Copa do Mundo | José Pissin | 05/06/2009 14h13

"Cuiabá levou a sede da Copa. E daí?", por José Pissin

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Campo Grande (MS) - Só quem conhece as duas capitais, Campo Grande e Cuiabá, pode tecer algum tipo de comentário sobre o assunto. Neste caso, estou plenamente apto a expressar aqui a minha opinião sobre.

Campo Grande é uma cidade muito melhor, isso é fato. Tanto é que já tive muitas oportunidades de sair daqui, de exercer minhas atividades profissionais em outras paradas, mas a qualidade de vida dessa cidade pacata e próspera é imbatível pelo Brasil a fora. Conheço todas as capitais, posso disso sem medo de errar.

Tenho certeza de que se somente a cidade fosse realmente o critério para a escolha, nós teríamos sido escolhidos, mas, temos que olhar as coisas de forma mais realista.

Primeiro, a FIFA e a CBF estão muito longe de serem ONGs ou entidades preocupadas com o povo, melhoria de qualidade de vida, IDH e outras diretrizes populacionais. A questão deles é uma só: dinheiro, lucro, cacau, money. Ou você acredita que eles coordenam e organizam o futebol pelo mundo, e as copas, somente para o benefício e entretenimento do povo?

Claro que governo do MT, principalmente seu governador, Blairo Maggi, um dos maiores fazendeiros e devastadores da natureza do mundo, trabalhou fortemente no lobby e nas falcatruas administrativas para levar a Copa. E olha que para superar os nossos políticos nesse aspecto precisa mesmo ser muito bom.

Mas a conivência da CBF com o MT não parece ser mero acaso. Especula-se que o presidente da entidade, senhor Ricardo Teixeira, possui empreendimentos no município de Rondonópolis. Além disso, está conseguindo aluns incentivos fiscais para novos empreendimentos na região. Só esse aspecto, se totalmente verdadeiro, já não poderia ser considerado motivo suficiente para um direcionamento na decisão?

É fácil para ele dizer que a decisão foi da FIFA, isso é jogar o problema para longe. Nem os políticos do MS, nem o nosso povo, conseguiram chegar a um consenso se queriam ou não a Copa aqui. Isso facilitou muito a vida do povo lá do norte. Na verdade, as pessoas, além de não acreditar, pois era um movimento encabeçado por políticos, também não tinham a visão e consciência dos benefícios reais e duradouros para a cidade.

Eu não tinha muitas expectativas, mas o movimento culminou em um trabalho interessante. O levantamento dos problemas que a cidade tem para receber um grande número de pessoas, as dificuldades na saúde, nos transportes, na segurança, na rede hoteleira e na infra-estrutura em geral. Surgiram diversas propostas para melhorar a cidade, algumas exageradas e absurdas, mas os problemas não, esses são reais.

Agora os políticos estão com uma batata quente na mão. Eles prometeram arrumar dinheiro e resolver todos os problemas da cidade, e agora? Tirando o estádio e rede hoteleira, que somente seriam essenciais se a Copa fosse aqui, será que vão resolver o resto?

Certamente se o povo cobrar o que deve ser feito, eles no mínimo terão de dar as respostas. Agora, o negócio é aturar os cuiabanos enchendo nossa paciência e tirando sarro, talvez iniciar um movimento para boicotar a copa em Cuiabá. Pantaneiro que tem vergonha na cara vai ver jogo em SP, mas jamais em Cuiabá.

Também não queremos a esmola de receber times para treinar por aqui, principalmente porque a cidade não tem as condições mínimas, não é verdade?

Copa de 2014, veja pela televisão, ou melhor, vai jogar basquetebol que é muito mais legal.

Texto: José Pissin

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