Bate-Bola | Vitor Yoshihara/Da redação | 10/11/2008 12h30

Bate-bola: Maroka

Compartilhe:
Luta agora é pela busca de apoio do poder público para realizar os campeonatos. Luta agora é pela busca de apoio do poder público para realizar os campeonatos. (Foto: Foto: Vitor Yoshihara/Esporte Ágil)

Maroka

Se chamarmos pelo seu nome, Maurio Martins Pereira, certamente poucos irão reconhecê-lo. Já seu apelido, Maroka, é bem mais conhecido. Aos 44 anos, ele é um aficionado pelo esporte que realiza campeonatos na Praça Jockey Clube há mais de 18 anos. Nascido em Fátima do Sul e residente em Campo Grande desde a década de 70, o ex-jogador do Operário Futebol Clube busca agora, através da Federação de Futevôlei que ajudou a criar, apoio do poder público para poder realizar as competições no bairro.

Esporte Ágil - Como foi seu primeiro contato com o esporte?
Maroka -
A gente vem trabalhando com o esporte já há muitos anos. Sempre gostei de esporte, sempre fui atleta. Na época de escola, meu esporte preferido era o handebol, fui jogador inclusive do Leucídio, mas sempre gostei de futebol também. Com 13, 14 anos, fui jogar futebol nos juvenis do Operário, onde fui campeão nas categorias juvenil e júnior e participei da equipe profissional. Mas no futebol era difícil aqui no Mato Grosso do Sul ser aproveitado, tinha que ser excepcional, pois até 88 o Galo trazia de fora um avião cheio de jogadores. Então os atletas daqui, poucos se sobressaíam, que era o caso do Lima, do zagueiro Amarildo, do Gilson, do goleiro Marquinhos. Eram vários jogadores que tinham condições de jogar, mas que não eram aproveitados, pois o clube tinha uma política de trazer atletas de fora e dificilmente éramos emprestados. Aí parei, passei a trabalhar no Bradesco, recebi um convite por causa do futebol, o gerente na época gostava da modalidade. Participamos da Copa Morena, fomos campeões da fase metropolitana, e também o envolvimento com o futebol é de muito tempo para trás, a gente gosta muito.

Esporte Ágil - E essa idéia de organizar torneios? Começou quando?
Maroka -
Surgiu na época em que eu saí do banco e montei um trailer na frente do campo de futebol do Jockey. E não havia campeonato. Então um amigo meu me chamou para que como a gente gostava da modalidade, para organizar eventos naquela região. Fiz o primeiro, gostei, tomei gosto pela coisa, e estamos fazendo até hoje. Parei uma época, quando fui embora para o Japão, fiquei dois anos fora. Quando retornei o futebol aqui no Jockey, infelizmente os campos de onze o próprio poder público acabou com eles, virou tudo suíço aqui em Campo Grande, poucos campos podem ser aproveitados, e o que gosto mesmo são os campos de onze, e a gente fazia uma época no campo de chão do Jockey Clube campeonatos com mais de 24 equipes amadores, mas com regras oficiais, da CBF. Hoje é praticamente só futebol suíço.

Esporte Ágil - De onde surgiu o apelido Maroka?
Maroka -
Do próprio futebol. Na época tinha o goleiro Marola, aí alguém me chamou de Marola, Maroka, e eu era Maurio... Minha família, por exemplo, me chama de Mário. Maroka acabou indo para a rua e pegou.

Esporte Ágil - Como é a experiência de realizar campeonatos sem apoio do poder público e privado?
Maroka -
Não temos apoio nenhum do poder público. Não temos nada. Eles simplesmente nos dão o campo na praça do Jockey Clube, entregaram para a associação, e nós tentamos administrar da melhor maneira possível. Só que, como é uma praça aberta para a comunidade, tem as crianças que jogam, é até engraçado se falar, pois o poder público deu a praça não deu a estrutura para cuidarmos dela. Não temos quem cuide da praça, temos que pagar alguém para cuidar. Hoje já está programada uma reforma para o campo do Jockey. O poder público infelizmente não ajuda em nada, acho porque eles já tem a programação deles no ano, com várias federações que são ajudadas. Por isso essa  idéia de criar a Federação de Futevôlei de MS, fundada dia 4 do mês passado, registramos inclusive. Temos mais de 20 duplas praticantes de futevôlei aqui em Campo Grande, e quando o poder público realiza um torneio de futevôlei poucas duplas vão. Não sei por que. Não sei se a pessoa que realiza, a responsável, não sei se na Funesp ou na Fundesporte, não tem o contato com os atletas. Já nós, temos com todos os jogadores e fazemos um torneio no Jockey Clube, que está caminhando para sua nona edição. Sucesso total, temos realmente contato com as duplas e estamos querendo expandir isso para o interior do Estado também.

