Apesar da expectativa, a disputa foi fácil: bastou que Honorato passasse pela a fase classificatória para se classificar para a seletiva de dezembro. Isso porque, com o desligamento de Alessandro Bragança, titular da seleção sub-26, os dois finalistas da pré-seletiva acabaram beneficiados com duas vagas.
"Lutei bem hoje, fazendo o essencial para ganhar. Agora o meu foco é na seletiva", comentou Honorato, que se classificou ao lado de Leandro Gonçalves. Aliviado, o judoca confessou para a Gazeta Esportiva.Net, que sua carreira estaria muito próxima do fim em caso de insucesso neste sábado.
"Como a seletiva para as Olimpíadas vai ser um pouco diferente, então hoje era um dia chave para mim. Era a minha chance de ficar dois anos na ativa, junto com a seleção ou praticamente parar", afirmou o atleta.
Apesar da pressão, Honorato garante que, ao contrário do que ocorria no passado, não se sentiu ansioso para a disputa. Tudo conseqüência de um sério trabalho psicológico que ele passou após perder seu lugar no Mundial do Egito em 2005 por estar fora do peso e a vaga na seleção brasileira.
"Foram várias etapas de um trabalho de motivação. Não podia perder o foco, mas ontem mesmo eu estava tranqüilo para a competição. Agora não fico mais agitado, estressado para as lutas", explica o atleta, mostrando como seu desempenho era afetado. "Antes eu entrava com tudo para conseguir logo um ippon (golpe mais forte do judô, com o poder de encerrar a luta a qualquer momento) e isso me prejudicava. Agora estou mais tático", revela.
O judoca também comemorou o trabalho nutricional que agora permite a manutenção de seu peso ideal sem grandes sacrifícios. "Antes eu tinha sempre que fazer algo para perder peso e agora está melhor. Claro que de vez em quando eu deixo de consumir algo, como um refrigerante, mas sem problemas", afirma.
Para a seletiva de dezembro, Honorato não pretende mudar a sua rotina de treinos, mesmo tendo que enfrentar nomes como Hugo Pessanha, que o tirou da seleção nacional. "O importante é não mudar o que está ganhando. Só quero fazer um aperfeiçoamento com a equipe da França que vem treinar com a gente em novembro", explica o atleta.
Ele ainda falou da desistência de Tiago Camilo, também medalhista em prata em Sidney-2000, que, por conta de uma contusão no tornozelo, desistiu da disputa para se concentrar na categoria meio-médio (até 81kg), onde ele já estava classificado para a seletiva.
"Para mim, o Tiago estar ou não era a mesma coisa: qualquer um dos judocas aqui são adversários difíceis. Ele é novo e está em uma fase de transição de categoria. Se fosse disputar entre os médios teria que começar um processo novo, mas preferiu cuidar do tornozelo e ficar no meio-médio, onde é um dos candidatos mais fortes à vaga", analisou.
Independente dos adversários, Honorato mostrou mesmo que é um novo atleta. "Se eu perder a seletiva vai ficar um pouco difícil voltar para a seleção, mas espero fechar o ano de 2008 tendo participado das Olimpíadas", afirmou o judoca, animado. "Quando eu perdi a vaga na seleção parece que foi a mão de Deus porque eu tinha que acertar as minhas coisas. Agora que eu já vi o que estava errado, Ele já me ajudou a passar por essa pré-seletiva", comemorou.
Festa em família - Carlos não foi o único Honorato a comemorar a vaga na seletiva neste sábado. Atleta da categoria meio-médio, seu irmão Flávio também garantiu a classificação. "As lutas foram meio truncadas, mas agora vou procurar chegar bem na próxima fase", comentou o atleta, que terá agora Flávio Canto e Tiago Camilo como rivais. "Não tem como fugir disso. O equilíbrio do judô brasileiro está muito grande. As competições são de alto nível", ressaltou.