Editorial | Da redação | 16/12/2014 16h30

R$ 147 mil para homenagear nosso fracasso

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Atleta Rosinha Conceição pedia patrocínio na Câmara Atleta Rosinha Conceição pedia patrocínio na Câmara (Foto: Marcos Ermínio Dias Cáceres)

Muito para poucos, e pouco para muitos. A filosofia implementada na Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) há alguns anos, ao que parece, não terá fim tão cedo. Enquanto atletas imploram por apoio - como na última semana, quando uma atleta mendigou apoio durante sessão na Câmara Municipal -, nossos gestores dão de ombros e ignoram aqueles que mais precisam. E pior: têm o disparate de investir R$ 147,7 mil em uma festa de premiação. Premiar o que? Nosso fracasso no esporte?

O extrato do convênio, assinado com o Instituto Esperança para a realização do Prêmio Fundesporte 2014, foi publicado no Diário Oficial do Estado do último dia 11 e causou enorme desconforto entre esportistas, técnicos e dirigentes de federações.

Afinal, um dia antes, a atleta Rosinha Conceição praticamente implorava por patrocínio na Câmara Municipal de Campo Grande. “Vereadores, necessito de apoio financeiro para a São Silvestre e Corrida de Reis”, dizia o cartaz que ela, rodeada por seus trofeus, segurava durante a sessão. 

O evento, segundo palavras do próprio presidente da Fundesporte, Jefferson Hespanhol Cavalcante, “é uma forma mínima de reconhecimento e incentivo destas pessoas que levam o nome de nosso Estado por todo o País”. Levam o nome de Mato Grosso do Sul? Com certeza. Graças a Fundesporte? Há controvérsias. A festinha, anunciada com pompa no site da entidade, soou como um tapa na cara de atletas que, por falta de apoio, deixam de competir. 

A entidade, não é de hoje, é alvo constante de reclamações e cobranças por conta da (má) distribuição dos recursos do FIE (Fundo de Investimentos Esportivos). Reforçamos: a nova direção da Fundesporte deve, com a máxima urgência, mudar o hábito de se beneficiar com muito alguns poucos, enquanto muitos ficam a ver navios. 

Entidades consideradas ‘ricas’, como as de esporte a motor, recebem quantias astronômicas anualmente, cobram taxas altas dos participantes, premiam somente com troféus e medalhas e pouco colaboram com o desenvolvimento social de jovens.

Enquanto isso, promessas que sequer possuem um tênis adequado ficam impedidos de competir por falta de apoio.

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