São Paulo (SP) - Desde que assumiu a presidência da Confederação Brasileira de Tênis, Jorge Lacerda Rosa carrega a bandeira de uma mudança na Copa Davis brasileira. Se sua própria chegada ao cargo já representou uma mudança, com o fim do boicote dos melhores tenistas do Brasil à competição, agora, com a nomeação de Francisco Costa como capitão, os atletas emergentes do esporte pedem uma renovação mais profunda.
"A Davis está com uma cara nova, mas vamos ver se realmente mudam as coisas. A gente está lutando pelo nosso espaço\", diz Thiago Alves, que chegou a treinar com o grupo da Davis em Belo Horizonte no ano passado, mas não jogou. \"Para mim e para essa molecada que está vindo, acho que vai abrir mais espaço", crê.
Lacerda diz que a mudança é profunda. "A nossa idéia é mudar a mentalidade do tênis brasileiro. Se a gente estivesse numa posição boa, poderíamos continuar como era, mas não estamos. Não aproveitamos o boom do Guga, então temos que trabalhar a renovação".
Rogério Silva, outro potencial tenista para defender o Brasil na Copa Davis, acredita que sua hora já está próxima. "Eu acho que tenho bastante chance (de ser chamado). Eu tenho que continuar fazendo o meu trabalho, jogando duro nos torneios, tentando somar pontos, e isso vai ser consequência" opina. "Uma hora, não vai ter como não me chamar se eu estiver bem".
Veteranos na briga - Entretanto, os jogadores mais experientes não abrem mão de defender o país na Davis. Gustavo Kuerten e Flávio Saretta, principais atletas dos últimos anos, reafirmaram seu desejo de disputar o torneio.
"Espero estar pronto para a Davis em abril", revela Guga, admitindo que, todavia, a sua condição física pode atrapalhar. "Mas para jogar cinco sets tem que estar bem preparado. Só que mesmo que seja para jogar a dupla, sempre tenho vontade de disputar a Davis".
Saretta faz discurso parecido. "Sem dúvida nenhuma, a Copa Davis vai ser sempre uma prioridade para mim, todo ano, porque é onde eu tenho o maior prazer do mundo em jogar", sentencia Flávio Saretta, que lembra com carinho de sua vitória heróica em cinco sets sobre Andreas Vinciguerra, da Suécia, em setembro passado. "Tomara que nessa Copa Davis que está chegando, eu possa ser convocado e possa defender o Brasil".
Saretta também descarta as especulações de problemas de relacionamento com a nova comissão técnica, e que isso pudesse supostamente atrapalhar. "É difícil você falar \'não quero jogar porque mudou isso ou aquilo, estão pensando nisso ou naquilo\', isso não passa na minha cabeça, tenho a maior vontade de jogar a Davis e sempre vou ter".
Lacerda insiste que problemas pessoais não serão admitidos na equipe. "A gente escutou os jogadores antes de nomear a comissão no sentido de saber o que eles gostariam. Agora, se houver algum problema particular entre a, b, c ou d, é particular, não vai interferir".
Fim de ciclo? - Lacerda indica que a própria nomeação de Costa para capitanear o time brasileiro representa o final de um ciclo de atletas. "Esse ciclo se fechou lá na Suécia (em setembro). É um momento da renovação", sentencia o presidente. "Até para selar o ciclo desse time, que teve um papel importantíssimo com o boicote e essa volta".
Alves admite que, com a saída de Meligeni, suas chances crescem. "Eu gostava bastante do Meligeni também, mas acho que as pessoas que entraram têm uma mentalidade diferente. O Meligeni tinha muito alguns caras na cabeça, como o Saretta e o Mello", diz.