Editorial | Da redação | 13/07/2016 14h29

Piscina de lágrimas: a dor causada pelo descaso

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Ex-atleta, João Rocha foi às lágrimas com o descaso no Parque Ayrton Senna. Ex-atleta, João Rocha foi às lágrimas com o descaso no Parque Ayrton Senna. (Foto: Bruno Ribeiro/CMCG/Divulgação)

O choro de um atleta pode ter vários significados. O fracasso em uma disputa cuja vitória era dada como certa. O triunfo, quase inimaginável, quando todos acreditavam na derrota. Ver um sonho perto de se tornar realidade e, num piscar de olhos, tudo cair por terra. Dor, tristeza e alegria.

Em Mato Grosso do Sul, um atleta chora por não ter um tênis para competir, ou não conseguir patrocínio para uma viagem. Em alguns casos, por ver que milhares de crianças poderiam estar na prática esportiva, mas o Poder Público não lhes oportuniza isso.

Recentemente, o professor João Rocha, que tem uma vida dedicada ao esporte, caiu em lágrimas ao ver o abandono do Parque Ayrton Senna, em Campo Grande.

O espaço, que deveria ser referência em nossa cidade, está sucateado. As piscinas estão desativadas e obras de melhorias no local estão paradas. A pista de atletismo, que seria melhorada, hoje sequer existe.

“A Câmara conseguiu R$ 3,5 milhões junto ao Ministério do Esporte para a construção de uma nova pista. O dinheiro está no caixa da prefeitura, mas o prefeito não colocou em pratica. O que vejo hoje é sucata na pista de atletismo, canaletas entupidas”, disse o sansei, que também é presidente da Câmara Municipal da Capital.

“O que eu vejo aqui é o prefeito acabando com mais de 30 anos de trabalho. O que via antes no parque eram piscinas e quadras lotadas. Hoje vejo, com muita tristeza, tudo sendo destruído por falta de cuidados e projetos da prefeitura. Isso é um crime. Isso é improbidade administrativa. O prefeito além de não construir novas coisas, ainda destrói o que foi construído”, desabafou à imprensa.

O choro não é demagogia, apesar de alguns acreditarem o contrário. Em entrevista recente ao Esporte Ágil, sem câmeras por perto, o sensei faixa-coral de 7º Dan e um dos mais respeitados entre os judocas brasileiros também caiu no choro ao lembrar da grave lesão que o tirou dos tatames e do que pode agora, como professor, mestre e atualmente vereador, oportunizar aos mais jovens com o cargo que ocupa.

“Alegria é, como já disse, poder oferecer àqueles que podem menos a oportunidade da prática do esporte, pois eu também já pude menos”, disse, com os olhos marejados.

Há quem diga que política e esporte são caminhos separados, que não se misturam, e que devem seguir paralelamente na vida de uma pessoa. Para o professor João Rocha, porém, isso é diferente.

Ex-judoca, o professor de Educação Física já foi presidente da Fundesporte (Fundação de Esporte do Estado), da Funesp (Fundação Municipal do Esporte), passou por dois mandatos a frente da FJMS (Federação de Judô de Mato Grosso do Sul) e no trabalho de técnico revelou atletas para competições nacionais e internacionais. Atualmente, também é vice-presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).

Como dirigente, também galgou postos, com destaque nacional: hoje, além de ser vice da entidade máxima do judô brasileiro, é presidente do Conselho Nacional de Graus.

O choro de João Rocha, naquele momento no Parque Ayrton Senna, representou milhares de jovens campo-grandenses e aficcionados pelo esporte, tristes e, ao mesmo tempo, revoltados com a situação em que se encontra o desporto em nossa Capital.

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