Campo Grande (MS) - "Frustração total". Assim o campo-grandense Adilson Higa definiu a situação que está passando. Ele conquistou no mês de junho, na Bahia, a vaga para disputar o Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu Esportivo, que acontece entre os dias 15 e 18 de julho, na cidade de São Paulo (SP). Porém, por falta de patrocínio, não vai poder viajar.
"A Fundesporte disse que está sem grana, que precisa de ofício, projeto, etc. Muita burocracia. A Funesp a mesma coisa", conta Adilson, que procurou ainda apoio em empresas privadas. "Tinha feito uns contatos com empresas particulares, mas me disseram que não vai dar", lamenta o lutador, que conseguiu apenas as passagens para a Capital paulista.
O atleta conquistou a vaga para o Mundial durante a III Etapa do Campeonato Baiano de Jiu-Jitsu, evento que foi realizado na cidade de Ilhéus e contou com a participação de atletas de todo estado da Bahia. "E o pior é que me classifiquei direto para as finais", conta. Os custos para a viagem, segundo Adílson, giram em torno de R$ 900.
Este ano, o lutador subiu no pódio em todos os torneios que disputou. O Mundial, segundo ele, seria a chance de finalmente conseguir o auxílio do Bolsa-Atleta nacional. "Tive resultados muito positivos em todos os campeonatos que lutei, e o Mundial ainda é o passaporte para outras competições fora do Brasil.", acrescenta.
Apesar da decepção, o campo-grandense garante que não irá mais procurar apoio nas entidades públicas. "Sinceramente não, pelo menos por livre vontade. Não espero muito de órgãos oficiais. Vou continuar batalhando nas empresas privadas e uma hora vai dar certo. Essa é a realidade do esportista amador. Infelizmente é assim em Mato Grosso do Sul", finaliza.
Outros atletas seguem na expectativa
No final de junho, cerca de 90 atletas garantiram vaga no mesmo torneio durante uma seletiva realizada na Capital, mas boa parte deles ainda não sabe se poderão viajar. É o caso do bicampeão Estadual Thiago Matos da Silva, de 25 anos. Ano passado, ele não foi para o Mundial por falta de patrocínio. Este ano, ele espera que seja diferente.
"A gente precisa de patrocínio para mostrar nosso talento lá. Espero que alguma empresa particular ou até mesmo o governo se interesse em ajudar os lutadores", diz esperançoso.
"É uma decepção muito grande você se esforçar o ano todo e não poder lutar. É muito pouco o incentivo, ainda mais no jiu-jitsu. Este ano vou correr atrás de outras empresas, do próprio Buffet e vou usar recursos próprios", diz Flávio Simões, de 31 anos, que disputou o campeonato no ano passado graças ao apoio da Buffet Festa.
Segundo Nilson Pulgatti, presidente da Federação de Jiu-Jitsu Esportivo de Mato Grosso do Sul, em 2009 quase 90 atletas do Estado foram selecionados para a disputa, mas apenas 42 conseguiram viajar. Este ano a expectativa é mais pessimista.
"Acho que uns 30 poderão ir [disputar o Mundial] este ano. Vamos buscar apoio para tentar viabilizar a viagem destes atletas, mas este ano está difícil. Alguns atletas que foram ano passado não vão este ano por falta de apoio. Está difícil", lamenta.