Paris (França) - Se a maioria pensa que estar no topo do tênis é ganhar milhões de dólares e curtir uma boa vida, Gustavo Kuerten diz o contrário. Na experiência de seus mais de 15 anos no circuito, o catarinense destaca exatamente essa vida corrida e "irreal" como uma das coisas que menos vai sentir falta agora longe do esporte.
"A coisa que menos quero lembrar é essa fantasia do circuito. Todo mundo acha que é só glamour, mas não tem nada disso. Os jogadores são extremamente reverenciados, algo que nunca me atraiu. Fora esse excesso de competição, de estar sempre correndo, viajando, isso não fará falta", explicou o agora ex-profissional, em entrevista realizada nesta segunda-feira em restaurante de Roland Garros.
No papo bem à vontade com a imprensa brasileira, Guga se viu em situações complicadas ao ter de comentar, por exemplo, sobre o namoro com a jogadora de vôlei de praia Carol. Sempre bem-humorado, tentou se esquivar, mas acabou admitindo que as coisas vão bem e que um casamento não seria algo totalmente fora dos planos.
"Morrer solteirão eu não vou", disse o catarinense, provocando risos gerais. "Mas com ela as coisas vão bem. A gente começou há pouco tempo e ainda estamos nos conhecendo. Ela tem um circuito de vôlei pesado, mas eu conheço essa vida, sei como é, então posso até ajudar", destacou ele, para, em seguida, brincar com o fato de Thomaz Koch, outro dos grandes tenistas que o Brasil viu jogar, ser casado com Isabel, mãe de Carol. "Pô, dá até pra bater uma bola com ele!"
Acompanhando de longe - Depois de ser convidado no ano passado para entregar a taça de campeão a Rafael Nadal e de receber a homenagem neste ano, Guga sabe que agora não deverá fazer mais parte do dia-a-dia de Roland Garros. E para ele, essa distância servirá para preservar a boa imagem construída ao longo das duas últimas décadas.
"É um lugar que me atrai, mas não me vejo voltando sempre. Tem que ser algo legal para que eu pense nisso, como foi no ano passado. Acho que a curto prazo meu envolvimento deve diminuir, mas talvez retorne ocasionalmente", completou o ex-número 1 do mundo e tricampeão do Grand Slam parisiense.
Da mesma forma, fez questão de ressaltar que não se sente um "professor" da nova geração, mas que se manterá aberto para discutir e ajudar sempre que for requisitado. "Não sou referência, mas tenho este canal aberto com a gurizada. Sempre que deu fui bater bola com todo mundo. Eles sabem que falar comigo é tranquilo", explicou, voltando em seguida especificamente a Thomaz Bellucci.
"Em relação ao Thomaz, acho que nem preciso falar muito. Ele está fechado com o técnico, treinando direitinho e descobrindo as coisas sozinho. É importante, estive no papel dele no passado e sei que é até bom que muitas pessoas não interfiram", encerrou Guga, que havia aparecido no complexo justamente para ver o jogo entre o novo número 1 brasileiro contra Rafael Nadal. A partida, que nem chegou a começar por conta da chuva, deve ser realizada nesta terça-feira.