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Gercelio Júnior investe na formação de atletas e cidadãos em Jateí

da redação - 29 de jul de 2025 às 14:54 257 Views 0 Comentários
Gercelio Júnior investe na formação de atletas e cidadãos em Jateí Da Redação

“Estarei sempre ao lado vivendo o sonho junto com vocês”. A frase dita por Gercelio de Oliveira Chaves Júnior sintetiza não só sua trajetória no esporte, mas também a missão que decidiu assumir em Jateí, município de pouco mais de quatro mil habitantes no interior de Mato Grosso do Sul. Natural de Sidrolândia, Gercelio chegou à cidade com apenas cinco anos e encontrou no futebol mais do que uma diversão de infância: encontrou um caminho.

 

“Desde sempre com uma paixão pelo futebol”, ele recorda. O gosto pela bola foi se transformando aos poucos em algo mais sério, especialmente com o incentivo do pai, com quem deu os primeiros passos no esporte. “Meu pai sempre sonhou comigo e me motiva a cada dia sem medir esforços”. Ao lado dele, um dos primeiros professores a marcar sua formação foi Leopoldo, ex-goleiro do Operário.

 

Ainda jovem, passou por escolinhas de Dourados e conheceu Reginaldo Rosa, da Escolinha Progol. Foi Reginaldo quem o levou a campeonatos dentro e fora do Estado e se tornou, como diz Gercelio, “um segundo pai”. Quando decidiu trocar o curso de Agronomia pela Educação Física, em 2019, foi também Reginaldo quem abriu as portas. “Ele me contratou como estagiário e me apoiou em seguir uma nova trajetória nos estudos”.

 

O futsal surgiu um pouco depois, em 2018, e mudou seu olhar sobre o esporte. “Vi que o futsal era mais bacana, dinâmico e divertido”, conta ele, relembrando sua entrada na equipe douradense Embrasa Futsal, sob comando do professor Marcos Esposito. No mesmo ano, Gercelio ajudou a formar um time de amigos em Jateí para disputar o campeonato municipal. Nascia ali o A Barca F.C, equipe que seria campeã e se tornaria projeto. “Tínhamos a média de 17 a 18 anos de idade. Foi a partir desse título que começamos a trabalhar o projeto que mantemos até hoje”.

 

As conquistas mais importantes, segundo ele, não são apenas os troféus, mas os significados por trás deles. “Vale destacar o primeiro municipal que ganhamos aqui em Jateí, em 2018, e a Copa Unigran em 2021, em Dourados, quando mostramos para Jateí e região que um time formado de amigos também pode chegar longe”.

 

Mesmo sem atuar profissionalmente, ele segue em quadra. “Hoje jogo mais por hobby, diversão, uma forma de encontrar amigos. Quando a bola está rolando, esquecemos todos os problemas de fora”. Mas seu papel principal está fora das quatro linhas, como educador e responsável pelos projetos A Barca F.C e, mais recentemente, A Barquinha F.C.

 

Criada em 2024 a pedido de pais e alunos, a Barquinha atende cerca de 70 crianças de 5 a 15 anos com treinos semanais em uma quadra cedida pela prefeitura de Jateí. “O projeto é tocado por nós, professores, comerciantes locais que apoiam e o apoio voluntário dos pais dos atletas que têm condição de ajudar”, explica. Ao lado do professor João Arruda, Gercelio tem se dedicado à construção de um espaço que vai além do esporte. “O esporte é fundamental para o desenvolvimento de uma criança. Digo que esporte é saúde, é educação, é social. Ensinamos o caminho do bem e o respeito por onde estiver”.

 

Os desafios são grandes. “Sempre pontuo aos alunos que eles são os atletas de uma cidade de quatro mil habitantes, que trabalhamos com o melhor que podemos contra outras cidades que podem selecionar atletas de maior nível para competir. Mas sempre estamos provando que, por mais pequena que seja, Jateí também tem futuros craques e jogamos de igual para igual”.

 

A realidade da cidade exige dedicação. Sem estrutura profissional, o trabalho depende do esforço pessoal dos envolvidos. Ainda assim, Gercelio acredita que é possível mudar vidas. “Podemos formar algum atleta futuramente, mas o essencial é formar futuros cidadãos de bom caráter”.

 

A motivação que o mantém firme no projeto é a mesma que o guiou desde pequeno: viver no meio do futebol. Hoje, aos 25 anos, divide sua rotina entre a profissão, o projeto e a família. Casado com Marielle Geovana, é pai da pequena Maria Clara, de 1 ano e 8 meses. E mesmo diante das responsabilidades e limitações, segue em busca de novos aprendizados. “Continuo me capacitando cada dia mais para desenvolver um bom trabalho e, se uma oportunidade maior aparecer, estaremos prontos dentro do mercado da Educação Física”.

 

A trajetória de Gercelio Júnior é construída em silêncio, longe dos grandes centros esportivos e da visibilidade de clubes profissionais. Mas, para ele, o verdadeiro impacto do esporte não se mede em fama ou contratos. Está na transformação cotidiana, nos pequenos passos dados por cada aluno que acredita em um sonho — o mesmo sonho que ele viveu e agora ajuda a manter vivo em Jateí.

 

E para esses jovens, ele deixa um recado direto: “Cada um viva seu sonho de uma forma especial. Que não abaixe a cabeça e que a cada dia continue a lutar e correr atrás do seu melhor. As batalhas para se tornar jogador são duras e cruéis, mas que graça teria se fosse tão fácil, né?”

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