Santos (SP) - Conhecido no meio do futebol por recuperar astros como Romário e Ronaldo, o fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé, trabalhou durante sete meses deste ano na reabilitação de outro ídolo do esporte brasileiro, mas em uma modalidade de bola menor: Gustavo Kuerten. De março a setembro, Filé participou da recuperação de Guga da cirurgia no quadril.
O fisioterapeuta já não trabalha mais com o tenista desde que foi contratado pelo Santos, em outubro, mas mesmo assim acredita na volta de Guga à elite do esporte mundial. Calvário sem fim
"Ele está legal. Se derem continuidade ao trabalho, ele joga tranqüilamente, e bem, esses próximos três ou quatro anos. Jogar bem para voltar ao topo, ao top dez", aposta Filé, que já indicou ao jogador outro fisioterapeuta para dar continuidade ao seu trabalho. Apesar do otimismo, a expectativa de Filé não encontra respaldo no histórico do tenista, já que o catarinense não figura entre os dez primeiros desde 27 de maio de 2002 (veja cronologia ao lado).
Quando ingressou na recuperação do catarinense, Filé explicou que o trabalho seria ainda mais difícil do que o realizado com o atacante Ronaldo (contundido na rótula do joelho direito), que deu projeção mundial ao fisioterapeuta às vésperas da Copa do Mundo de 2002.
"Foi mais difícil o Guga. O quadril é uma articulação muito complexa porque ele é a base de tudo que está para cima e de tudo para baixo também. Nada funcionada para baixo se o quadril não estiver bem, e nada para cima se também não estiver bem. E o tenista é tudo para cima e para baixo, porque usa pernas e braços. Usa troco e cabeça. É um esporte muito complexo, muito próximo da perfeição", explica.
O último passo da recuperação do tenista acompanhado pelo fisioterapeuta foi a participação na Copa Davis, no final de setembro, quando o catarinense disputou uma partida em duplas, ao lado de André Sá. Apesar da derrota da parceria brasileira para o conjunto da Suécia, Filé teve motivos para comemorar a volta às quadras de Kuerten depois de sete meses sem disputar uma partida oficial.
"Nesses dois anos e meio ele voltou a jogar e até ganhou torneio, mas nunca com essa coisa de 'zero de dor'. Na nossa conversa (no início), ele disse que nunca havia jogado sem dor. E ele jogou a Davis 'zero de dor'. É até bom ver com o Larri (Passos, técnico) sobre isso, mas acho que há uns três anos e meio que o Guga não treina como hoje. Ele treina para voltar a ser o número um, coisa de quatro ou cinco horas por dia.", comemora.
Diante do que viu durante o período de recuperação do tenista, Filé assegura que Guga está sem qualquer limitação nos movimentos em conseqüência da cirurgia no quadril. "Ele hoje não tem limitação, é zero", afirma. Um discurso bem diferente do visto pelos amantes do esporte nos últimos cinco anos, que se acostumaram com o catarinense sem rotação total do quadril nos seus movimentos.
O próximo compromisso profissional de Gustavo Kuerten está agendado para o dia 25 de novembro, quando enfrentará o equatoriano Nicolás Lapenti em uma partida-exibição, na cidade de Itaparica (BA). O fisioterapeuta acredita que resta apenas recuperar o condicionamento ideal para o tenista voltar a mostrar sua capacidade máxima com a raquete nas mãos. "Até aquele momento em que acompanhei ele (na Davis), era a parte física mesmo", concluiu.