Campo Grande (MS) - Fazia dois anos e dois meses que o torcedor alvinegro não via o time do Operário em campo. A espera teve fim na tarde desta terça-feira, 30, quando o elenco do Galo treinou pela primeira vez no campo do Marambaia, no bairro Coophavila II.
O reencontro teve direito a fogos de artifício, faixas e bandeiras penduradas no alambrado. Teve gente que até pediu dispensa do serviço para prestigiar a volta do Operário. Entre curiosos e fanáticos, cerca de 20 pessoas puderam ver os primeiros toques de bola de um time ainda em formação.
O torcedor Anderson Santos conta que a paixão alvinegra nunca se extinguiu, apesar da crise que afetou o clube desde o rebaixamento na Série A estadual em 2011.
"Chegamos a montar um time amador para disputar campeonatos de bairro, tudo para não deixar morrer o sonho do Operário. Agora vivemos um momento de alegria", diz Anderson.
Márcio de Souza, conhecido entre os operarianos como Lobão, já vestiu o manto alvinegro como lateral direito na década de 1970, nos primórdios da profissionalização do clube. Hoje, aos 53 anos, é um dos torcedores que mais se envolve com as atividades do Operário.
"Sempre que o clube precisa eu estou junto. Trabalho com a diretoria, convocando os torcedores ou reunindo com empresários que queiram investir no time. Se ninguém faz, alguém tem que fazer isso. Nossa ideologia é para voltar a ser grande, por isso a gente bota fé nessa gurizada", relata Lobão, referindo-se aos jogadores que integram a equipe.
Entre os atletas que compõem o grupo operariano, a maioria são caras novas. Jovens recém-profissionalizados ou em início de carreira, com passagens por pequenos clubes do interior do país. Mas tem um zagueiro com história no alvinegro. Reinaldo lembra com orgulho de 2006, ano em que enfrentou o Botafogo na primeira fase da Copa do Brasil.
Os cariocas despachavam o Galo por 2 a 0 no Morenão quando, aos 28 do 2º tempo, a bola sobrou quicando na grande área após cobrança de escanteio. De costas para o gol, o capitão operariano emendou uma bicicleta que pegou o goleiro Max desprevenido. O time campo-grandense acabou sendo eliminado no jogo de volta, no Maracanã. De volta ao clube, o zagueiro de 35 anos só pensa em ajudar a equipe a subir à elite do estadual.
"Era para eu encerrar a carreira, mas não parei de jogar nos últimos anos. Estou muito motivado, voltando a pedido da torcida. Fiz um compromisso de honra com esse time", garante Reinaldo.