Bate-Bola | Da redação | 11/01/2010 17h32

Bate-bola: Herculano Borges

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Herculano Borges

Formado em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o vereador Herculano Borges foi responsável pela formação de grandes talentos do futsal no Estado, como o volante Jean, que hoje atua no São Paulo.

O parlamentar trabalhou com futsal nos colégios Dom Bosco e ABC, conquistando importantes títulos, como Metropolitano, Copa Morena, Estadual, Taça Canarinho e outros.

No Bate-bola, fala sobre os projetos de lei apresentados em 2009 que beneficiam o esporte e acredita que o FAE não é mal distribuído, mas os recursos são inferiores à demanda.

Esporte Ágil - Qual é sua hitória e seu envolvimento com o esporte?
Herculano Borges - Eu sou esportista desde pequeno. Joguei futebol na escola, em todos os colégios que passei. Entrei nas equipes de futsal do Dom Bosco e do ASE, daí me interessei de uma forma mais profunda pelo futebol de salão. Esse interesse gerou a oportunidade de eu fazer a faculdade de Educação Física em 1992, me formando em 1995. Em 1993 já estava trabalhando no Dom Bosco, durante cinco anos. Depois fui para trabalhar no Colégio ABC, como técnico e coordenador de esportes. Em 2002 pedi afastamento do Dom Bosco, para me dedicar apenas ao ABC. Nessa trajetória conquistei todos os títulos possíveis em todas as categorias, fui campeão do Metropolitano várias vezes, campeão da Copa Morena três vezes, campeão do Estadual duas vezes, campeão da Taça Canarinho, fui técnico da Seleção Sul-mato-grossense de Futsal, recebi alguns prêmios como o de 30 anos da Copa Morena, o de 25 anos da Taça Canarinho e o Melhores do Esporte da Fundesporte em 2001. Então graças a Deus tenho uma história de serviços prestados ao esporte, além de como coordenador do ABC termos montado equipes de várias modalidades e conseguirmos, se assim posso dizer, destronar o Colégio Dom Bosco por dois anos. Ganhamos deles tanto na categoria menor quanto na principal e fomos campeões gerais dos Jogos Escolares, além de faturar os Jogos Abertos. Oferecemos bolsas de estudo para atletas carentes, da periferia. Vimos depois uns formados, sendo gente de bem. E vimos frutos como o Jean, que está no São Paulo, e do Roberson, que está no Grêmio, sendo que fui um dos primeiros treinadores de ambos. Fico feliz com esses resultados nessa trajetória que tenho dentro do esporte.

Esporte Ágil - O que você fez pelo esporte da Capital em seu mandato?
Herculano Borges - Neste mandato instituímos o Prêmio Melhores do Esporte, que já foi condecorado no ano passado, em que cada vereador indicou duas pessoas ligadas ao esporte que desenvolveram trabalhos em 2009 para receber a homenagem, junto com outros cinco indicados pela Comissão de Desporto, Cultura e Lazer. Conseguimos outro feito para a classe dos profissionais de Educação Física, que foi colocá-los dentro da Lei Orgânica do Município em que o profissional tem de atuar em todos os níveis da educação de base, isto é, desde os Ceinfs (Centro de Educação Infantil), porque muitas vezes as atividades físicas eram feitas pelas professoras da escola, pelas "tias", e a partir de agora a prefeitura vai ter de aplicar dentro em breve, para que esses profissionais de Educação Física sejam agraciados com o direito de dar aula em todos os níveis, o que a Lei Orgânica passada não contemplava. Também tenho desenvolvido alguns projetos, que durante a campanha falei que trabalharia nesse sentido. São projetos meus, pessoais, sem ajuda de ninguém. Ajudamos algumas escolas de futebol na periferia, ajudando os professores com material e de uma forma financeira, para que eles possam desenvolver seus trabalhos tirando as crianças da rua. Precisamos de muito mais, mas necessitamos também de apoio para isso seja feito.

Esporte Ágil - Como você avalia o esporte sul-mato-grossense hoje?
Herculano Borges - Eu falei durante a entrega do Prêmio Melhores do Esporte que temos uma dificuldade grande em fazer recursos e receber apoio, porque vivemos num Estado agropecuário, e nossa Capital vive do funcionalismo público e do comércio. Não somos iguais grandes centros como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que tem grandes indústrias que ajudam no esporte. Ficar somente com o poder público é praticamente impossível. As empresas privadas precisam incentivar. Além disso, estamos procurando em legislações de outros municípios algum exemplo para que possamos ajudar as empresas que investirem, para que elas possam ser ajudadas em questão de tributos entre outros.

Esporte Ágil - Você falou em ajuda do poder público. Você acha que o FAE é suficiente?
Herculano Borges - Tenho certeza que não. Primeiro porque a quantidade de recursos é muito pouca. É uma briga nossa. Entendemos a dificuldade do governo municipal em aumentar o recurso. Sabemos que diminuiu muito a arrecadação do município por conta da crise mundial, diminuição do fundo de participação do município, do ICMS... Que são as receitas que a prefeitura recebe como receitas extras. Até por essa razão nós não cobramos de forma mais efetiva mais investimentos no FAE e no esporte. Mas a partir desse ano, quando a prefeitura de se equilibrar novamente, nós vamos cobrar do prefeito, um esportista, para que possamos aumentar os recursos para o município. Mas creio que mesmo aumentando vamos precisar da iniciativa privada entre outros.

Esporte Ágil - E você acha que essa quantia que existe hoje está sendo distribuída de forma justa?
Herculano Borges - Acho que sim. Tive até procurando o diretor da Funesp, o Carlos Alberto de Assis, e estive analisando. Creio que sim, mas muita gente boa fica de fora. Não que o recurso seja mal distribuído, mas porque o recurso é infinitamente inferior que a demanda dos pedidos.

