Filho de professora de educação física, Vitor Sena encontrou no esporte o caminho natural para sua trajetória profissional. Desde cedo, participou ativamente de diversas modalidades, mas foi no voleibol que se destacou e seguiu carreira. Como atleta da base em clubes, percebeu a importância da estatística aplicada ao jogo e passou a explorar essa área. "No decorrer de minha trajetória com a estatística de habilidade, vi que as possibilidades dentro da quadra não eram utilizadas na época", afirma Sena. Essa percepção o levou a transformar dados em ferramentas de ensino e aprimoramento técnico.
Atualmente, Vitor Sena é analista de desempenho e treinador da categoria de base da seleção de Mato Grosso do Sul. Sua abordagem na avaliação de atletas difere da visão tradicional que prioriza a estrutura óssea e muscular. "Identifico os traços característicos de habilidades, sendo elas velocidade, tomada de decisão e potência", explica. Segundo ele, no voleibol de base, a estrutura física não é o fator predominante, mas sim um conjunto de atributos técnicos e cognitivos.
O crescimento do voleibol no estado tem sido notável, mas enfrenta desafios estruturais e de gestão. "O Estado de Mato Grosso do Sul está sendo visto dentro da Confederação Brasileira, pois existem muitos atletas registrados em clubes cujo primeiro contato foi aqui", pontua. No entanto, a falta de um time local competitivo faz com que talentos migrem para outras regiões em busca de oportunidades. "Estruturação, gestão e captação de recursos limitam esses atletas a continuar tendo um bom aparato dentro do Estado", acrescenta.
Como analista de desempenho, Sena utiliza diversas ferramentas para monitorar o progresso dos jogadores. "As ferramentas são planilhas de Excel para cálculos e outros aplicativos gratuitos ou pagos, dependendo do que precisa ser analisado especificamente", detalha. Ele acredita que a base é essencial para um projeto a longo prazo, comparando o desenvolvimento do voleibol ao modelo seguido por países que investiram nesse segmento ao longo de ciclos olímpicos. "O Brasil está correndo atrás e Mato Grosso do Sul tem feito parte dessa corrida para um melhoramento", destaca.
Na preparação dos jovens atletas, ele enfatiza a importância da técnica antes da tática. "No período de iniciação, o mais importante é o desenvolvimento técnico em alto nível; a tática vem na continuidade do processo", explica. Além disso, reconhece que aspectos emocionais e mentais influenciam diretamente o rendimento dos jogadores. "A forma como foram treinados e sua relação familiar definem algumas características emocionais e mentais", pontua.
Sobre as pressões da função, Sena ressalta que a previsão de desempenho é uma construção de longo prazo. "As peças não mudam muito; você sabe qual time será o favorito no ano seguinte", comenta. Ele também destaca a diminuição do número de praticantes da modalidade, um fenômeno global que impacta Mato Grosso do Sul. "Aos que se dedicam à prática, fazemos um trabalho de longo prazo para buscar a melhor versão de cada atleta naquele momento", acrescenta.
Para o futuro do voleibol no estado, Sena acredita que a união dos profissionais da área é essencial para consolidar um projeto duradouro. "A maturação de alto rendimento já está sendo inserida na categoria de base, não ficando atrás de estados tradicionais na modalidade", afirma.
Aos jovens que sonham em chegar ao alto rendimento, ele deixa um conselho direto: "O processo é longo e não tenha medo de perguntar e correr atrás de mais conhecimento. Dedique-se como se estivesse construindo algo tijolo por tijolo, mostrando os resultados de incansáveis dias de dedicação". Segundo Sena, a evolução constante e a participação em competições são essenciais para que os atletas se destaquem e aproveitem as oportunidades que surgirem em suas carreiras.