Bate-Bola | Marcelo Eduardo da Silva | 07/07/2008 12h38

Bate-bola: Júlio César Komiyama

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Komiyama é coronel aposentado da PM e profissional de educação física. Komiyama é coronel aposentado da PM e profissional de educação física. (Foto: Marcelo Eduardo da Silva/Esporte Ágil)

Júlio C. Komiyama

Profissional de educação física e coronel aposentado pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, o diretor-presidente da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul), Júlio César Komiyama, concedeu entrevista ao Esporte Ágil em 30 de junho, dia de seu aniversário de 51 anos. Ele assumiu o cargo este mês e comenta sobre as metas de sua gestão e suas experiências no esporte.

Neto de japoneses, nascido em Campo Grande, ele afirma que "fará de tudo para que nosso esporte engrandeça o estado". Ele também relata que a Fundação é pouco divulgada e em sua gestão ela deverá promover atividades que fomentem a prática desportiva em todas as regiões do estado.

Esporte Ágil - Qual a visão que o senhor tem do esporte? Como ele se relaciona com a saúde, a cidadania e a educação?
Júlio César Komiyama -
Acho a prática desportiva muito importante porque agrega vários fatores. O esporte reúne sociedades, povos, independente de etnia, cor, raça. Fora que hoje o esporte significa algo maior; influi na economia de um estado, dos municípios [como o caso de campeonatos que ocorrem nas cidades e geram renda em outros setores, hoteleiros, prestação de serviços, etc.]. Existe investimentos no esporte que tem pessoas com deficiência física, visual. Então, o esporte engloba tudo.

É importante observar que tudo é esporte, não só o futebol, que é a paixão do brasileiro, mas o handbal, o basquete, o vôlei, o atletismo, etc.

O esporte já dá a questão da cidadania, o relacionamento entre pessoas e, principalmente, a parte de saúde. Lógico que você tem que ver se tem uma saúde boa,  tem que passar por uma clínica, um médico, para ver se pode correr, se pode se exercitar. E, fora isso, o esporte não tem idade. Não é só uma modalidade, só uma pessoa, todos se envolvem, da criança à terceira idade. Porque é importante para a qualidade de vida.

Esporte Ágil - E como o senhor observa o esporte em Mato Grosso do Sul?
Júlio César Komiyama -
Vejo o esporte crescendo muito em Campo Grande. E no Mato Grosso do Sul está muito difícil. É o que nós viemos fazer aqui [na direção da Fundesporte] melhorar o esporte em Mato Grosso do Sul. Nós vemos o esporte como prioridade e vamos buscar fazer com que ele seja uma grande prioridade.

Esporte Ágil - E como a Fundesporte irá fazer isso: colocar o esporte em Mato Grosso do Sul como prioridade?
Júlio César Komiyama -
Eu diria que hoje nós não temos um destaque no esporte em Mato Grosso do Sul. Nós não temos aqui, por exemplo, um time de vôlei ou de basquete que se destaque nacionalmente. Não temos uma modalidade que se destaque, nós temos individualidades. Aqui nós temos vários atletas individuais que saem do nosso estado porque aqui não têm um incentivo.

Nós pretendemos, para o ano de 2009, construir um Centro de Treinamento para Atletas. Para que o atleta fique em nosso estado. Para que nós possamos dar condições para ter um destaque em modalidades, não só individualmente. Vamos supor que tenha um destaque no voleibol. Para que nós possamos sair para ter um destaque nacional nós temos que ter credibilidade. Para que as equipes de outros estados digam "O MS tem uma equipe forte. Está com uma equipe boa". Hoje nós não temos uma equipe de qualquer esporte no cenário nacional.

Esporte Ágil - Isso tudo necessita de investimentos. De onde vêm os recursos para a manutenção da Fundesporte e das ações apoiadas por ela?
Júlio César Komiyama -
Nós temos o FIE, que é o Fundo de Investimento no Esporte, do Governo Estadual, que dá suporte para nós. Fora isso, nós temos o auxílio do Governo Federal, que também "investe grande" no esporte. Então, com estes investimentos dos governos Estadual e Federal, nós temos sim um investimento grande. Eu acho que dá para fazer uma gestão muito boa na Fundesporte. É lógico que nós temos que adequar. Temos que fiscalizar todos os recursos que são repassados por nós.