Esporte Ágil - Você citou a Funesp. Você acha que ela e a Fundesporte tem feito um bom trabalho?
Herculano Borges - Creio que sim. Na medida do possível eles têm desenvolvido um bom trabalho. Claro que são vários fatores, principalmente a questão de recursos, porque essas fundações são algumas das que menos recebem recursos. Então você tem que fazer, não digo um "milagre", mas você tem de se esforçar muito para fazer um bom trabalho.

Esporte Ágil - De que forma Mato Grosso do Sul pode aproveitar as Olimpíadas de 2016?
Herculano Borges - Eu creio que principalmente na questão do turismo. Temos um potencial muito grande, com o Pantanal e Bonito. Temos uma gama muito grande para oferecer para essas pessoas que vem de fora. Estive até esses dias assistindo uma feira de turismo em São Paulo, em que estava presente a secretaria de turismo Nilde Brum, mostrando os produtos de turismo de Mato Grosso do Sul, como a região Norte e a do Bolsão. Creio que com relação ao esporte vejo um pouco de dificuldade, mas na parte do turismo acredito que possamos ser muito beneficiados.

Esporte Ágil - Você acha que os parques e ginásios de Campo Grande estão sendo bem aproveitados?
Herculano Borges - Creio que não. É até uma briga nossa, coisa que eu falei em campanha. Apesar disso vemos alguns eventos positivos. Por exemplo, no encerramento do Belmar Fitness, em que foi lançado o piloto da instalação dos equipamentos de ginástica e musculação para terceira idade, em que acadêmicos de Educação Física auxiliando. Isso é fantástico. Agora vamos ter o segundo ponto no Vovô Ziza. Isso tem de ser disseminado em toda a cidade. É uma coisa que falamos muito em campanha, conversamos muito com alguns coordenadores de curso, mas a ideia ainda está sendo trabalhada. Acho que a prefeitura tem esse poder de fazer parcerias com as universidades para que todos saiam ganhando. A população que vai ter o instrumento e alguém para orientar, a prefeitura que vai oferecer qualidade de saúde, aumentando a qualidade de vida, diminuindo o número de pessoas nos presídios e nos postos de saúde, e o acadêmico ganha, que vai receber experiência, completando sua carga horário que ele precisa no estágio. Acho que isso é um casamento perfeito que precisa ser melhor utilizado, em todos os cantos da cidade, não apenas na região central.

Esporte Ágil - Você veio do futsal. Queria saber, na sua opinião, se é viável montar uma equipe de Mato Grosso do Sul para disputar uma Superliga de Futsal, ou de vôlei ou até mesmo uma NBB?
Herculano Borges - Pois é, tivemos alguns exemplos como a Copagaz. Eu era pequeno mas eu me lembro da equipe, que era um espelho para todo esportista. Tivemos também, e até jogamos muito contra, a equipe da Sei, na Liga Nacional, que não teve tanto sucesso quanto a Copagaz teve. Vejo o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que vai divulgar a cidade a nível nacional e vai ser um espelho para a "criançada" praticar esporte. O lado ruim eu vejo que a maioria dos recursos seriam destinados apenas para uma equipe, com as outras ficando muito distantes. São os dois lados que devemos ponderar. Um o do lado do marketing e do espelho. O outro é que acaba centralizando as atenções para apenas uma equipe, principalmente nas finanças. Na minha opinião, ao invés de nós termos apenas uma equipe, meu sonho é que todos fossem beneficiados.

Esporte Ágil - Como você avalia o futsal do Estado e o que pode ser feito para melhorar?
Herculano Borges - O futsal nosso passou por um momento muito bom, que foi de 1999 até 2004. Creio que esse momento foi muito forte, tendo a felicidade de trabalhar nesse período. Me afastei em 2005 e voltei em 2006, mas já estava um pouco fraco. Já tivemos melhores momentos, na questão da mídia e da divulgação. Na época a TV Morena ajudava muito, porque na Copa Morena você colocava o nome da empresa. As empresas gostavam de apoiar. Agora eles não podem mais colocar o seu nome. Nisso perdemos um pouquinho. Perdemos também a Taça Canarinho, que era maravilhosa, com transmissão ao vivo. Ali perdemos muito, quando a TV Morena mudou a sua política e quando a Taça Canarinho deixou de ser transmitida, deixou de acontecer. E quando a questão da mídia foi tirada, diminuiu o interesse da empresas de ajudar. Então o futsal hoje se restringe às escolas, mesmo com os colégios "tirando o pé", porque não tem como investir em algo que não dá retorno. Também tínhamos as universidades, como a Uniderp, que acabou a equipe, e a UCDB, que tive a felicidade de montar o time em 1998, conquistando vários títulos, como Copa Morena, Taça Canarinho e Estadual, e hoje em dia vemos o investimento ser diminuído muito em conta pela falta de marketing. Para melhorar precisamos ter um maior investimento da mídia, não só televisionada, mas da escrita também, para olharem um pouquinho mais para o futsal e para o esporte de maneira geral, para que as empresas sintam aquele desejo de ajudar. O futsal perdeu um pouco da sua qualidade, com muitos bons atletas indo embora. Temos muitos bons atletas indo embora, como o Marcênio, que jogou com a gente, campeão agora com o Carlos Barbosa. Temos jogadores na Itália e nos quatro cantos do país. Que a federação possa sensibilizar a mídia para que eles voltem a incentivar, e consequentemente ajudar as empresas a voltarem a apoiar o esporte.

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