Bate-bola: Gerson Falcão e Rosenei Herrera
Gerson e Rosenei
Chegar a algum lugar sem ajuda já é difícil. Imagine chegar a Pequim. Essa é a história de Rosenei Herrera e seu treinador, Gerson Falcão, que no mês de setembro realizaram o sonho de disputar uma Paraolimpíada. As medalhas não vieram, mas parece que finalmente o reconhecimento apareceu. Prova disso foi a participação de ambos no 2º Encontro de Atividades de Esporte Adaptado, que ocorreu no último dia 16 de outubro em Campo Grande (MS), reunindo aproximadamente 500 pessoas - entre crianças e professores, tudo isso numa tarde de muito calor no Parque Ayrton Senna.
A todo o momento cercada de crianças, que pediam fotos com a atleta paraolímpica, e da imprensa que compareceu ao evento, Rosenei lembrou da pouca ajuda que teve no início para praticar modalidades como arremesso de disco e dardo. "Primeiramente agradeço à Deus, a minha mãe, e a meu irmão Frederico Alves da Silva, que me incentivaram muito a praticar esporte", disse. O apoio da família também vem de outra pessoa, de grande importância para sua carreira: Gerson Falcão, a quem Rosenei trata como um irmão mais velho.
Esporte Ágil - Qual a importância de eventos como esse para a comunidade paradesportiva?
Gerson - É de uma grande importância, porque a gente vê num evento desse que o nosso esporte dentro do paradesporto está se fortalecendo ainda mais, porque antes você não via essa quantidade de crianças no mesmo ambiente, e hoje não, você já vê muitas crianças juntas, se socializando, participando das competições, fazendo novos amigos, coisa que alavanca ainda mais um salto para o nosso objetivo, que é o esporte de rendimento, já que temos uma grande mão-de-obra por aqui, mas antes não era reconhecida. Com isso as pessoas estão vendo e está tendo um salto muito grande na nossa área de esporte adaptado.
Rosenei - É muito bom ter esses eventos. Porque a criança tendo esse incentivo desde pequena, ela vai amar o esporte ao invés de outras coisas.
Esporte Ágil - Você acha que a Rosenei Herrera é importante para as pessoas acreditarem no esporte de rendimento aqui no Estado?
Gerson - Com certeza, você vê aqui mesmo no encontro. As crianças querendo tirar fotos com ela, perguntando como ela foi lá em Pequim, você vê interesse deles de querer ser igual a ela. Você tendo pessoas que se destacam fora do Estado, até mesmo dentro, as crianças mesmo começam a ver que o sonho pode ser realidade. Você tendo uma atleta daqui indo para fora do Estado, você vê que cada um tem uma oportunidade e pode estar indo, não é só para pessoas que moram em outras cidades.
Rosenei - Pode sim. Tem que ter muito amor, no esporte em tudo que você faz. Se não tiver amor, você não chega a lugar nenhum.
Esporte Ágil - Você acha falta mais alguma coisa para o poder público dar mais atenção ao paradesporto aqui no Estado?
Gerson - Principalmente na parte financeira. Hoje nós fazemos muitos trabalhos aqui dentro da nossa área sem o apoio financeiro. Hoje está tendo que ir buscar apoio com a comunidade, com a família dessas pessoas, acho que se tivesse uma atenção a mais para essas pessoas, com certeza o evento estaria melhor, estaria mais brilhante ainda. Mas temos muitos degraus para subir ainda.
Rosenei - Ralei muito para ir para a China, a falta de incentivo, de apoio, de material, falta de passagem para poder viajar, mas foi uma experiência muito boa, principalmente realizar meu sonho de ir a Pequim.
Esporte Ágil - Rosenei falou que tinha uma viagem marcada mas não conseguiu uma passagem. Ela disputou brasileira, paraolimpíada... O que falta ela fazer para ela conquistar apoio público e privado?
Gerson - Acho que da nossa parte não tem mais o que fazer, porque ir atrás de patrocínio a gente vai, já entregamos pedidos para várias empresas, a gente faz pedido de passagem, só que as pessoas de nosso Estado, querendo ou não, não valorizam, para você ver. Atleta da seleção brasileira, tem uma competição importante em Fortaleza, está sendo difícil de conseguir passagem. Acho isso um absurdo. Acho que se quisermos continuar com o trabalho, investir nesses atletas, não precisava nem estar pedindo. Os atletas já deveriam estar ganhando uma bolsa-auxílio para estar indo para essas competições, se não nosso trabalho pé em vão.
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