Esporte Ágil - Nesses mais de 18 anos organizando torneios, você nunca teve apoio de alguma federação?
Maroka -
Nenhuma. O que nós temos é ajuda dos clubes, das empresas. Eu vou, convido as instituições, cobro inscrição, elas pagam, dessa inscrição tiro um valor para darmos prêmio em dinheiro. Antigamente não se dava premiações, mas se agente não der prêmios assim os times não participam. Tem campeonatos que já estão dando dez mil reais em prêmios, que é o caso do campeonato do bairro São Conrado. Cobra-se quinhentos reais de inscrição, e se repassa para os campeões cinco mil reais, para o vice três mil reais e mil para o terceiro colocado, aparelhos de DVD para artilheiro, melhor goleiro. É uma infinidade de prêmios mais os troféus, aí alguém aqui em Campo Grande teve ajuda do poder público e realizaram um campeonato muito bom na Capital valendo dinheiro. A onda pegou, as empresas não entram mais em torneios hoje só pelo troféu. Entra também para conquistarem o dinheiro, fazer a festa para os jogadores, dividir o prêmio. Por isso que está difícil organizar competições, devido ao grande número de campeonatos que tem na cidade, cada bairro tem uma praça, cada praça tem seu organizador de eventos. Até para se confeccionar uma tabela fica difícil. Tem que ter muita credibilidade para se manter hoje realizando eventos desse porte.

Esporte Ágil - Além do futebol e do futevôlei, você tem a intenção de organizar competições de alguma outra modalidade?
Maroka -
Nós já fizemos um grande evento a cerca de 4 meses atrás, sem apoio nenhum do poder público. Realizei um campeonato de sinuca na praça, colocamos quatro mesas de sinuca e fizemos torneios nos naipes masculino e feminino, futebol suíço para crianças, futebol de salão para as crianças, futebol feminino, futebol suíço, vôlei masculino e feminino, futevôlei, cama elástica para a criançada, estouramos pipoca... Foi uma coisa inédita no bairro, que agregou vários bairros juntos, várias equipes, fizemos um torneio de futebol, foi um sucesso. Agregamos mais de 600 pessoas, entre crianças, mulheres, e pretendemos realizar outro.

Esporte Ágil - E quando vai ser esse outro?
Maroka -
Nós vamos fazer um projeto através da Federação de Futevôlei, porque me parece que o poder público ajuda realmente as federações. Nós estamos nos organizando, vamos levar o projeto para o [Júlio César] Komiyama, que é o presidente da Fundesporte, e quem sabe teremos pela primeira vez apoio do poder público, e é o que eu espero, confio demais nele porque ele gosta de futebol, gosta de esporte. Fiquei contente quando soube que o Komiyama está a frente da fundação porque é uma pessoa ligada ao esporte. Até então o ex-presidente era até político senão me engano. Lógico que existem várias pessoas trabalhando na Fundesporte, mas tem que passar pela mão do presidente, não é verdade? O Komiyama é um cara que gosta de futebol e que abrange todas as modalidades.

Esporte Ágil - Quem tiver interesse em participar ou ajudar na organização de seus torneios?
Maroka -
Deve entrar em contato comigo pelo telefone 9239-0002. As pessoas que querem patrocinar algumas dessas modalidades, alguma empresa, porque nós vamos ter o CNPJ da federação e isso pode ser abatido em imposto. A finalidade é fazer esporte, o Jockey Clube, por exemplo, é a praça mais utilizada em Campo Grande, tudo isso sem ajuda do poder público. Com a ajuda deles vai ficar melhor ainda.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS