Editorial | Da redação | 30/06/2016 15h35

A Tocha Olímpica deixou atletas de lado. O que fica para MS?

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Os atletas de Mato Grosso do Sul tiveram papel de coadjuvante durante o revezamento da Tocha Olímpica, que passou por nove cidades sul-mato-grossenses no último final de semana. Com todos os holofotes voltados para nosso Estado, perdemos uma grande oportunidade de dar visibilidade àqueles que sacrificam boa parte de suas vidas pelo esporte.

O símbolo olímpico chegou à Campo Grande no dia 24. Dormiu por aqui e, no sábado, seguiu de helicóptero para Bonito. Durante a tarde, retornou à Capital, onde iniciou oficialmente seu trajeto.

No domingo, seguiu para Sidrolândia, passou por Maracaju, Rio Brilhante, Itaporã, Dourados, Nova Andradina Bataguassu, de onde partiu rumo ao estado do Paraná.

Somente em Campo Grande, foram quase 100 os responsáveis por conduzir a chama. Pessoas ligadas ao esporte, no entanto, foram preteridas, o que causou revolta em atletas, técnicos e dirigentes.

O jogador de basquete Janjão, por exemplo, esteve em uma Olimpíada (Atlanta/96) e dois Mundiais (94 e 98) e conquistou duas medalhas de bronze, na Copa América de 1997 e nos Jogos Panamericanos de 1995. Foi esquecido. Já outros, sem tanta contribuição com o desporto sul-mato-grossense, foram enaltecidos.

Nomes como Edmilson Dubinha, do Futebol; Rosinha Conceição, do atletismo; Michele Ferreira, do judô; e Ana Carolina Muniz, ex-nadadora, foram merecidamente lembrados pela organização, mas esquecidos pela mídia –com raras exceções-, assim como outros esportistas que carregaram o bastão. Em Dourados, a judoca Camila Gebara, nome constante nas convocações da Seleção Brasileira, foi outra que fez por onde para carregar a chama pelas ruas de sua cidade.

De acordo com a Prefeitura de Campo Grande, a organização da passagem da tocha é de responsabilidade exclusiva do comitê organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Ainda segundo o município, a escolha dos participantes foi feita pelos patrocinadores oficiais, enquanto a Prefeitura indicou apenas 12 pessoas.

Enquanto muitos de nossos esportistas não possuem sequer um tênis para competir, a Prefeitura ainda gastou com a ‘maquiagem’ nas ruas do trajeto, que receberam pintura e reforço na sinalização, e com a festa para recepção da chama. Os custos, no entanto, não foram divulgados.

Segundo reportagem do jornal O Estado MS, o COI (Comitê Olímpico Internacional) cobra de cada participante do revezamento olímpico a bagatela de R$ 1.985,00, equivalente a 495 libras. Só com os condutores, o custo da passagem da tocha em Campo Grande foi de R$ 301 mil, ainda conforme o jornal. E alguns convidados ainda tiveram o privilégio de terminar o trajeto e levar uma “tocha” para casa como brinde dos patrocinadores.

Dinheiro que não sai dos cofres do município, mas decepcionam qualquer um que vive do esporte, não tem apoio algum e sonha em disputar uma Olimpíada.

Ao que parece, o legado da Tocha Olímpica em Campo Grande ficará restrito às mínimas intervenções feitas pela Prefeitura nas ruas por onde ela passou. Mudanças que, logo, desaparecerão, assim como os nossos atletas, sem apoio e fadados a desistir do esporte ou buscar outros estados.

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