O Pickleball, uma modalidade esportiva ainda pouco conhecida no Brasil, vem ganhando espaço em Mato Grosso do Sul. Com regras simples e dinâmica acessível, o esporte tem atraído praticantes de diferentes idades e perfis. Nana Almeida, primeira treinadora certificada da modalidade no estado, tem sido uma das principais responsáveis pela disseminação do Pickleball na região.
Nana conheceu o Pickleball através de seu professor de beach tennis, que também é seu amigo. “Foi ele quem comentou sobre o esporte e despertou minha curiosidade. Na época, só existiam grupos em outros estados, então ou a gente viajava pra jogar, ou improvisava. E foi aí que a Ana Flávia, minha parceira de vida, entrou em cena: ela me deu um kit com rede e raquetes, pra que eu pudesse chamar meus amigos e montar algo aqui mesmo, do nosso jeito”, relembra.
Foi assim, entre risadas, improvisos e muita curiosidade, que tudo começou. Nana chamou os amigos, pesquisou as regras, testou na prática e, aos poucos, a modalidade foi tomando forma. “Com a ajuda de amigos que estavam ali desde o início, fui entendendo que o Pickleball era muito mais do que um esporte novo — era uma forma de reunir pessoas, construir algo coletivo e transformar realidades”, conta. A decisão de se tornar treinadora certificada veio da vontade de contribuir de forma séria e responsável com o crescimento do esporte no estado. “Queria ser ponte pra quem ainda não conhece e mostrar que o Mato Grosso do Sul também pode ser referência nesse movimento. Hoje, tenho orgulho de ser a primeira mulher sul-mato-grossense e campo-grandense com essa certificação — e sigo trabalhando pra abrir caminhos e formar novas conexões por aqui”, afirma.
De acordo com Nana, o Pickleball se destaca por equilibrar facilidade de aprendizado e desafios técnicos. “A quadra é menor, o ritmo é mais leve e o jogo é super acessível — dá pra se divertir desde o primeiro dia, sem precisar de força ou preparo físico avançado. Mas ao mesmo tempo, ele exige estratégia, precisão e leitura de jogo, o que também desafia os mais experientes”, explica. Além dos aspectos técnicos, a treinadora destaca o clima de comunidade que envolve o esporte: “O ambiente é acolhedor, mistura gerações, conecta pessoas de jeitos diferentes e transforma cada partida em uma experiência humana, não só esportiva”.
Apesar do crescimento, a modalidade ainda enfrenta desafios para sua expansão. “O maior desafio é que o Pickleball ainda é muito novo no Brasil — e aqui em Mato Grosso do Sul, fomos o primeiro grupo a trazer a modalidade”, afirma Nana. A falta de estrutura foi um dos principais obstáculos enfrentados no início. “Durante praticamente um ano, eu me virei como dava: levava rede portátil pra cima e pra baixo, fazia marcação no chão com fita crepe, improvisava espaços… cheguei até a pintar quadra pública por conta própria”, relembra. Somente em janeiro deste ano, a primeira quadra oficial de Pickleball foi inaugurada em Campo Grande.
A treinadora acredita que o Pickleball tem potencial para se popularizar devido à sua acessibilidade. “É um esporte realmente inclusivo, com uma curva de aprendizado rápida e que não exige um histórico esportivo pra começar”, explica. Segundo ela, a modalidade é praticada por pessoas de diferentes faixas etárias, independentemente da condição física. “Já vi de crianças a idosos praticando o Pickleball — e se divertindo do mesmo jeito”.
Os benefícios do Pickleball vão além do aspecto físico. A prática melhora coordenação motora, agilidade, equilíbrio, condicionamento e até a resistência, sem exigir um alto impacto. No entanto, para Nana, o impacto mais significativo foi no bem-estar mental e emocional. “Depois que parei de fumar, o Pickleball foi meu maior aliado. Me ocupou, me animou, me tirou da ansiedade e me deu um novo propósito. Ele não só preencheu meus dias, como me ajudou a reconstruir minha saúde e meu bem-estar”, relata.
Agora no fim do mês, será realizado o primeiro torneio de Pickleball em Mato Grosso do Sul — um marco para o esporte no estado. “É resultado de muito esforço coletivo, divulgação, acolhimento e dedicação de quem acreditou desde o começo”, destaca Nana. Já foram promovidos encontros, eventos abertos e ações de divulgação, mas esse torneio representa um passo importante rumo à consolidação da modalidade na região. “O futuro é promissor: vejo o crescimento não só de competições, mas de uma verdadeira comunidade — com quadras sendo ocupadas por diferentes públicos, o esporte entrando nas escolas, nos parques e ganhando espaço de forma contínua e orgânica. O torneio é só o começo de uma história que ainda vai longe”, projeta a treinadora.
Para que a modalidade continue crescendo, Nana destaca a necessidade de maior visibilidade, inclusão em escolas, apoio público e capacitação de novos treinadores. “Pra expandir a modalidade, a gente ainda precisa de mais visibilidade, inclusão nas escolas, apoio público, capacitação de novos treinadores capacitados e espaços permanentes de prática. O potencial é imenso — e o que a gente já conquistou mostra que vale a pena continuar. Mas pra isso, é essencial que o crescimento venha com verdade, compromisso e respeito”, conclui.