Bate-Bola | Vitor Yoshihara/Da redação | 08/06/2009 16h54

Bate-bola: Eduardo Maiorino

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Eduardo Maiorino

Ex-presidente da Federação de Muay Thai de Mato Grosso do Sul, o lutador Eduardo Maiorino explica com exclusividade ao site Esporte Ágil como funcionou a criação de outra federação da modalidade no Estado, coincidentemente tema da enquete do mês de maio do site. Segundo ele, a intenção foi de ampliar a possibilidade de captação de recursos, além de poder assim promover mais torneios durante o ano. Seus sucessores serão nomes conhecidos no Estado: Ronaldo Júnior e Gleison "Mamute" Abreu. "Tudo que se renova é sadio. Tudo que vem pro bem, de qualquer coisa, um esporte, um trabalho, um estudo, em tudo, faz bem. Causa o crescimento. Isso faz parte da natureza do homem, a evolução", destacou Maiorino.

Esporte Ágil - Como foi o processo de criação da Federação?
Eduardo Maiorino -
Foi há exatamente dez anos, em novembro de 1999. Na época não tinha muito muay thai aqui, tinha dois professores. Antes, quando eu tinha meus 10 anos, eu já ouvia historias de outros professores. Mas, legalmente, em 1999 foi criada a Federação Sul-mato-grossense de Muay Thai. Está completamente legal. Hoje um aluno meu, o Wande Lopes, que já foi pra Mundial de Muay Thai, já ganhou Sul-americano de Muay Thai, eu dei a ideia a ele pra fundar uma outra Federação, mas não pra separação do esporte, mas pra união de recursos. Então, continua entre família o esporte pro crescimento. Quando uma federação não faz evento a outra faz.

Esporte Ágil - Existe alguma diferença técnica na questão das lutas entre uma federação e outra?
Eduardo Maiorino -
Existe a diferença técnica de uma Confederação com a outra. Existem duas confederações. A Confederação Brasileira de Muay Thai, a qual a minha federação é filiada, é a mais antiga. Tem mais de 20 anos já. Ela trabalha na regra do muay thai europeu, que é a regra do K-1. A segunda, a mais recente, ela é filiada a nova Confederação Brasileira de Muay Thai Tradicional, que tem dois anos. Esta trabalha o verdadeiro muay thai, o de raiz, que trouxemos da Tailândia. Tanto que o próprio Wande já foi, eu já fui. Além de lutar, eu venho estudando, pois vou fazer um curso lá pra pegar a última graduação de muay thai. Já deixei sucessores no meu lugar, pois eu não vou mais trabalhar na parte política do muay thai aqui.  Já passei minha bola pra frente. Então agora eu vou cuidar só das lutas e vou supervisionar quem eu deixar no meu lugar.

Esporte Ágil - Quem fica no seu lugar?
Eduardo Maiorino -
Vai ser o Ronaldo Júnior, reconhecido também por muitos aí, já foi várias vezes Campeão Estadual, Brasileiro e Sul-americano, e o Gleison "Mamute", que é faixa-preta meu há mais de 10 anos. Os dois ficarão no meu lugar, dei a mesma graduação para eles e eles ficarão no meu lugar agora.

Esporte Ágil - E como foi esse processo? Foi eleição?
Eduardo Maiorino -
Eu nunca trabalhei sozinho. Minha decisão sempre foi justa, principalmente depois que vieram os formados. Sempre que aparece alguma decisão, eu pergunto pra todos. Tanto é que pra formar um faixa-preta hoje, eu nunca dei exame. Eu sempre pergunto pra todos: "O que você acha?". Eu já sei o que eu quero e se a pessoa merece. Mas toda decisão que eu faço, eu tomo em conjunto, eu pergunto a todos se o fulano merece ou não. Na sucessão de cargos eu não consegui reunir todos os meus formados. São nove no total. Tem alguns que moram fora, em outro estado. Mas a grande maioria estava lá. Senti toda minha família unida ali. Então passei o cargo com toda honra. Vai vir uma nova geração no muay thai agora.

Esporte Ágil - Você acha que essa renovação é sadia pro esporte, não só no muay thai, mas em todas as modalidades?
Eduardo Maiorino -
Tudo que se renova é sadio. Tudo que vem pro bem, de qualquer coisa, um esporte, um trabalho, um estudo, em tudo, faz bem. Causa o crescimento. Isso faz parte da natureza do homem, a evolução. Se a gente pensar na monopolização de um cargo, ou de qualquer coisa, eu não vejo crescimento, não vejo mérito nenhum nisso. Meu tempo já passou, então eu acho que já está na hora de eu ver os frutos do meu fruto. Dar oportunidade dos meus sucessores fazerem melhor do que eu fiz.

Esporte Ágil - Vocês já entraram com algum projeto no FIE, já tiveram alguma resposta para esse ano?
Eduardo Maiorino -
A minha Federação, que é a mais antiga, já. Já tive muito auxílio do FIE, tanto da Fundesporte quanto da Funesp, já nos ajudaram bastante, principalmente o Carlos Alberto, já ajudou muito. Na época do Rodrigo Terra ele também ajudou bastante a gente. Agora, a segunda Federação tem meses de existência, mas no futuro, com certeza, vai ter bastante ajuda do governo. No esporte, tanto na minha época como hoje em dia, não vamos falar só do Eduardo Maiorino atleta, vamos falar da sucessão dele. Todos os meus atletas têm títulos internacionais. Então, não tem porque o governo e a prefeitura querer barrar um trabalho que vem engrandecendo o nosso esporte, nossa cidade e nosso Estado. Eu tenho provas em lutas minhas, lutas internacionais, me chamando pelo nome, cidade e Estado. Eu nunca neguei minha origem, então espero que eles nunca reneguem a gente.

Esporte Ágil - Para 2009, tem alguma coisa já encaminhada com relação a apoio do governo ou da prefeitura?
Eduardo Maiorino -
Então, este ano, infelizmente, eu estava focado nas minhas lutas, esse é um dos motivos por eu ter passado minha bola pra frente. Eu perdi o tempo, nós não mandamos nenhum projeto. Mas creio eu que, se fizermos um projeto com bastante antecedência, não será negado um apoio a nós. Sempre que o governo e a prefeitura nos ajudou, foi repassado o comprovante do que nós usamos a verba, foi tudo legal, nada por debaixo dos panos. Então, não tem motivos por renegarem o nosso esporte.

Esporte Ágil - Você acha que falta reconhecimento do grande público do Estado com relação ao muay thai?
Eduardo Maiorino -
Falta muito. Em nosso estado vizinho aqui, no Mato Grosso, uma vez eu fui levar atleta pra lutar, me chamaram pra ser árbitro, pra ajudar o evento, eu aceitei. Subi no octagon pra ser árbitro de um evento de vale-tudo. O ginásio gritava meu nome, pois eu era reconhecido lá. Aqui, nada. Quando eu vou lutar pra fora, me param na rua pra tirar foto, pra pedir autógrafo. Aqui, se falarem, falam mal. Sei lá, falta muito reconhecimento, quando o santo é de casa, não faz milagre.

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