Rio de Janeiro (RJ) - O gaúcho João Derly é o primeiro bicampeão mundial de judô do Brasil. Na noite deste sábado, embalado pela torcida que veio em bom número à Arena Multiuso, no distante bairro de Jacarepaguá, ele bateu o cubano Yordanis Arencibia e foi campeão do Mundial do Rio de Janeiro entre os meio leves (66 kg).
De quebra, ele ainda entrou para um seleto grupo de judocas no mundo. Com o bi, ele se une ao alemão Udo Quellmaz, o iraniano Arash Miresmaeilli e o soviético Nikolai Solodukhin, os únicos no planeta que venceram duas vezes a competição na categoria.
No terceiro confronto em 2007, os dois judocas entraram no tatame sabendo como defender o rival. Até a metade da luta, foi somente isso que ambos fizeram. Evitaram tanto o confronto que o juiz puniu os dois por falta de combatitividade na metade da luta.
O cenário não mudou mudou muito depois dos dois shidos. A um minuto do final, Derly levantou o cubano. A torcida levantou, vendo uma reedição do golpe da semifinal, mas o brasileiro não conseguiu jogar o rival no chão. Como nos dois combates anteriores do ano, a luta foi para o golden score, a morte súbita do judô.
No tempo extra, o cubano foi para cima e quase acertou um golpe a 1min30s. A 2min30s, porém, o brasileiro conseguiu o koka vencedor.
O ouro coroa também o Mundial do Brasil. Se em todos os mundiais anteriores Derly era o único a conseguir um primeiro lugar, no Rio esse número duplicou. Além do gaúcho, Tiago Camilo (81 kg) e Luciano Corrêa (100 kg) foram campeões na arena.
O torneio foi perfeito para o brasileiro, que mostrou um estilo diferente do do Cairo, quando, além de campeão, foi eleito o melhor da competição. Em sete lutas, ganhou só uma nos primeiros minutos, a terceira rodada, contra o português naturalizado australiano Ivo Santos.
A semifinal, por exemplo, foi tensa contra o armeno Armen Nazaryan. A decisão foi para o golden score e Derly chegou a levantar o iraniano e, por poucos segundos, tentou jogá-lo no chão. Não conseguiu por pouco. Aparentando cansaço, o armeno pouco atacou no tempo extra. A dois minutos e 50 segundos do fim, Derly finalmente conseguiu o golpe, um yuko, vecendo o combate.
Nas quartas, a vítima foi o italiano Giovanne Casale, por ippon, no último minuto da luta. Na segunda rodada, venceu o mongol Sanjaasur Myaragchaa, por imobilização, a 1min14s do final. O luta, porém, foi complicada, com mongol abrindo vantagem de um yuko logo no começo e o brasileiro teve de correr atrás, embalado pela torcida. Em sua estréia, já tinha derrotado o chinês Ritubilige Wu no golden score.
Marcado, Derly mudou seu estilo de luta em relação ao Mundial passado. No Cairo, em 2005, ele venceu quatro de suas seis lutas por ippon e foi eleito o melhor judoca da competição. "Preparamos uma estratégia diferente para o Mundial. Ele vai lutar muito mais com a cabeça", já tinha avisado seu técnico no clube gaúcho Sogipa, Antônio Carlos Pereira, o Kiko.