Esporte Ágil - E como é o processo onde são repassados estes recursos aos atletas, à sociedade?
Júlio César Komiyama -
Nós não passamos diretamente para os atletas e sim para as federações. Por exemplo, se a Federação de Basquete vai promover alguns jogos, então nós passamos para a Federação de Basquete. Ou no caso de atletismo ou vôlei , para a Federação de Atletismo, de Vôlei. Então, é assim. É como se fosse um tipo de parceria com elas.

Agora, quanto ao atleta. Muitas vezes, um atleta se destaca numa modalidade individual. Atualmente, o que o atleta precisa nós damos. Mas, nós não investimos no atleta sozinho. Por exemplo, ele é do tênis [individual], mas ele é da Federação de Tênis. Então nós ajudamos a federação; e assim, através da federação ajudamos o atleta.

Só que quando nós fizermos o Centro de Treinamento do Estado, nós teremos como investir no atleta e na modalidade. O Estado vai bancá-lo para que tenha um representante nosso, do estado de Mato Grosso do Sul, se destacando ainda mais no cenário nacional.

Outro grande objetivo para 2009 regionalizar o estado. Ou seja, dividir o nosso estado em regiões para que aconteçam os jogos nessas regiões. Aí vamos tirar os melhores de cada região. Que quer dizer isso? Quer dizer que vamos aumentar o número de participantes e aumentar o número de municípios, que participam. Então nós tiraremos sim os melhores atletas de todo o estado.

Esporte Ágil - As federações devem apresentar um projeto para ter direito ao investimento?
Júlio César Komiyama -
Funciona assim... Por exemplo, a Federação de Handebol me dá a programação de jogos anual. Em cima dessa programação de jogos dela é que liberamos os recurso. Ou seja, ela vai apresentar um trabalho, um projeto do que ela vai fazer durante o ano e contendo "X" para gastar com os jogos. Aí, sentamos, discutimos, analisamos e aí soltamos a verba para essa federação. Temos que tomar cuidado para que não distribuir uma verba maior para uma federação e deixar uma outra federação pequena sem verba. Nosso objetivo para 2009 é que todas as mais de 40 federações do estado estejam atuantes, independente de ser pequena ou grande, mas que seja atuante dentro da sua categoria. Isso, para que o estado tenha um envolvimento de todas as suas federações. Mas, desde que elas apresentem projetos. Porque eu não posso chegar e falar "olha vou te dar tanto para que vocês gastem". Elas trazem os projetos delas e em cima destes projetos é que nós vamos investir. Porque nós temos que custear, mas, temos que analisar.

Esporte Ágil - Existe um acompanhamento para ver se esses projetos estão sendo executados?
Júlio César Komiyama -
Perfeitamente. Isto é que é o mais importante. Nosso objetivo é o seguinte: todos os recursos, as verbas que saem da fundação, estão sendo acompanhadas para que não tenha um desvio. Isso é uma vocação nossa, é uma vocação minha. Nós [a Fundesporte], agora que entrei na fundação, acompanhamos todos os eventos porque o que está sendo investido no esporte é da sociedade. Por isso, nós precisamos saber o que está acontecendo, o que está sendo feito.

Fora isso, há o lazer. Que também é um aspecto importante para a Fundação. Nós temos mais de 28 escolinhas de futebol, de basquete e de handbal no estado.

Então, agora, estamos acompanhando. Coisa que não estava sendo feita. Não sabíamos se estava sendo executado [um projeto ou as ações nas escolinhas, por exemplo] ou não. Temos que observar, porque as coisas mais importante são as escolinhas que estão dando suporte aos alunos mais carentes das periferias de todo o estado.

Nós vamos com pessoal técnico lá para saber o que está acontecendo com ela [a verba]. É dinheiro nosso, né?! Principalmente, eu procuro saber porque está sendo executado. Temos um pessoal que vai saber o que se todos os eventos estão na data certa, se não foi transferido... Porque, muitas vezes, a gente paga e não está sendo executado. São coisas que... não estamos falando do passado... mas que estão sendo feitas a partir de agora.. É essa a posição; de que tudo que acontece pela Fundação deve ser seguida, fiscalizada.

Esporte Ágil - Como o senhor recebeu a Fundesporte?
Júlio César Komiyama -
É uma questão difícil. Eu quero é tocar daqui para frente. O que aconteceu atrás não me cabe julgar. Cabe sim tomar uma posição daqui para frente. Colocar a Fundação na linha, numa posição de destaque. Hoje, você pode ver que a Fundação está apagada. Não sai nada [na mídia]. Hoje, nós estamos tendo contato com toda a imprensa do estado. Para quê? Para que o esporte, que é um assunto do qual todos gostam de saber - que pegam o jornal, que querem ver na televisão - fique em evidência. Hoje, nós não sabemos o que está acontecendo no estado. Temos que colocar a Fundação em destaque. Isso é importante. Então não estou olhando no passado e sim a partir de agora.

