes caras de alto nível, estou focado e é lá que quero entrar”.

Quem quiser ajudar e patrocinar Tagore Kallew dos Santos ou a academia Attack Team, pode entrar em contato pelo telefone (67) 98151-8931.

Kallew "Faísca" dos Santos concedeu entrevista ao Esporte Ágil TV em fevereiro deste ano. Confira mais sobre a vida do atleta, clique neste link e assista.