“Comecei no fisiculturismo querendo me desafiar e mostrar para mim mesma que eu era capaz de fazer coisas que duvidava.” A frase resume o início da trajetória de Paula Natana Rodrigues, treinadora e fisiculturista de Campo Grande, nascida em 15 de junho de 1991, no Rio de Janeiro.
A relação dela com o esporte surgiu de forma inesperada. Na adolescência, sofreu bullying por ter ombros largos. “Comecei a treinar só pela estética, queria ter pernas grossas e odiava meus superiores. Mas logo percebi que era muito mais: disciplina, resiliência e transformação.” O que começou como uma tentativa de mudar a própria aparência se tornou o caminho para uma carreira que une dedicação e a missão de inspirar outras mulheres.
Segundo Paula, a fase inicial não foi marcada pela dificuldade em seguir dieta ou treinos, mas por outro obstáculo. “O maior desafio foi acreditar que eu realmente seria capaz. O que me desafiava mesmo era lidar com a minha insegurança e a vergonha diante das críticas.” A autoconfiança, pouco a pouco, foi conquistada ao longo do processo de preparação e das primeiras competições.
A vida de uma atleta de fisiculturismo exige disciplina diária, e Paula descreve sua rotina de forma detalhada. “Minha rotina é bem estruturada pelo meu coach: treino de musculação cinco vezes na semana, com foco em membros inferiores e superiores de forma equilibrada, além de exercícios aeróbicos todo santo dia.” Ela ainda destaca a alimentação como um dos pilares do resultado. “Treino sem dieta não dá resultado e não dá mesmo. Cada refeição tem um propósito, e pesar a comida é indispensável. A suplementação entra como complemento, ajudando a potencializar cada fase da preparação.”
Com a agenda de treinos, a fase pré-competição exige ajustes ainda mais rigorosos. “Antes de competir, a intensidade e os detalhes ficam ainda mais ajustados para chegar no palco na melhor versão possível.”
Além da própria carreira, Paula também atua como treinadora. Conciliar sua preparação com o acompanhamento de alunas é outro desafio. “Conciliar meu treino com o das minhas alunas não é fácil, principalmente na fase de finalização, quando já estou no ápice da preparação. Mas é justamente isso que me aproxima ainda mais delas.”
Essa relação se tornou parte importante de sua caminhada. “Enquanto ajudo cada uma a conquistar seus objetivos, elas também me fortalecem e me lembram do porquê escolhi viver esse estilo de vida.”
Com experiência como atleta e como treinadora, Paula observa falhas recorrentes entre iniciantes. “Os erros que mais vejo são treinar sem orientação, querer pular etapas, não ter constância, deixar passar detalhes importantes e recorrer ao uso descontrolado de esteroides. Muitos querem milagres e não fazem nem o básico.”
Para ela, o início deve ser pautado pela paciência. “Busque um bom profissional, respeite seu corpo e seus limites, e tenha paciência. Os resultados não aparecem do dia para a noite.”
Entre as competições, uma experiência se destaca. “Minha primeira competição foi a que mais me marcou. Não era na minha cidade e tinha só uma pessoa torcendo por mim. Fiquei super insegura vendo meninas lindíssimas e pensei que não estava no padrão.”
A superação veio no resultado. “Aprendi que não é só tamanho, é proporção, presença e acreditar em si mesma. No fim, fui Top 1, e isso me mostrou que confiança e um trabalho bem feito valem muito.”
O fisiculturismo feminino no Brasil
Paula acompanha a evolução do esporte no país. “O fisiculturismo feminino no Brasil evoluiu muito nos últimos anos. Hoje, temos atletas brasileiras conquistando reconhecimento internacional e inspirando futuras gerações. Isso é lindo.”
O crescimento da modalidade, segundo ela, abre espaço para mais mulheres se desafiarem e encontrarem no esporte um caminho de transformação pessoal e profissional.
Quando questionada sobre o que a mantém motivada além das competições, Paula aponta para o impacto que causa ao redor. “Me inspira poder impactar positivamente a vida das pessoas e ser vista como inspiração.”
A família também ocupa um papel central. “Minha mãe é minha maior fã, e ver o orgulho dela me dá força e motivação todos os dias, tanto na vida pessoal quanto profissional.”
A história de Paula Natana Rodrigues mostra como uma trajetória pode nascer de uma dor pessoal e se transformar em inspiração coletiva. O bullying que a marcou na juventude se tornou o ponto de partida para uma vida de disciplina, resiliência e constância.
“Conquistar um shape bonito é uma jornada, resultados de verdade levam tempo. Não desista e faça o que tem que ser feito.”