Esporte Ágil - Quais são as metas pontuais da sua gestão?
Júlio César Komiyama -
Nós pegamos um período muito difícil [o eleitoral "que não permite fazer muita coisa" entre 6 de julho e 6 de outubro], mas temos nossas programações para a partir de outubro, mas ainda a confirmar.

Esporte Ágil - Existem também projetos da Fundesporte para descobrir novos talentos?
Júlio César Komiyama -
Para isso é que nós decidimos regionalizar. Dessa regionalização nós iremos tirar atletas de todo o estado, de outros municípios que antes não apareciam. Por exemplo, você sabia que hoje o melhor basquete do MS é de Laguna Carapã? No feminino juvenil? E ninguém sabe. Nem aqui em Campo Grande não sabiam. Nem divulgado foi. Estão lá as meninas treinando muito. Acho super importante, mas passava batido.

Esporte Ágil - Essa regionalização vai funcionar como? Quais são as regiões?
Júlio César Komiyama -
São seis e cada uma vai ter uma sede da Fundesporte. Para as prefeituras das cidades que sediarem [que ainda não estão confirmadas] terão uma ajuda da Fundação. A fundação irá montar, construir, a sede. Nós podemos, por exemplo, até fazer um convênio para que o município seja um representante nosso na cidade. Para que faça tudo regionalizado: os jogos da juventude, os jogos abertos, os jogos escolares, etc. Aí, os vencedores dessas regiões viriam a Campo Grande disputar a final estadual. Porque, veja só um exemplo, se houver um evento, jogos abertos, em hipótese, em Coxim. O pessoal lá da fronteira sul vai falar: "Eu vou participar?". A prefeitura vai falar para mim: "Porque que eu vou levar um time lá se nem sei se vão ganhar. Que investimento a cidade vai ter?". É gasto. Agora, se fizermos jogos na sua região. Terão grande possibilidade de vitória. Então, investirão mais no esporte. Porque sabem que lá na sua região podem ser campeões. Se forem campeões, vão à Campo Grande disputar a final. Nisso nós vamos empenhar mais esforços da Fundação.

Esporte Ágil - Como espera deixar a Fundesporte e o esporte em Mato Grosso do Sul ao final de sua gestão?
Júlio César Komiyama -
Com certeza, acredito que vamos chegar até o final do governo que tem mostrado grande confiança na minha pessoa. Pode ter certeza de que vamos fazer de tudo o que pudermos fazer para que o esporte nosso engrandeça o estado. E tenho certeza de que a equipe que eu estou colocando na Fundação é composta por pessoas interessadas. E eu sou do ramo! Eu não estou aqui brincando, não estou aqui querendo outra coisa. Sou formado em educação física. Sou professor de educação física e quero que o esporte cresça porque eu também faço parte dele.

Tenho certeza absoluta que vamos sair ao final de nossa gestão com nossa missão cumprida. Hoje, a Fundação está tendo outra cara. Porque a gente sabe que o esporte é tudo. Tenho certeza de que nosso objetivo vai ser alcançado. Porque tem que ter alguém que é do ramo.

Eu, como acadêmico, já dava aula de educação física. Inclusive treinava uma equipe de basquete no antigo colégio Paulo Sexto. Era para um grupo mirim, até dez anos. Dava aula e treinamento. Inclusive disputamos campeonatos. Eu usava meu carro para levar os alunos da escola para os ginásios. Eu que comprava uniforme. A escola só dava a quadra para treinar. Os jogos eram por minha conta. Eu pegava o meu carro... era uma Belina... Enchia de gurizada dentro da Belina. Cabia todo mundo dentro da Belina. Aí, íamos jogar lá no Moreninho. Olha a distância do Paulo Sexto (lá no Santo Amaro). Cruzávamos a cidade para jogar. Depois trazia todos os guris de volta. Então é você querer. Para melhorar o esporte é querer. Tem que ir lá e brigar mesmo por isso. É como se diz: "Se tem uma meta a alcançar como atleta, que é ser campeão, treinar só por treinar não vai te fazer ganhar nunca". Então, eu acho que nós estamos aqui para ganhar. Nossa equipe quer ganhar para que o esporte ganhe com isso. O apoio total que nós pudermos dar pela Fundação nós vamos dar.

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