Dourados (MS) - Enquanto o futsal masculino se fortalece e ganha projeção com competições em nível estadual, a versão feminina da modalidade não desfruta do mesmo prestígio. Equipes e jogadoras estão em escassez, e por consequência os torneios são igualmente raros. A falta de apoio financeiro e até o preconceito são fatores que comprometem o desenvolvimento do esporte entre as mulheres, mas há quem lute contra tudo isso e segue apostando no futsal como meio de vida.
Em Dourados, um grupo de jovens que treinavam de maneira independente durante dois anos se aliou a uma escolinha de futsal para formar uma equipe visando a disputa de campeonatos. É a Aefa, tradicional clube da Copa Morena de futsal, que agora conta com times nos dois naipes. Camila Bruning de Melo, 19 anos, atua como pivô e conta como tudo começou.
- Somos em torno de 17 meninas e treinávamos no ginásio da cidade, no período da noite, três vezes por semana, para conciliar com os estudos e o trabalho. Sempre corremos atrás de patrocínio, até que no início deste ano apareceu a oportunidade de apresentarmos o projeto à Aefa - diz Camila.
Além de participar de campeonatos na região de Dourados, o objetivo do grupo, segundo Camila, é resgatar o futsal feminino, que tem sido deixado de lado nos últimos anos. Opinião que é compartilhada pela treinadora da equipe, a ex-goleira Katiuscia Mendonça, de 34 anos.
- Há cerca de dez anos nosso futsal feminino era muito forte, mas acabou se perdendo com o tempo. Acredito que isso se deve à falta de investidores e os campeonatos escassos, mas precisamos continuar divulgando o futsal, afinal, esse trabalho com as meninas vai além do esporte, é um trabalho social - diz Katiuscia.
Na opinião do técnico Sérgio Pavão, que trabalha com futsal há 18 anos, uma série de fatores atrapalha o desenvolvimento da modalidade, mas um dos principais problemas está na iniciação das atletas.
- Ninguém quer trabalhar com as crianças, é difícil juntar times femininos. Muitos pais ainda têm preconceito com o futsal e preferem encaminhar as filhas para vôlei ou handebol. Também não temos competições fora das escolas, então não compensa trabalhar o ano inteiro para disputar um único campeonato. Acredito que o futsal feminino só vai para frente se tiver campeonatos - avalia Pavão.
Com ou sem apoio, as equipes de futsal feminino seguem se esforçando para competir. No interior do estado, a Copa do Interior envolve cerca de 16 times. No fim de março, a Aefa, uma das representantes de Dourados no torneio, acabou sendo eliminada na etapa da região sul.