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Geovanna Santos enfrenta preconceito e sonha com a Seleção Brasileira de futsal

da redação - 17 de jul de 2025 às 15:14 40 Views 0 Comentários
Geovanna Santos enfrenta preconceito e sonha com a Seleção Brasileira de futsal Da Redação

Aos 16 anos, Geovanna Nogueira dos Santos, nascida em Campo Grande (MS), vive uma rotina marcada por treinos noturnos, estudos pela manhã e o sonho de, um dia, defender a camisa da Seleção Brasileira de futsal. Atleta do Atlético Santista, equipe feminina da Capital, ela iniciou sua trajetória no futebol de campo jogando com meninos, em uma escolinha, ainda criança. Foi esse o primeiro contato com o esporte, e também o início de uma série de desafios que ainda enfrenta no cenário esportivo sul-mato-grossense.

“Comecei a jogar futebol de campo com os meninos de uma escolinha. Entrei logo depois que o meu primo começou a jogar”, conta Geovanna. A mudança para o futsal aconteceu aos 14 anos, quando ingressou na equipe feminina onde permanece até hoje. Desde o início, buscou inspiração em grandes nomes do futebol mundial e em figuras próximas. “Me inspirava bastante no Messi, e foi com ele e o meu pai que eu me inspirava e me inspiro até hoje”, diz.

Apesar do incentivo familiar, o caminho no esporte não foi simples. Geovanna precisou enfrentar o preconceito de colegas e até mesmo de adultos. “O maior problema de ser uma mulher jogando futebol ou futsal aqui é o preconceito. Jogando com os meninos, eles preferiam não tocar a bola para mim por ser mulher”, relata. “Tinha que lutar bastante com os pais deles, que falavam que era para eu fazer coisas de casa, que esse era o meu lugar.”

Além da discriminação, a atleta também destaca a falta de estrutura e oportunidades no futsal feminino sul-mato-grossense. “Aqui o futebol e o futsal feminino não são valorizados. Isso, querendo ou não, nos prejudica muito”, afirma. Segundo ela, os poucos campeonatos ao longo do ano obrigam as equipes a manterem longos períodos apenas treinando. “A gente passa a maior parte do ano treinando para quando chegar nas estaduais, que acontecem uma vez no ano, ir bem.”

Apesar dos obstáculos, Geovanna já representou o estado em competições nacionais importantes. Em 2023, disputou a Taça das Favelas Nacional, em São Paulo. “Infelizmente não nos classificamos para a segunda fase, porém foi uma experiência única. Tive bastante aprendizado”, lembra. No mesmo ano, participou da Copa Mundo de Futsal Feminino Sub-15, em Foz do Iguaçu (PR), onde chegou até as quartas de final da Série Ouro. “Foi um campeonato incrível e maravilhoso. Tive momentos incríveis de aprendizado”, conta.

Esse torneio, em especial, marcou a jovem atleta. “Em 2022 eu fui assistir esse campeonato, no adulto feminino, aqui no Guanandizão. Estava com a minha mãe e disse para ela que um dia eu iria jogar esse campeonato. No ano passado, tive a felicidade de jogar.”

Geovanna estuda no período da manhã, ajuda nas tarefas domésticas à tarde e treina à noite. Ainda não participa de projetos sociais de forma oficial, mas tenta repassar seu conhecimento para as companheiras de equipe. “Eu ajudo as meninas do meu time que estão começando e vejo que precisam de ajuda.”

A jovem atleta acredita que o futsal feminino tem ganhado mais visibilidade, mas reforça a necessidade de maior apoio por parte das instituições e organizações esportivas. “O futsal feminino vem crescendo cada vez mais. Mas no nosso estado tem poucos campeonatos. As organizações deveriam prestar mais atenção.”

Sobre o futuro, ela é direta: quer alcançar o mais alto nível do futsal. “Um dos meus objetivos principais é chegar na Seleção Brasileira e estar jogando em um time de alto nível. Outro é jogar fora do país, como por exemplo no Benfica.”

Para Geovanna, o esporte é um instrumento importante de transformação social, especialmente para jovens da periferia e do interior. “Minha tia sempre colocava eu e meus primos para fazer esportes com medo da gente ir para o caminho errado. É muito importante, não só para as meninas, mas para os meninos também, fazer esportes para que não procurem outros caminhos nos tempos livres.”

Por fim, deixa um recado para outras meninas que enfrentam dificuldades para seguir no esporte. “Se realmente é algo que você gosta de fazer, não desista. Na vida iremos ter várias barreiras para desistirmos, porém devemos seguir lutando. Tenha bastante fé, que tudo que você está plantando, um dia você vai colher. Entregue nas mãos de Deus, que Ele sabe o que é melhor para cada um.”

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