Operação Daiane dos Santos tenta prolongar vida útil de ginasta
São Paulo (SP) - A carreira de Daiane dos Santos na ginástica artística pode estar com seus dias contados. Nesta terça-feira, no desembarque da seleção brasileira em Guarulhos (SP) após a disputa do Campeonato Mundial em Stuttgart, o técnico ucraniano Oleg Ostapenko voltou a admitir que a atleta pode não chegar aos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 em nível competitivo internacional devido à seqüência de lesões que ela tem enfrentado. Para tentar prolongar a carreira competitiva da atleta, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) promete adotar um programa especial para recuperação da ginasta.
"Tivemos uma reunião com o Dr. Mário Namba (responsável pela seleção) e vamos voltar a Curitiba para fazer um trabalho diferenciado com a Daiane", garante a supervisora das seleções, Eliane Martins. "Assim como está é difícil", diz a dirigente, admitindo o receio de a ginasta não ter condições de participar de outra Olimpíada.
De acordo com Eliane, a comissão técnica vai reavaliar a situação da atleta e definir um programa especial. "Ela passou praticamente o ano todo com lesões e se continuar assim, pode ficar fora de Pequim. Não podemos deixar para depois".
Assistente técnica de Ostapenko da seleção, Irina Ilyaschenko acredita que um tratamento bem feito tornaria possível a equipe contar com Daiane na China. "Se fizer o tratamento, ela tem condições de estar lá. Estamos preocupados, mas esperamos com todo nosso desejo que ela consiga".
Para Irina, a participação da ginasta em mais este ciclo olímpico não é importante apenas pela capacidade de obter bons resultados no torneio. "Ela tem um valor pessoal para as meninas e estar com a equipe tem um peso importante".
A gaúcha Daiane tem uma trajetória diferenciada no universo da ginástica. Ao contrário da tradição da modalidade, ela começou a praticar o esporte tarde, aos 11 anos. Mas para Irina, isso não tem nenhuma relação com a freqüência de contusões da ginasta. "Não tem relação", diz, minimizando o problema dentro da seleção. "Se você olhar as outras seleções, nossa equipe é a que tem menos problemas com isso", compara.
A própria ginasta também revela certa insegurança, mas mantém o otimismo. "A gente tem até Pequim, agora vou cuidar do meu pé. Tem muita coisa para acontecer e é só tratar. Espero estar com a seleção no ano que vem para conquistarmos um resultado até melhor do que a gente já conseguiu".
Campeã mundial de solo em 2003, Daiane integrou a seleção nacional nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, terminando em quinto lugar no solo, em mais um ciclo de problemas físicos. Submetida a duas cirurgias no joelho, seu último calvário médico teve o ápice nos Jogos Pan-americanos do Rio, em julho, quando sua participação também foi posta em risco.
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