Lauriane Arruda escolhe o esporte como caminho para transformar vidas

da redação - 22 de abr de 2025 às 15:06 143 Views 0 Comentários
Lauriane Arruda escolhe o esporte como caminho para transformar vidas Da Redação

A trajetória de Lauriane Arruda no voleibol começou de forma inesperada, durante o intervalo das aulas na Escola Estadual Joaquim Murtinho, em Campo Grande. Era 2016, e, até então, ela não tinha tido contato com o esporte que, mais tarde, se tornaria parte central de sua vida.  
  
“No recreio, a galera se juntava para jogar vôlei, e eu sempre pratiquei esportes, só que nunca tinha jogado vôlei. Aquilo me despertou o interesse”, lembra Lauriane. Aos 16 anos, começou a praticar e a se dedicar, mesmo sabendo que havia iniciado mais tarde que o comum para atletas da modalidade.  

“Comecei muito tarde no vôlei, então não consegui aproveitar muitas coisas nas categorias de base. Quando eu realmente ia começar, a federação cortou um ano, e esse ano era justamente o meu”, conta. Ainda assim, participou de seu primeiro e último campeonato estadual e escolares em 2017.  

Lauriane não deixou que os obstáculos iniciais interrompessem sua ligação com o esporte. Ela escolheu cursar Educação Física com um objetivo claro: tornar-se treinadora. “Eu acho fascinante educar uma criança através do esporte. Queria continuar com essa trajetória, porque o esporte salva vidas”, afirma.  

Hoje, aos 24 anos, Lauriane é treinadora nacional Nível II de Voleibol, uma certificação reconhecida pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Para ela, o principal desafio para conquistar essa certificação foi lidar com a própria ansiedade. “Criei muitas expectativas do que poderia acontecer, e no final tudo foi ao contrário. Mas foi uma experiência incrível, como treinadora e como atleta.”  

Além do trabalho em quadra, ela também representa o estado de Mato Grosso do Sul em competições e eventos fora da região, algo que carrega com significado especial. “O MS precisa ser mais reconhecido no cenário nacional. Temos muitos atletas fantásticos nesse estado, não só no vôlei, mas em todas as modalidades. Só precisamos de mais apoio”, destaca.  

Lauriane enxerga que a falta de incentivo é um dos maiores entraves para o crescimento do voleibol sul-mato-grossense. Ela observa que, anos atrás, Campo Grande tinha mais campeonatos no calendário, o que contribuía para o desenvolvimento de atletas. “Hoje temos só três campeonatos por ano, enquanto antes eram cinco ou seis. Muitos atletas saem do estado para buscar oportunidades. O Paraná, por exemplo, é destino de muitos atletas daqui”, relata.  

Ela acredita que uma mudança de postura por parte da federação estadual pode ser o ponto de partida para uma transformação maior. “A federação precisa rever seus pensamentos e tentar igualar o estado aos demais do Brasil. Começando com a valorização de campeonatos de todas as categorias.”  

Além da função de treinadora, Lauriane também atua diretamente na formação de jovens atletas em uma escolinha da capital. “Trabalho na escolinha do Leomar, e lá é dividido por categorias, da iniciação ao master. Então temos turmas com meninas que estão começando e outras mais avançadas”, explica.  

Com essa vivência prática e formativa, ela reafirma a importância do esporte como ferramenta de transformação social. Ainda que não cite um caso específico, a escolha por seguir como educadora através do esporte é, por si só, uma declaração de fé nesse poder.  

Um dos marcos da carreira de Lauriane até o momento é o primeiro título conquistado como treinadora. “É uma satisfação enorme, que não consigo expressar. Ver a felicidade no rosto das meninas não tem preço.”  

Sobre o papel das mulheres no esporte, ela nota avanços, especialmente na formação de novas treinadoras, mas ainda aponta a necessidade de ações concretas para ampliar essa presença. “Estamos cada vez mais tomando espaço. No curso nacional que fizemos, éramos 17 mulheres, um número muito agradável. Mas ainda precisamos de programas de incentivo, divulgar experiências, criar redes de contato. São ações fundamentais para que mulheres e homens superem as barreiras e busquem a equidade na carreira.”  

Apesar de ainda manter uma rotina como atleta, Lauriane já projeta seu futuro como treinadora. “Como atleta, pretendo ir até onde minhas articulações aguentarem. Como treinadora, meu maior objetivo é seguir ensinando e transformando vidas de muitas crianças.”  

Para quem sonha com uma carreira no esporte, ela deixa um conselho direto: “Cuide da sua saúde física e mental, porque vamos nos entregar por inteiro.”

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