Laço | Lucas Castro | 22/12/2017 16h00

Final dos Campeões do CLC reúne profissionalismo e tradição familiar

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Em Campo Grande, no final da semana passada, entre os dias 14 e 17 de dezembro, aconteceu a Final dos Campeões do Circuito de Laço Comprido (CLC) - ou, popularmente, conhecida entre os participantes como Copa -, considerada a última e decisiva etapa do ano.

 

Em busca do título, os melhores classificados das nove etapas, que ocorreram ao longo do calendário de 2017, reuniram-se na arena do Parque do Peão, localizado à 12 quilômetros da área urbana da capital, na saída para o distrito de Rochedinho.

 

Laço profissional

 

O laço comprido tem crescido em Mato Grosso do Sul e no Brasil. Junto com esse crescimento, o profissionalismo na modalidade ganha destaque a cada dia que passa, laçar se tornou negócio. Algumas equipes de ponta investem em laçadores profissionais e são capazes de desembolsar, aproximadamente, 100 mil reais por ano. Os prêmios ganhos, como carros e motos zero quilômetros, são de direito do contratante, o patrão. Em troca, esses laçadores recebem cerca de 2.500 reais por mês.

 

Mais do que um hobby, para o laçador Fábio Souza, que pratica o esporte desde os 12 anos de idade, o laço comprido se tornou uma profissão. “Hoje em dia, o laço é mais profissional. Mexo muito com treinamento de cavalo, os clientes trazem esses animais para eu treinar e já testo eles nas provas. Atualmente, é tudo pago para laçar. Ganho para laçar, tenho um salário para ir em busca dos prêmios”, declarou.

 

Souza afirma que participa de mais de 30 competições por ano não só em Mato Grosso do Sul, mas também em estados como Paraná e Rio Grande do Sul. Na Final dos Campeões do CLC desse ano, o laçador representou o Barcelona Rancho, de um dos sócio-proprietários do Circuito, Juliano Arcas.

 

Fábio é um entre muitos que competem profissionalmente no estado (Foto: Emerson Freitas)
 

Paixão e tradição familiar

 

Por outro lado, há quem pratique o esporte por pura tradição familiar e amor. É o caso da família Oliveira. Pai, mãe e filhos laçam juntos desde a primeira etapa do CLC, fundado em 2010.

 

Patrícia Oliveira foi quem desencadeou e estimulou a prática do laço em sua família. Hoje com 40 anos e formada em Direito, ela afirma que começou a laçar aos 15 anos e desde então nunca abandonou o esporte. “A minha família sempre mexeu com isso, todo mundo sempre foi envolvido com laço, meus tios foram fundadores de clube de laço. Sempre gostei de fazenda, de cavalo, já foi um caminho para gostar de laçar”, relatou.

 

A amazona que, normalmente, treina duas semanas antes das provas, ainda ressaltou as dificuldades e o investimento gasto para se participar de uma competição de alto nível, como as promovidas pelo CLC. “É um esporte, mas ao mesmo tempo se torna um hobby, porque o que ganhamos não dá para cobrir a sua despesa gasta. Para sair de casa e vir numa festa de laço, primeiro todos os exames do animal têm que estar em dia, temos que pagar o frete, o deslocamento dele do haras até chegar no evento. Quando o cavalo está aqui, temos que dar alimentação, fora a nossa alimentação nesses dias”.

 

Patrícia Oliveira espalhou para sua família a paixão pelo laço (Foto: Emerson Freitas)
 

O valor atual da inscrição no CLC é de 1.250 reais por equipe, o equivalente à 250 reais para cada integrante. Por mês, a família gasta em torno de 3 mil reais e isso faz com que tenham que optar em não participar de algumas competições.

 

Todavia, o alto investimento não desanima Renato Oliveira. Marido de Patrícia, ele tem consciência que o laço comprido ainda não é um esporte acessível a todos. “É um esporte caro, não é todo mundo que pode participar, o que é uma pena. Tem que ter animal bom e os equipamentos necessários para se praticar”.

 

Ao participar de competições de laço, Renato confessa que o maior objetivo é integrar a família e amigos. “Venho laçar, porque meus filhos e minha mulher vêm comigo. Todo mundo deseja ganhar, mas não viemos só para ganhar, viemos para participar da festa. Na nossa equipe, não criticamos ninguém, nós viemos aqui para brincar. O laço comprido é um negócio que, queira ou não queira, une muito a família e os amigos. Aqui encontramos pessoas que passamos muito tempo sem ver”, afirmou.

 

Acordar cedo para as provas, por volta das quatro e meia da manhã, não desanima o promissor João Pedro Oliveira, de 19 anos. Filho do casal, o jovem começou a laçar desde os sete anos de idade por influência da mãe. “Desde que começou o CLC, laço junto com minha família, minha mãe me trouxe para cá”, relatou.

 

O garoto ressalta ainda que, acima de tudo, a família tem que estar disposta: “Geralmente, as competições começam seis horas da manhã. Sabemos que podemos encarar condições adversas como poeira, chuva”.

 

De geração para geração

 

Tal avô, tal pai, tal filho. Alcindo Souza, mais conhecido como Alcindinho ou, até mesmo, “Dindo”, de seis anos, é um exemplo de tradição familiar que percorre gerações. Além disso, é um dos destaques da etapa final do Circuito entre os Fraldinhas e representa o Rancho Arizona.

 

Em 2016, no Brasileirão de Laço Comprido, organizado também pelo CLC, o menino com apenas cinco anos conquistou o título na mesma categoria e já se aventurou na categoria acima, entre os Mirins.

 

Com apenas 6 anos, Alcindinho já conquista títulos no laço comprido (Foto: Emerson Freitas)
 

De acordo com o pai, Erimar Souza, o popular Bug Souza, “Dindo” começou a laçar no ano passado e foi o grande motivo para que não abandonasse a paixão pelo laço comprido. “Pensei em parar um tempo, mas agora tem o meu menino que laça e eu não paro mais. É uma tradição de família, comecei a laçar aos nove anos com meu pai, meu avô e meu tio. Hoje, eu e meu pai passamos tudo o que sabemos para o Alcindinho. Penso que ele tem futuro e invisto nisso”, revelou.

 

A mãe tem grandes expectativas quanto ao futuro do garoto. Ela admite que, no início, tinha certa aflição no momento em que seu filho estava em cima do cavalo. “No começou eu tinha, agora já acostumei, pra mim é um orgulho muito grande e eu fico lá registrando tudo e torcendo por ele. Desde novinho já laça muito e o espelho dele é o pai. Ele se empenha diariamente, só isso que ele faz. Se ele não está laçando boi, está laçando uma cadeira”, comentou.

 

Pai, mãe e avô de Alcindinho, campeão Fraldinha do Brasileirão 2016 (Foto: Emerson Freitas)
 

Confira a galeria completa de fotos da Final dos Campeões do Circuito de Laço Comprido (CLC) 2017:

 

Galeria 1

Galeria 2

Galeria 3

Galeria 4

Galeria 5

Galeria 6

Galeria 7

Galeria 8

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