Bate-Bola | Osvaldo Sato/Da redação | 25/06/2008 18h33

Bate-bola: Gerson Falcão Acosta

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Gerson Falcão

O profissional de educação física Gerson Falcão Acosta é filho da professora Belquice Falcão, uma das pioneiras no paradesporto do Estado. Ele iniciou sua carreira há aproximadamente quatro anos e já colhe resultados expressivos na modalidade de atletismo. Sua atleta Rosenei Herrera, medalhista de bronze no Parapan, recebeu em junho a convocação para os Jogos Paraolímpicos de Pequim.

Em entrevista ao Esporte Ágil, ele falou sobre sua opção de treinamento com atletas deficientes físicos e sobre as particularidades da área. Ele ressaltou ainda o desempenho dos atletas de Mato Grosso do Sul no paradesporto, citando os oito atletas convocados para Pequim: são seis atletas no futebol (três do Caira e três do Cemdef), uma judoca (Michele Ferreira) e uma no atletismo (Rosenei Herrera). "Se houvesse mais incentivo das iniciativas público e privada, certamente esse número seria ainda maior", disse.

Esporte Ágil - Como começou seu envolvimento com o paradesporto?
Gerson Falcão Acosta -
Minha mãe trabalha com paradesporto, é professora de educação física. Sempre me envolvi com o esporte e resolvi fazer educação física. Como ela sempre trabalhou na área, comecei a observar e caminhar pelos mesmos passos que ela. Mesmo antes de entrar na faculdade, me identifiquei com o desporto adaptado e, na faculdade, me aprofundei ainda mais. Comecei a trabalhar diretamente, dando treinos, depois que me formei, com a oportunidade dada pela professora Yara, que me convidou para trabalhar no Caira, na equipe de atletismo. Antes disso, eu dava apenas apoio aos atletas, auxiliando-os nos treinamentos e competições.

Esporte Ágil - Você foi atleta?
Gerson Falcão Acosta -
Fui jogador da Mace, com o professor Ronaldo, depois fui para o Dom Bosco; Minha vida de atleta foi pouca, porque sempre me identifiquei mais com a arbitragem; comecei a apitar com 13 anos e ia fazendo as duas coisas, jogando e arbitrando.

Esporte Ágil - Encontrou dificuldades sendo seu primeiro emprego dentro do paradesporto?
Gerson Falcão Acosta -
Eu era voluntário no Caira e precisei mostrar pra eles que naquele momento eu era o professor e não mais o "apoio". Foi uma transição. Eu não tinha experiências de trabalho com o atletismo, então precisei estudar, me aprofundar na modalidade e também sobre a deficiência, como lidar com essas pessoas, pois cada uma tem suas particularidades.

Esporte Ágil - Quantos atletas treinam no atletismo do Caira?
Gerson Falcão Acosta -
Quando comecei, eram 15 atletas e, hoje, temo de 25 a 30 atletas. Achou ainda pouco, podemos melhorar, mas falta incentivo, recursos e um locala adequado. Treinamos no Parque Ayrton Senna, de forma bem adaptada.

Esporte Ágil - Existem novas revelações no atletismo paradesportivo de MS?
Gerson Falcão Acosta -
Temos a Elisângela, de 17 anos, que é uma ótima atleta e vai representar o Brasil nos Jogos Mundiais, nos EUA.

Esporte Ágil - Sobre a atleta Rosenei Herrera, classificada para as Paraolimpíadas 2008, como foi a evolução dela?
Gerson Falcão Acosta -
Quando eu comecei a treinar ela, já vi que era uma menina muito dedicada aos treinos. No início foi difícil, pois não pensávamos em chegar à seleção brasileira, pois não tínhamos um local adequado, não tínhamos material adequado, faltava recursos, não tínhamos como competir com os atletas de Rio e São Paulo. O nosso primeiro passo foi levá-la para as competições nacionais, para diminuirmos essa distância e vermos que era possível. Foram muitas competições e viagens, com muitas dificuldades. No ano passado, viajamos dois dias e meio de ônibus para Porto Alegre, para o Brasileiro, quando ela quebrou o recorde pan-americano no arremesso de dardo. Foi uma alegria tremenda. Depois veio a medalha de bronze no Pan e, neste ano, a quebra dos recordes brasileiros no peso e no disco.

Esporte Ágil - O que se pode aprender no paradesporto?
Gerson Falcão Acosta -
Eu aprendi que o paradesporto é uma lição de vida, pois muitos acham que seus problemas são muitos, que sua tristeza é a maior, que não podem suportar. No paradesporto, você conhece pessoas que vencem limites, pessoas que encontram no esporte sua razão de vida. Trabalhar com estas pessoas é gratificante, porquê você encontra carinho, eles te retribuem ao sobro, eu encontrei a alegria com eles. As vezes, eu chegava triste nos treinos, e eles me perguntava porque estava triste e diziam que eu não deveria ficar daquele jeito, pois eles que não tinham ou perna ou braço, mas conseguiam ser felizes. O paradesporto é uma lição de vida e trabalhar com estas pessoas é maravilhoso.

Esporte Ágil - Quer acrescentar algo para quem for ler esta entrevista?
Gerson Falcão Acosta -
Temos poucos profissionais dentro do paradesporto, porquê para entrar nessa área, tem que gostar de verdade. Não fazemos por dinheiro, mas em nosso Estado existe um campo aberto. Quem quiser investir no paradesporto, as portas estão abertas para todos, o trabalho é gratificante. Quem quiser ajudar o Caira, entre em contato conosco, pois estas pessoas merecem uma atenção especial, pois são muito dignas e batalhadoras. Quem quiser visitar e conhecer nosso trabalho também, as portas estarão sempre abertas.

Serviço: CAIRA - Centro Arco Íris de Reabilitação Alternativa
Endereço: Rua Arlindo de Andrade, 67 - Centro - Campo Grande/MS
CEP: 79008-370 - Telefone: (67) 3321-0960

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