‘Futebol profissional só será forte quando o amador também for’

da redação - 8 de jul de 2016 às 06:59 303 Views 0 Comentários
‘Futebol profissional só será forte quando o amador também for’ José Chadid, presidente da Comissão Permanente de Educação e Desporto da Câmara.

Unânimes nas críticas às entidades que gerem os recursos destinados ao esporte em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul, amantes do futebol amador que participaram de audiência pública na Câmara Municipal, na última quarta-feira, também concordam em outro ponto: a derrocada do futebol profissional sul-mato-grossense se deve, em partes, à falta de incentivo ao amador.

“A atual situação do futebol profissional é resultado do desacaso com o amador. Os campos não possuem estrutura mínima, como marcação e redes. As equipes não têm equipamentos básicos, como bolas e uniformes, seja para treinar ou participar de campeonatos. Com isso, não temos como manter e fomentar as categorias de base. Como sempre, só vai pra frente pela dedicação dos mais apaixonados.”, disse o vereador José Chadid, presidente da Comissão Permanente de Educação e Desporto da Câmara Municipal.

A audiência reuniu representantes de clubes, ligas esportivas, técnicos, atletas, além de cronistas esportivos e representantes do poder público. Em regra, todos concordam que falta apoio à prática do futebol amador, apontado como principal ferramenta de integração nas comunidades e um meio de tirar os jovens das ruas.

“Dessa audiência, vamos dar um choque no nosso futebol amador e, com certeza, dar um choque no profissional. Todos os sábados e domingos, passamos pelos campeonatos e vemos que são pessoas guerreiras que fazem os campeonatos, sempre tirando recursos do bolso para proporcionar esse lazer”, disse o vereador Francisco Saci, que ainda trabalha na elaboração de um projeto de incentivo e valorização do futebol amador.

O líder comunitário e organizador de campeonatos na região das Moreninhas, Milton Emílio de Souza, foi contundente em suas críticas. Segundo ele, o apoio do poder público, antes escasso, hoje é praticamente nulo. Na Funesp (Fundação Municipal de Esportes), exemplifica, os organizadores não conseguem sequer uma bola para fomentar a prática esportiva nos bairros. O órgão não enviou nenhum representante para a audiência pública.

“Você sabe quanto custa uma bola de primeira? R$ 200. Um uniforme de ponta é R$ 2,4 mil. O futebol amador precisa de tudo isso. Por que o futebol profissional acabou? Porque o amador não existe. Não tem um poder público que dá incentivo”, disse, fazendo côro aos vereadores.

Já o presidente da Liga Campo-grandense de Futebol, Aristides Cordeiro, se colocou contra o poder público apoiar o futebol profissional. Segundo ele, muitos dos clubes da Capital sequer fomentam as categorias de case e, quando os torneios estaduais acabaram, ‘só ficam as dívidas’.

“Falam que gera emprego, fomenta e tudo, mas cobra 30 reais de ingresso. Onde está o social aí? Quando você pega o profissional, ainda mais hoje, quase nenhum investe nas categorias de base. O futebol profissional só vai ser forte quando o futebol amador for forte”, finalizou.

Comentários

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos com * são obrigatórios.