Março: Troca de comando no esporte de Mato Grosso do Sul.
No início deste mês de março, as conversas sobre as eleições para prefeito municipal e vereadores ganharam mais força. No esporte, a notícia mais relevante foi a exoneração do professor João Rocha de seu cargo de presidente da Funesp (Fundação Municipal de Esportes), deixando sua vaga para o diretor-adjunto Carlos Alberto Assis, mesmo que o prazo final para a exoneração fosse apenas o mês de março.
O prefeito Nelsinho Trad afirmou aos jornais e sites campo-grandenses que já estava combinado no início do ano com seus secretários, que aqueles que se candidatariam à vereança, seriam exonerados no final de fevereiro. O professor João Rocha já anunciou sua pré-candidatura pelo PSDB para a Câmara dos Vereadores no pleito eleitoral deste ano. Seus substituto, Carlos Alberto Assis, é também filiado ao PSDB e deixa seu cargo como presidente do Comercial Esporte Clube para assumir a Funesp até o final deste ano. A sucessão de João Rocha por Carlos Alberto Assis tende a não apresentar grandes mudanças na forma de trabalho da Funesp, uma vez que este já era diretor-adjunto da entidade e também já havia sido diretor da Fundação de Esportes.
Na Fundesporte, órgão do Governo responsável pelo esporte, Dirceu Lanzarini já anunciou que irá deixar a entidade para candidatar-se à Prefeitura de Amambaí. Mesmo tendo assumido o cargo em 2007, apenas neste ano é que as ações da Fundesporte passaram a aparecer, uma vez que o Governo anunciou investimento de R$ 9 milhões na área, verba que seria destinada para infra-estrutura, eventos organizados pela entidade e repasses para entidades esportivas.
O histórico de transição de cargos na Fundesporte não é tão animador quanto na Funesp, por um quadro histórico recente, que apenas os envolvidos no momento poderão alterar. Na última vez em que assumiu a Fundesporte e a deixou para candidatar-se ao cargo de deputado, no ano de 2006, o então governador José Orcírio empossou o vereador douradense Carlinhos Cantor. Neste ano, a verba do Fundo de Investimento Esportivo (FIE) já havia sido vetada por Zeca e todas as Federações esportivas ficaram com suas finanças em dificuldade, uma vez que este é o maior aporte de verbas destas entidades. Carlinhos Cantor fez praticamente nada pelo esporte no Estado, mas isso poderia se justificar pelo fato do governador ter retido a verba do FIE. Porém, ao final do ano, a cidade de Dourados passou a ser "agraciada" com verbas do FIE, realizando eventos de alto custo, como o Prêmio Esporte Dourados, e também o absurdo repasse de R$ 300 mil para o clube de futebol Ubiratan, que está com suas atividades paralisadas. Segundo a Sejel (Secretaria de Juventude Esporte e Lazer), na época, o valor seria destinado à revitalização do clube de esportes. Atualmente, o Ubiratan continua da mesma forma que se encontrava antes de receber a bolada em dinheiro: entregue às moscas. A verba não foi investida naquele clube, pois o mesmo não apresentou melhoria que justificasse o investimento de R$ 300 mil. Onde então estaria todo este dinheiro, que tanto poderia ter ajudado o esporte sul-mato-grossense na época? Poucos (ou ninguém) sabem, mas qualquer um pode desconfiar...
FIE - Neste ano de 2008, a verba do FIE já começou a ser distribuída, sendo que a Fundesporte está estudando os projetos das Federações individualmente e assim, repassando a verba que julga necessária. Espera-se que haja boa-fé de parte de nossos dirigentes no emprego da verba e dos nossos governantes em sua distribuição, para que nenhuma modalidade seja privilegiada ou desfavorecida por amizades, inimizades ou politicagem. O esporte deve ser o único beneficiado por este valor, pois quando uma cidade, Estado ou País, tem um esporte forte, tem também desenvolvida sua educação, lazer, segurança e saúde.
Cene x Palmeiras - O jogo foi aquilo que estava destinado a ser: uma partida de ataque do Verdão contra a defesa do Furacão Amarelo, que resistiu bravamente por todo o primeiro tempo, mas acabou sucumbindo diante da pressão do time visitante e sendo eliminado ainda no primeiro jogo de sua participação na Copa do Brasil.
E continuará sendo assim enquanto não houver uma renovação no quadro e na mentalidade de nossos dirigentes, que estão no comando tanto da Federação como na dos clubes. O futebol sul-mato-grossense ainda é administrado de forma amadora. Quando bem administrado, sempre aparecem pessoas influentes, nos mais altos cargos, que se incumbem de buscar os interesses próprios em detrimento ao esporte.
O que dizer do episódio da venda de ingressos para o jogo entre Cene e Palmeiras? Sobre seu preço e a prestação de contas dos ingressos vendidos? Alguém acha que havia apenas pouco mais de seis mil pessoas no dia do jogo no Morenão? A Federação de Futebol de MS anunciou que havia sido colocado a venda 12 mil ingressos, pois esta seria a capacidade da arquibancada descoberta do estádio. Quem esteve presente viu que esta área estava praticamente lotada, fato que pode ser comprovado pelas fotos. Vejam as fotos e concluam se caberia na arquibancada descoberta, o dobro de pessoas presentes naquela noite. Se haviam muito mais pessoas do que o anunciado, onde está a verba da venda destes ingressos? Esta foi a reclamação dos dirigentes palmeirenses, que primeiramente reclamaram aos organizadores, depois o fizeram publicamente, enviando um comunicado à CBF.
É necessário renovação no futebol sul-mato-grossense. O futebol goiano passou por este processo, se renovando e pensando de forma profissional e hoje já colhe os frutos de um campeonato estadual de relativo sucesso. Mato Grosso do Sul é um estado promissor, onde os clubes poderiam buscar investimentos na agro-indústria e nas indústrias advindas do processo de industrialização que passa o Estado, mas é necessário Transparência por parte da Federação e Clubes, para que a iniciativa privada possa ter a segurança de investir e também colher frutos quando o futebol de MS volte a lutar, ao menos, para passar da primeira fase da Copa do Brasil.
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