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Judoca sul-mato-grossense compartilha experiência e mira nova fase como sensei

da redação - 18 de jul de 2025 às 12:56 44 Views 0 Comentários
Judoca sul-mato-grossense compartilha experiência e mira nova fase como sensei Da Redação

Com 21 medalhas de ouro, 13 de prata e 25 de bronze registradas pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Artur Teixeira Corrêa, de 18 anos, carrega uma bagagem considerável para alguém que decidiu, neste momento, deixar um pouco de lado as competições nacionais para priorizar os estudos e iniciar uma nova fase como professor. Nascido no Rio de Janeiro, em 2006, e atualmente radicado em Dourados, ele treina e atua na Associação Cano de Judô (ACJ).

 

A história de Artur no tatame começou cedo. Aos quatro anos de idade, foi matriculado pelos pais no Iate Clube Jardim Guanabara, no Rio, onde treinou sob orientação do sensei Rubens Neres. “Fiquei lá até os 7, quando o mesmo me convidou para treinar na sua academia, já que o clube não era federado”, lembra. A mudança o levou para a equipe que hoje é registrada como Ilha Judô, e dali vieram as primeiras competições e o apego ao esporte. “Eu sempre fui muito competitivo, então logo que participei das minhas primeiras competições, no sub-9, me viciei pelo esporte.”

 

O envolvimento precoce e o apoio familiar foram cruciais para que ele permanecesse no judô ao longo dos anos. “É difícil manter um atleta ativo começando tão cedo. Mas o apoio dos meus pais, os amigos que fiz no esporte e a vontade de vencer me fizeram continuar sempre.”

 

Mesmo sem alcançar a seleção olímpica, Artur acumulou conquistas importantes. Em 2023, foi campeão brasileiro regional sub-21 da Região IV, que abrange Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Rondônia e Acre. Também alcançou o 3º lugar na categoria sênior e, assim, pode integrar a equipe de base da seleção júnior no circuito europeu, competindo na República Tcheca e Hungria. “Apesar de não ter obtido grandes resultados, foi uma excelente experiência, junto com o treinamento de campo internacional”, avalia.

 

Na Seletiva Nacional de 2022, terminou em sétimo lugar, entre mais de 90 atletas. “Foi uma das mais difíceis do Brasil”, comenta. Antes disso, foi campeão carioca nas categorias sub-13 e sub-15 e, após a mudança para Mato Grosso do Sul, sagrou-se campeão estadual diversas vezes.

 

A mudança de estado, aliás, teve papel importante na sua trajetória pessoal. “O esporte me ajudou a superar minhas dificuldades, principalmente quando me mudei do RJ para o MS. Foi um momento de adaptação e de muita saudade, mas estar treinando em um lugar novo e ser bem recebido me ajudaram a superar esse desafio e a me sentir em casa.”

 

A rotina atual do atleta tenta equilibrar treinos e estudos. São seis treinos semanais de 1h30 cada, além de academia em três dias e corridas diárias de 30 minutos. Mas ele reconhece que as limitações estruturais e logísticas dificultam a jornada de quem pratica esportes no interior do país. “A maioria das competições ocorre na capital, e é necessário desembolsar tempo e custos para ir e voltar durante os finais de semana”, relata.

 

Ele também aponta disparidades entre atletas de centros maiores e os de estados com menos investimento. “Não somos atletas fracos. O judô de Mato Grosso do Sul tem se destacado todos os anos no cenário nacional. Porém, competir com clubes com salários e centros de treinamento avançados, que permitem que os atletas vivam do esporte, é uma realidade distante aqui”, afirma. Como exemplo, cita o colega Breno Dias, que atualmente integra a equipe do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, ao lado de nomes como Beatriz Freitas, Rafael Silva e Larissa Pimenta.

 

Apesar dos desafios, Artur destaca a importância do ambiente de treino da ACJ. “Somos uma família dentro do tatame, auxiliando uns aos outros. Como sensei agora, vejo cada vez mais a importância de ensinar e poder transmitir meus conhecimentos aos atletas mais novos.” Ele também reconhece a influência dos professores que encontrou em Dourados. “Não seria quem sou hoje sem os conselhos do sensei Alexandre, do sensei Gi e de todos os demais atletas da ACJ.”

 

A atuação da Associação Cano de Judô na cidade vai além da competição. “A ACJ atua ativamente na vida de muitas pessoas de Dourados e região, principalmente por atuar juntamente a escolas e com projetos sociais, como o Instituto Thiago Camilo, possibilitando que crianças tenham contato mais cedo com o esporte.” Para ele, o impacto do judô vai muito além do tatame. “A prática de qualquer esporte é muito impactante para as pessoas, e deve ser incentivada sempre que possível.”

 

Sobre ídolos, Artur prefere aqueles que fazem parte do seu convívio diário. “Prefiro me inspirar naqueles que estão perto de mim, que eu conheça a realidade por trás da história da pessoa.” E o principal deles é o sensei Alexandre. “Apesar de ser campeão paulista e prezar por um judô competitivo, sempre colocou a humildade e as disciplinas básicas do judô como prioridade. O ambiente que ele criou é tão acolhedor que hoje temos treinos com mais de 10 senseis no tatame, um privilégio construído por esse homem.”

 

Recentemente, Artur precisou fazer uma pausa nas competições em função de uma lesão. “Estou voltando de uma ruptura parcial do tendão do manguito rotador”, conta. Com foco nos estudos, decidiu reduzir o ritmo competitivo, mas segue presente no dojo. “Agora, pretendo ser cada vez mais um sensei para a galera do sub-11, 13 e 15, podendo ajudá-los a irem ainda mais longe do que eu mesmo.” Para ele, essa é a verdadeira missão do judô. “Nunca pensar apenas em você mesmo, mas sempre querer compartilhar conhecimento e ajudar os seus colegas de tatame.”

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