Confederação comemora a evolução do adestramento brasileiro
São Paulo (SP) - Apesar de a conquista do sul-mato-grossense Rogério Clementino neste sábado não ser exatamente uma surpresa, os dirigentes da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) comemorou o crescimento da quantidade de representantes nacionais na prova de adestramento. Para eles, o trabalho iniciado de olho no pódio nos Jogos Pan-americanos e, consequentemente, a vaga olímpica está mostrando resultados agora.
"O que estamos vendo é um reflexo da medalha de bronze por equipes no Pan, que reacendeu uma chama no adestramento. Há dois anos atrás, você não tinha uma quantidade de conjuntos como hoje (oito) disputando uma seletiva olímpica", observou Maurício Manfredi, presidente da entidade. "O Roger mesmo esteve muito perto dos 64% na última seletiva e vem evoluindo bastante. Hoje, fez uma prova irrepreensível, praticamente sem erros", comemorou.
O motivo para tamanho crescimento está na ponta da língua. "Estamos trabalhando com países que já tem mais tradição na modalidade, especialmente da Alemanha, que é o celeiro do adestramento. Eles nos auxiliam nesta subida de nível", apontou o presidente da CBH. Para ele, ao menos por enquanto, está de bom tamanho apenas fazer figuração nos Jogos Olímpicos. "Nossa meta, por enquanto é só participar. Estar acima disso é duro e precisa de um investimento a longo prazo", explicou.
Diretor de adestramento da CBH, o Coronel Salim Nigri também chamou atenção para a "popularização" do adestramento. "Esse é um grande processo seletivo, pois estamos conseguindo reunir cada vez um grupo maior de cavaleiros e animais para fazer a prova de mais alto nível que existe no adestramento, o Grande Prêmio. Ainda estamos começando, vamos passar por muitas dificuldades, mas se mantivermos este ritmo, superararemos tudo isso", acredita. "A gente só evolui no esporte quando tivermos universo suficiente de opções para fazermos uma boa seleção", lembrou.
Para Nigri, a rápida adaptação de Clementino ao nível mais alto é mérito do próprio atleta. "O Roger é um talento. Para se fazer uma prova de nível São Jorge (nível do Pan) é preciso apenas ser cavaleiro: saber montar e ter uma certa experiência. Para um Grande Prêmio, é necessário ser cavaleiro e ter muito mais sensibilidade", analisou.
"Na São Jorge, todos os movimentos são para frente. No Grande Prêmio há a dificuldade de que o cavalo precisa ficar no mesmo lugar. Ele, que é condicionado a andar para frente, tem que elevar as andaduras, fazer passagem e isso contraria a base. Se o cavaleiro não tiver sensibilidade para entender o cavalo, o animal se irrita e não faz. O Roger é equilibrado, constante e não se abala com absolutamente nada. Ele tem o domínio sobre o cavalo, o equilíbrio e a sensibilidade de fazer o que o cavalo quer", completou.
De acordo com Salim, o fato de os conjuntos verde-amarelos já terem disputado três seletivas pode ser benéfico nas duas provas seletivas restantes em território nacional. "Não adianta ficar treinando somente porque muda uma série de características na hora da apresentação. Por exemplo, tanto o cavaleiro como o cavalo ficam tensos. Essa é a dificuldade do adestramento. Trata-se de uma modalidade que é um jogo de treinamentos. Pode dar certo e pode não dar", ressaltou.
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