Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 18/10/2010 11h16

Bate-bola: Daniel Grimm

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“O problema maior é o Estado não incentivar os atletas, o esporte, pois aqui, cada ano que passa, eu vejo gente que nadava comigo desde criança, parar” “O problema maior é o Estado não incentivar os atletas, o esporte, pois aqui, cada ano que passa, eu vejo gente que nadava comigo desde criança, parar” (Foto: Foto: Acervo Pessoal)

Daniel Grimm

Até o final de 2007, Daniel Grimm treinava natação numa piscina de 12,5m, na Associação de Pais e Atletas de São Gabriel do Oeste. Bem frustrante para o um garoto de 14 anos, 1,88m, 83kg, 1,97m de envergadura, que calça 46 e queria ser nadador profissional.

A persistência deu frutos. Bons resultados conseguidos em competições infantis nacionais fizeram com que o atleta migrasse para o Rádio Clube, uma das principais equipes do Estado, e depois para o Curitibano, uma das principais do Brasil.

Hoje, após o primeiro semestre no Paraná, ele está de volta a Capital devido a morte de seu técnico. "Não conseguia entrar na piscina e ver que ele não estava lá", lamenta. Aqui, ele garante que não terá prejuízos em seu treinamento. "Aqui vai ser um pouco mais dificil e o esforço vai ser maior. Vou me superar", afirma.

Esporte Ágil - Fale um pouco sobre seu começo na natação, ainda em São Gabriel do Oeste.
Daniel Grimm
- Me interessei pois tinha alergia e rinite. Meus pais me colocaram na natação mais por causa disso. Aí fui gostando. No começo não ganhava nada, era gordinho, mas agora estou melhorando cada vez mais.

EA - Você começou a se destacar aqui no Estado, e como pintou o convite para nadar pelo Curitibano?
DG
- Começou em um Campeonato de Mococa. Eu estava no torneio e o diretor de esportes veio conversar com meu pai. Não foi só o Curitibano, teve ainda o Grêmio Náutico União. Lá do Rio Grande do Sul. Mas eu decidi pelo Curitibano devido a estrutura, um clube fechado, piscina aquecida. A estrutura era melhor.

EA - E o que você acha da estrutura aqui do nosso Estado?
DG
- Falta muita coisa. Falta piscina, musculação especializada, técnico. Os técnicos que temos aqui são bons, mas precisamos de mais, pois um só não dá conta de tudo. Falta verba também. Tem muita coisa para melhorar.

EA - Você se imagina em uma Olimpíada?
DG
- É um sonho. Meta, pra mim, é devagar. Primeiro Brasileiro, Sul-Americano... Começa pequeno para depois chegar em um sonho grande, que é a Olimpíada.

EA - E quando você se vê em uma Olimpíada?
DG
- Estou visando isso em 2016. Estou treinando para isso, para conseguir o meu melhor.

EA - E qual o diferencial para um atleta disputar os Jogos Olímpicos?
DG
- Cada ano que passa, a cabeça melhora. Quanto mais velho, melhor, pois não é só o físico, a questão psicológica pesa bastante.

EA - Mudando de assunto, como você avalia o trabalho da Federação de MS?
DG
- Disso não há muito que falar. O problema maior é o Estado não incentivar os atletas, o esporte, pois aqui, cada ano que passa, eu vejo gente que nadava comigo desde criança, parar. Está diminuindo o número de atletas no Estado. O pessoa vai perdendo a motivação.

EA - Essa falta de apoio incentiva o atleta deixar o Estado?
DG
- A galera vai embora pois aqui não tem estrutura. Vão buscar o melhor para eles. Se o Estado tiver estrutura, ninguém vai querer sair daqui. Eu morei sozinho em Curitiba e hoje sei como é melhor ficar em casa.

EA - Você já recebeu apoio do FAE?
DG
- Não. Já tentei, mas como eu tinha me mudado para o Estados Unidos na época, não saiu a verba pra mim.

EA - Você acha que tem atletas na natação que recebem esse apoio por terem 'padrinho' nas entidades que o gerenciam?
DG
- Ano passado, eu treinava no Rádio Clube e tinha gente que era de outras equipes, de fora, e que recebiam o incentivo. Atletas que eram do Estado não recebiam. Acho que isso não está certo. Se o atleta nada por outro Estado, não deveria 'tirar' a verba de quem representa o Estado.

EA - Mato Grosso do Sul pode se orgulhar de exportar talentos para outros Estados?
DG
- Acho que o Estado não poderia comemorar isso, é perda de atletas. Mato Grosso do Sul perde os atletas bons que tem. O atleta poderia levar o nome do Estado pra fora.

EA - E por que você voltou a treinar aqui em Campo Grande?
DG
- Meu técnico faleceu lá no Curitibano e não agüento ficar longe da minha família. Mas eu estou vendo algum outro clube para o ano que vem, ou até mesmo o Curitibano. Perdi meu técnico, estava com a cabeça fora do lugar. Não é a mesma coisa, eu era muito ligado com ele. Não conseguia entrar na piscina e ver que ele não estava lá.

EA - E treinar em Campo Grande pode prejudicar seu desempenho?
DG
- Não. Claro que a estrutura lá é melhor. Aqui vai ser um pouco mais dificil e o esforço vai ser maior. Vou me superar.

EA - Que tipo de apoio você recebia em Curitiba?
DG
- Recebia casa, comida, escola, médico. A única coisa que eu não recebia era salário, mas também não precisava, pois só o colégio era 800 reais. Eu recebia tudo que precisava. Viagem, hospedagem, uniforme, tudo pago. Aqui uniforme eu pagava, viagem pagava, escola. Não ganhava nada, só o clube para treinar.

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