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Rebeca admite largar esporte e até mudar de país se absolvida

uol - 28 de dez de 2007 às 16:10 238 Views 0 Comentários
Rebeca admite largar esporte e até mudar de país se absolvida

Brasília (DF) - "Mesmo se tudo acabasse amanhã, eu fosse inocentada, e desse tudo certo, não sei se eu voltaria. Estou magoada, penso que pode não valer a pena." As palavras da nadadora Rebeca Gusmão, marcadas por incerteza e mágoa, revelam que, mesmo sem mencionar aposentadoria ou admitir pessimismo quanto à suspensão por doping, a natação já pode ter deixado de ser a prioridade em sua vida, ao contrário do que tantos imaginam.

Muito diferente da figura competitiva dos treinos e competições, acolhida no sofá da casa dos pais, em Brasília, a nadadora já se sente inserida em uma nova rotina, sem a rigidez dos treinamentos, mas curtindo a família e o marido. Rebeca falou com exclusividade ao UOL Esporte sobre o desfecho trágico do ano que, paradoxalmente, foi também o melhor de sua carreira.

"Quando eu voltar, se eu voltar, vai ser para voltar melhor. Se não for nessa Olimpíada, será na outra, com outra atitude, por outro país até", diz, mas logo se apressa em negar planos de dupla cidadania. "Ainda tenho muitos problemas para resolver antes de pensar em outro país, não é algo que eu penso em fazer", despistou a nadadora, que assegurou que ainda não tem projetos para deixar o país e treinar no exterior.

"Assim como o começo de tudo partiu de mim, a volta terá que ser uma iniciativa minha", diz a nadadora. "A verdade é que voltar, apagar o passado e correr o risco de passar por tudo isso de novo um dia me parece falta de vergonha na cara", teme Rebeca.

Confusa, ela muda o tom quando questionada sobre a possibilidade de ficar fora de sua segunda Olimpíada, em Pequim. Se em Atenas-2004 Rebeca teve atuações apagadas, ela era considerada, até o escândalo do doping estourar, a maior e talvez única chance de final olímpica entre as mulheres. E ela sabe muito bem disso.

"Nem que eu volte e nade uma competição, só para provar que sou a melhor do país. Podem falar o que for, mas ninguém tira a sensação de bater na parede e ver que fiz o melhor tempo. A primeira medalha de ouro feminina do Pan é minha."

Em 2007, Rebeca obteve dois índices olímpicos, nos 50 m e 100 m livres, e obteve dois ouros nessas provas nos Jogos Pan-Americanos - os primeiros do país, agraciados com recordes sul-americanos. Meses depois, no entanto, um exame positivo de doping para testosterona fez com que as medalhas fossem cassadas; os índices também podem ser apagados.

O destino de Rebeca depende de um julgamento por doping de um exame de 2006 (feito durante o Troféu José Finkel), na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça, no ano que vem. Além disso, ela ainda aguarda o laudo final da contraprova de um segundo exame que acusou positivo também para testosterona, que data da véspera do Pan. Ambos pelo mesmo laboratório, no Canadá.

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