São Paulo (SP) - A luta desta sexta-feira à noite do peso pena Valdemir Pereira, o Sertão, contra o norte-americano Erick Aiken tem dois significados para o brasileiro. O primeiro é se vingar da derrota sofrida no ano passado. O segundo é mostrar, que apesar dos 32 anos, ainda tem condições de voltar a ser campeão do mundo.
A disputa, que começa às 21hs (horário de Brasília), será uma eliminatória para o combate do título mundial da Federação Internacional de Boxe. Título este que já foi de Sertão. No começo de 2006, o boxeador baiano derrotou o tailandês Phafrakorb Rakkietgym e foi o quarto brasileiro a ser campeão profissional mundial de boxe (antes, Éder Jofre, Miguel de Oliveira e Ancelino de Freitas, o Popó).
Em maio de 2006, Aiken, o rival desta noite, tirou o cinturão de Sertão. Por isso, a vingança é tão latente na mente do boxeador. Mas o brasileiro só soube que pegaria o norte-americano carrasco no começo de fevereiro. No começo do ano, quando esperava enfrentar o sul-africano Thomas Mashaba, dizia: "Queria mesmo é pegar o Erick. Quero treinar mais, corrigir os defeitos. No ringue você tem que lutar contra duas pessoas. Contra o seu adversário e o árbitro do combate".
O ódio contra o norte-americano e contra o juiz tem motivo. A luta contra Aiken, em 2006, foi polêmica. O brasileiro foi desqualificado por dois golpes proibidos, abaixo da linha da cintura.
A vitória nesta sexta-feira representará a chance de Sertão de disputar o título mundial contra Robert "The Ghost" Guerrero, que virou campeão depois do mexicano Orlando Salido, ex-detentor do cinturão, ter sido pego no exame antidoping. A FIB, então, decidiu deixar o título vago, e os dois melhores do ranking, Guerrero e Spend Abazi, tiveram que lutar. Deu Guerrero, que agora espera Sertão para ratificar a coroa.
Retomar o título é questão de honra para Sertão. Os 32 anos pesam na carreira do boxeador. A chance é tida como única e ele parece saber disso. "Quando você está no auge, um monte de gente vem para ficar do seu lado. Quando você não está mais, só sabem criticar", diz.
O brasileiro já teve que driblar os obstáculos antes da luta. A viagem para os EUA só aconteceu na quarta-feira à noite, depois de problemas na entrega dos exames médicos obrigatórios e brigas com seu técnico.
O combate contra Aiken ainda depende desses exames, que Sertão será submetido horas antes do evento. Caso não passe no crivo médico, o brasileiro será pode ser substituído na luta por Cruz Carvajal.
O título servirá para Sertão concretizar alguns sonhos que ainda têm. "Sonho em comprar uma casa. Comprei uma já para a minha mãe lá em Cruz das Almas. Agora quero uma pra mim", afirma.